Revolta

Artistas protestam pela volta do Circo da Cidade

Espaço foi retirado do Anel Viário pela Prefeitura em setembro de 2012 e nunca foi remontado

- Atualizada em 11/10/2022 às 12h56
Artistas observam espaço que recebia instalações do Circo da Cidade
Artistas observam espaço que recebia instalações do Circo da Cidade (Protesto Circo da Cidade)

Artistas locais fizeram um manifesto no sábado para exigir a volta do Circo da Cidade. A estrutura, que foi desmontada para a instalação do VLT [Veículo Leve sobre Trilhos] há quase três anos, era um ponto de apresentações para os grupos da cidade e contava com atividades voltadas para o público infantil. O circo deveria ser removido para outro local, mas isso nunca aconteceu.

Em setembro de 2012, o Circo da Cidade foi desmontado para que se desse início às obras do VLT, mas a obra não se concretizou. Um dos resultados negativos que a obra trouxe foi a impedir a apresentação de artistas maranhenses, nacionais e internacionais naquele espaço. A promessa era de que a estrutura fosse montada no Espaço Cultural, ao lado da Praça Maria Aragão. Mas, assim como a promessa do VLT, a do circo também não foi cumprida.

Já se passaram anos desde então e artistas e produtores de evento vem cobrando da Prefeitura de São Luís uma solução para o problema. Mas, eles não obtiveram sucesso até agora. Ofícios já foram enviados e uma das últimas ações, um abraço coletivo ao Circo da Cidade, aconteceu no mês de maio. No sábado, um grupo de artistas voltou ao local onde o circo ficava para tocar seu som e chamar a atenção da sociedade e gestores públicos para o problema.

Demanda - Segundo Eduardo Monteiro, um dos organizadores da ação coletiva, a ideia foi florescer a música no local que já foi referência para muitos pelos eventos musicais. “Essa é uma demanda de todos os artistas de São Luís. Essa área, a gente considerava um templo da música, um lugar onde pessoas de vários estilos diferentes vinham e realizavam seus eventos, pessoas ligadas à musica autoral. Era nossa casa e de vários tipos de músico que se reuniam nesse local, que foi tirada por conta do VLT, um projeto eleitoreiro que não deu em nada”, lembrou.

Ainda de acordo com ele, foi feita uma promessa de que o Circo voltaria com suas atividades culturais já na gestão municipal atual. Mas também não se concretizou. “A lona foi montada e depois retirada novamente. Hoje, a casa onde ficavam os banheiros tem um pessoal dormindo. O palco está jogado como se tivessem jogado uma bomba aí”, disse Eduardo Monteiro.

Para o organizador, o descaso com a cultura é revoltante. “Essa é a forma como vem sendo tratada a cultura popular. Aqui tinha dança, arte. Quanto custa para reerguer o Circo? Será que são milhões? Acho que é a falta de vontade política. Pior: falta de interesse. A gente como músico, artista, deve se mobilizar. Já teve um abraço coletivo, já teve outros atos. Agora, vamos fazer essa ação permanentemente. Toda semana vai ter alguma coisa para não deixar passar. Já esperamos demais”, afirmou.

Saiba mais

Além de impedir a apresentação de artistas no Circo da Cidade, a obra de implantação do VLT custou muito aos cofres públicos. Comprado por R$ 7 milhões em setembro de 2012 pela Prefeitura de São Luís, hoje o veículo está em um galpão da Transnordestina Logística S. A. localizado no Tirirical.

Com a promessa de melhorar a mobilidade urbana na capital maranhense, a compra foi realizada às vésperas das eleições municipais pelo ex-prefeito João Castelo (PSDB), que não se reelegeu. O VLT operaria interligando, inicialmente, os bairros do Anel Viário ao Bairro de Fátima, e que outras seis linhas seriam criadas posteriormente.

O atual prefeito Edivaldo Holanda Júnior (PTC) chegou a determinar a criação de comissões para avaliar projetos de mobilidade urbana que incluíssem a utilização do VLT. No entanto, o veículo foi desmontado da plataforma onde estava instalado e guardado em galpão, onde permanece sem utilidade para a população.

Uma única "viagem-teste" de tráfego foi realizada em um trecho de 800 metros, do ponto que segue do fundo do Terminal de Integração da Praia Grande, na Avenida Beira-Mar, até as proximidades do Mercado do Peixe - único ponto do projeto que chegou a ser construído e teve boa parte dos materiais saqueados.

O VLT tem dois vagões de 18 metros de extensão cada, com seis portas que abrem simultaneamente e capacidade para 358 pessoas (96 sentadas e 262 em pé). O veículo chega a atingir velocidade média de até 100 km/h.

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