Quito

Papa tenta amenizar tensão política antes de missa no Equador

Protestos antes de missa campal em Quito pediam saída do presidente; celebração teve quase 1 milhão de fiéis ontem

Atualizada em 11/10/2022 às 12h57

Equador - O papa Francisco tentou amenizar a tensão no Equador, em função dos protestos antes da missa campal ontem, em Quito, e na qual estará o presidente Rafael Correa, alvo de manifestações que exigem sua saída do poder.

O papa pediu o fim das diferenças antes do encontro com os fiéis no Parque Bicentenário, onde oficiará a última liturgia antes de partir para a Bolívia, hoje. Segundo o governo, cerca de 900.000 fiéis estão reunidos para acompanhar a missa campal.

"Vou dar a benção para este grande e nobre povo equatoriano; para que não haja diferenças (...), que não haja gente que se descarte. Que todos sejam irmãos, que se incluam todos e que não haja ninguém excluído desta grande nação", disse o Papa segunda-feira à noite em visita à catedral metropolitana. "Mais de cem mil pessoas passaram a noite no Bicentenário", informou Correa ontem em sua conta no Twitter.

O presidente acrescentou que, "neste momento, a afluência de público é impressionante. "Tudo pronto para a missa de Francisco em Quito! Milhares também vieram da Colômbia e Peru. Bem-vindos!".

Mensagem para famílias - Na segunda-feira, o papa reuniu cerca de 800.000 fiéis em Guayaquil (sudoeste), sob um sol implacável, e enviou-lhes uma mensagem centrada na família, nos desafios que enfrenta, e apresentadou uma igreja disposta a ajudar, em vez de culpar.

Em seu retorno a Quito, o papa se reuniu durante meia hora com o presidente Rafael Correa, mas o conteúdo do encontro não foi divulgado. O líder religioso convidou Correa no domingo a incentivar "o diálogo e a participação sem exclusões" após um mês de protestos contra e a favor do governo de esquerda.

O pontífice lembrou que no Evangelho é possível encontrar "as chaves" para "enfrentar os desafios atuais, valorizando as diferenças, fomentando o diálogo e a participação sem exclusões", disse. "Isso é o que nós precisamos: mais diálogo, mais compreensão, que não haja confronto.

O papa reuniu-se com Correa, que tem que abrir seu coração para promover mais entendimento, para ouvir a voz do povo", disse à AFP Francisco Estrada, de 45 anos, que aguardava a missa no Bicentenário. O papa retorna à América do Sul depois de visitar o Brasil em 2013, para um giro de oito dias que termina no domingo, no Paraguai.

O presidente equatoriano, um confesso admirador de Francisco e que se descreve como um "católico humanista de esquerda", enfrenta há alguns meses protestos frequentes que exigem sua saída do poder pela rejeição à políticas de corte socialista que, segundo o governo, pretendem redistribuir a riqueza através da cobrança de impostos aos mais ricos.

O partido do governo também se mobilizou para neutralizar uma alegada tentativa de golpe denunciada por Correa, no cargo desde 2007. Os protestos deixaram 15 policiais feridos e 37 detidos, segundo as autoridades. Apesar de nos últimos quatro dias não ter ocorrido novos protestos da oposição, os fiéis gritaram ao Papa: "Correa Fora, fora!".

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