Queimadas no Maranhão

Incêndios provocam insegurança a motoristas em trechos da BR-316

Escassez de chuva aliada ao sol forte, baixa umidade do ar, queimadas para a agricultura e vento geram situação caótica nas estradas do Maranhão

Anele de Paula, O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h55
Foco de incêndio em mata próximo a Santa Inês, se estendendo do povoado Estaca Zero para a cidade antes da sede do posto da Policia Rodoviária Federal, está quase consumindo placa de sinalização
Foco de incêndio em mata próximo a Santa Inês, se estendendo do povoado Estaca Zero para a cidade antes da sede do posto da Policia Rodoviária Federal, está quase consumindo placa de sinalização (Foco)

Caxias - Trafegar na BR-316, no perímetro urbano ou não, é um risco à segurança de centenas de motoristas. Com o calor e a falta das chuvas, a vegetação fica seca e qualquer descuido dá início a um novo foco de incêndio.

Alguns deles são causados por acidente e/ou pedaço de vidros aquecidos. O vento ajuda a propagar o fogo. Em outros casos, são as pontas de cigarro jogadas por quem trafega em veículos que põem em risco a vegetação e até mesmo o trânsito na rodovia.

O caminhoneiro Reginaldo Holanda, do estado do Espírito Santo, conta que queimadas nesta época do ano são fáceis de serem encontradas, não só na BR-316. Para ele, o incômodo é grande e ainda há os riscos de acidente.

"A fumaça incomoda e às vezes até prejudica a nossa visão. Quando chega a noite, o cuidado é redobrado. Para os animais, é mais complicado ainda, porque, sem ter para onde correr, eles entram na pista, e a gente acaba atropelando os bichinhos sem querer", declara o caminhoneiro.

Seis municípios do Maranhão estão entre os que mais registraram focos de incêndios em todo o país, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Somente nos primeiros seis dias deste mês, foram registrados 859 focos no estado. No início deste mês, a maior quantidade de focos foi registrada em Grajaú (105 focos), o maior índice de todo o Brasil para o período. Mirador, Jenipapo dos Vieiras e Barra do Corda também registraram.

As queimadas e os incêndios florestais estão entre os principais problemas ambientais enfrentados no Brasil. As emissões resultantes da queima de biomassa vegetal colocam o país entre os principais responsáveis pelo aumento dos gases de efeito estufa no planeta.

Além de contribuir com o aquecimento global e as mudanças climáticas, as queimadas e incêndios florestais poluem a atmosfera, causam prejuízos econômicos e sociais e aceleram os processos de desertificação, desflorestamento e de perda da biodiversidade.

Bombeiros - O comando do Corpo de Bombeiros já está alerta e avisa que monitora os focos de incêndio que são detectados em Caxias. "O aumento da temperatura e o tempo seco fazem com que os incêndios naturais sejam recorrentes. A corporação está trabalhando para conter os focos", explica o tenente Malheiros, do Corpo de Bombeiros.

A maioria dos casos de foco de incêndio ainda é relacionada à imperícia, imprudência ou negligência. "Há muitos casos em que a própria população é a responsável. Por isso, o Corpo de Bombeiros alerta para alguns cuidados: não realizar queimadas sem orientação; queimar roça somente no fim da tarde; não jogar lixo em local com vegetação e nem baganas de cigarro em local com mato seco", afirma o tenente.

Às margens da estrada, a consequências dos pequenos focos: pedaços de árvores queimadas e animais mortos. Com o período da estiagem, a umidade relativa do ar diminui e há aumento da temperatura.

Ações - Os fiscais do Departamento Municipal de Meio Ambiente explicam que, por qualquer descuido, um foco pode virar um incêndio. O tenente Malheiros alerta ainda que, além da ação humana, a combustão espontânea também pode ser causa de focos de incêndio. Nesse caso, matérias como vidro, plásticos, fezes de animais, entre outros, podem provocar o fogo devido ao superaquecimento.

Em 2014, o Maranhão foi um dos estados com maior número de queimadas do Nordeste, segundo dados do Inpe. Foram registrados mais de 25 mil casos, um número maior que em 2013. As cidades com maior número de focos foram Grajaú, Mirador e Balsas.

"O aumento da temperatura e o tempo seco fazem com que os incêndios naturais sejam recorrentes. A corporação está trabalhando para conter os focos"

Tenente Malheiros

Comandante do Corpo de Bombeiros de Caxias

Como evitar danos com queimadas

- Antes de realizar queimadas para limpeza de pasto ou formação de novas lavouras, procure orientações e comunique a iniciativa aos órgãos de meio ambiente e assistência técnica agrícola de seu município – prefeitura ou Ibama.

- Ao colocar fogo numa área, comunique o fato aos seus vizinhos.

- É fundamental fazer o aceiro para evitar que o fogo ultrapasse o limite determinado.

- É preciso ter na propriedade pessoas preparadas e orientadas para apagar o fogo e colaborar com os vizinhos.

- Imediatamente quando se deparar com um foco de incêndio, chame a atenção do proprietário e, com a sua força de trabalho e a dos demais trabalhadores, faça um mutirão para acabar com o foco.

- Lembre-se de que o grande incêndio sempre começa pequeno.

Queimadas são comuns no estado

As queimadas alcançam todos os anos grandes dimensões no Maranhão. Em sua maioria, constituem-se em prática agrícola usual, utilizada para controle de pragas e limpeza de áreas para plantio.

À primeira vista, a queimada facilita a vida dos agricultores, trazendo benefícios em curto prazo. Entretanto, ao longo dos anos, essa prática provoca degradação físico-química e biológica do solo e traz prejuízos ao meio ambiente.

A queimada também afeta negativamente a biodiversidade e a dinâmica dos ecossistemas, aumenta o processo de erosão do solo, deteriora a qualidade do ar (poluição) e provoca danos ao patrimônio público e privado (destruição de redes de eletricidade, cercas e acidentes rodoviários), prejudicando a sociedade como um todo.

Ações - Para sensibilizar os agricultores, não só o Corpo de Bombeiros desenvolve ações para coibir a queimada, mas também o Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo), que mobilizou para este ano 1.413 brigadistas para controlar as queimadas no país.

O órgão realiza campanhas educativas, capacitação de produtores rurais, treinamento de brigadistas, monitoramento do fogo e condução de pesquisas.
O Prevfogo é um centro especializado do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), que foi criado em 1989 e atua em todo o território nacional com ações de prevenção e combate a incêndios florestais.

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.