Incômodo

Diminuição de chuvas provoca forte odor na Lagoa da Jansen

Mortandade de plantas aquáticas, ocasionada pelo período escasso de chuvas gera o mau cheiro; situação deve persistir até novembro

Atualizada em 11/10/2022 às 12h55

O forte odor que exala da Lagoa da Jansen é uma das características que vem à mente assim que se fala nesse ponto turístico de São Luís. Nas últimas semanas, o cheiro tem incomodado mais as pessoas que residem, trabalham e praticam atividades físicas no entorno da lagoa. Segundo o cientista ambiental Márcio Vaz, o forte odor deve continuar até o mês de novembro por causa do período de seca.

A Lagoa da Jansen já foi alvo de várias ações de limpeza, tanto da iniciativa pública quanto privada. No entanto, o mau cheiro que exala do local ainda é um problema recorrente e que carece de solução. Com o fim do período chuvoso e a instalação do período seco, a população enfrenta mais uma vez o problema, que pode ser resolvido de forma fácil e com poucos custos.

Causa - Segundo Márcio Vaz, o problema na Lagoa se dá pela decomposição de material orgânico provocada por ação bacteriana que dá origem a um gás com cheiro de ovo podre: o gás sulfídrico (H2S). Também chamado de Sulfeto de Hidrogênio, o gás pode ter efeito perigoso no organismo, podendo afetar as mucosas respiratória e ocular e provocar fortes irritações.

De acordo com o cientista ambiental, muitas pessoas confundem o caso com a Lagoa Rodrigo de Freitas, na zona sul da cidade do Rio de Janeiro, mas a condição da Lagoa da Jansen é diferente. “Na cidade do Rio de Janeiro, a mortandade de peixes deixa moradores do bairro incomodados com o cheiro ruim exalado. Já em São Luís, a profundidade da lagoa é de cerca de 0,5m a 1m e não há falta de oxigênio”, disse.

"Na Lagoa da Jansen, temos o acúmulo de rúppia, uma planta aquática que forma camadas na margem da lagoa com a ação dos ventos. Essa planta é de água salobra e está presente em cerca de 80 hectares da lagoa. Quando para de chover, a salinidade da água aumenta e fica quase igual a do mar. Por isso, há a mortandade da planta e o acúmulo nas margens, causando mau cheiro. Isso vai de agosto a novembro", explicou Márcio Vaz.

Soluções - Ainda de acordo com o cientista ambiental, apesar do lançamento de esgoto in natura na lagoa e toda a poluição de agentes externos, é a presença dessa planta o principal fator para o mau cheiro que a Lagoa da Jansen exala. Se fosse por causa do esgoto, o odor seria presente durante todo o ano e não apenas entre agosto e novembro.

Para resolver o problema, adoção de uma solução de fácil execução e de baixos custos é o indicado: instalar barreiras flutuantes que impeçam a planta aquática de chegar à margem. Outra solução apontada por Márcio Vaz seria a dragagem da lagoa para dificultar a entrada de luminosidade e, consequentemente, a produção das plantas aquáticas do gênero rúppia.

A gestão da Área de Proteção Ambiental (APA) da Lagoa da Jansen é de responsabilidade da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Naturais (Sema), conforme Decreto Estadual n° 28.690, de 14 de novembro de 2012. O decreto promoveu a reclassificação do Parque Ecológico da Lagoa para a categoria de Unidade de Conservação de Uso Sustentável do tipo Área de Proteção Ambiental.

Com isso, o órgão estadual passou a gerir o espaço, que tem área total de 196,9 hectares, ficando responsável pela gestão, administração e fiscalização e promovendo as articulações intersetoriais necessárias para a gestão integrada, observadas as vocações do local.
O Estado entrou em contato com o Governo do Estado para obter informações sobre as ações realizadas na área da Lagoa da Jansen, mas não obteve resposta até o fechamento desta página.

Na Lagoa da Jansen, temos o acúmulo de rúppia, uma planta aquática que forma camadas na margem da lagoa com a ação dos ventos. Quando para de chover, a salinidade da água aumenta e fica quase igual a do mar. Por isso, há a mortandade da rúppia e o acúmulo nas margens, causando mau cheiro"Márcio Vaz, cientista ambiental

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