Três anos. Esse foi o tempo suficiente para que o então estudante maranhense Frederick Brandão registrasse todos os bastidores da gravação do filme “Pedra, peixe, rio (Itamatatiua)”, do cineasta e antropólogo basco Iban Ayesta, em livro, que será lançado hoje, a partir das 19h, no Cine Praia Grande. “O encontro do adeus” é o nome da publicação que também recolhe a narrativa “Câmara Quimera”, de Ayesta, além da “Carta de Lope de Aguirre ao rei Felipe de Espanha”, escrita em 1561. Aguirre é personagem central na cosmogonia que se forma em Itamatatiua, comunidade quilombola próxima a Alcântara, interior do Maranhão.

Na oportunidade, será exibido o filme “Pedra, peixe, rio (Itamatatiua)”, além de debate com Frederick Brandão, Iban Ayesta e o cientista social Flávio Reis.

Publicado pela Pitomba! Livros & Discos, com 132 páginas e tamanho 14x21 cm, o livro foi impresso em azul reycom com capa do artista plástico Odyr Bernardi, fotografias de Fernando Martinho, Valdenira Barros e Edgar Rocha.

“O encontro do adeus” + “Câmera Quimera” são as visões de Brandão e Ayesta, respectivamente, sobre um mesmo tema. “São narrativas distintas. Duas pessoas que contam a mesma experiência, mas sem referir-se um ao outro”, contou Bruno Azevêdo, editor da Pitomba! Livros & Discos.

A orelha do livro é assinada pela cineasta Ana Rieper, que o define como “a potência da busca de si no outro, do esforço de construir um sentido para a vida do antropólogo e documentarista no olhar e na fala do outro. Busca que deposita no encontro etnográfico o horror e a magia da vida, na tentativa de desvendar o abismo e a ponte que existem entre os seres humanos que vivem em contextos culturais diferentes.”

Para Frederick Brandão, o livro é uma celebração de mundos diferentes. “O livro se chama o Encontro do Adeus porque é a celebração do encontro entre diferentes mundos, diferentes culturas, da comunidade quilombola, a grande cidade e um outro país; entre o saber científico, universitário, e as formas culturais e saber popular de uma comunidade”, define.

A pesquisa foi elaborada no período de três anos. “Foram três anos trabalhando com a produção e fazendo a captação de som do filme, enquanto tomava anotações sobre a vida da comunidade e seus costumes para o meu projeto de conclusão do curso.

Narrativas - Frederick Brandão, 35, é cientista social e natural de Codó/MA. Em 77 páginas, ela conta em uma narrativa mista de diário de campo, romance e roteiro de documentário o trabalho de conclusão de curso que apresentou em 2006 para graduar-se em Ciências Sociais, na Universidade Federal do Maranhão.

Iban Ayesta, 41, nasceu no país Basco. Artista iconoclasta, cursou antropologia, filosofia, arte e cinema nas universidades de Reno, Lueneburg, Londres, Oslo e Berlin. Em 25 páginas, em língua espanhola, ela retoma a sua experiência de quase uma década contando uma versão tanto do olhar do cineasta quanto do antropólogo.

O filme "Pedra, peixe, rio" é intimista e fala sobre a perda da infância e estranhamento, utilizando uma mistura de estilos: a observação, a reconstrução ficcional e a ficção onírica. Localizado em uma comunidade quilombola chamada Itamatatiua, o filme segue a vida de Arika, uma criança em um orfanato, sua madrasta Eloisa e cineasta Iban, durante um período de três anos.

Serviço

O quê

Lançamento do livro “O encontro do adeus”, de Frederick Brandão e Iban Ayesta

Quando

Hoje, a partir das 19h

Onde

Cine Praia Grande

Preço

R$ 25,00

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