Caiu mas está se levantando

Até as regiões do agronegócio sentiram a retração da economia, mas a safra de milho vai superar a do ano passado

George Vidor

Atualizada em 11/10/2022 às 12h57

Até as regiões do agronegócio sentiram a retração da economia, mas a safra de milho vai superar a do ano passado

Nem o agronegócio passou incólume pela retração da economia brasileira este ano. O Sudoeste de Goiás, uma das mais dinâmicas regiões do setor no Centro-Oeste (só em Rio Verde as fábricas da antiga Perdigão, atual BRF, empregam diretamente mais de dez mil pessoas), teve uma retração de 1% no primeiro trimestre, mas olha para frente com esperança, tanto que a "safrinha" de milho que está sendo colhida na verdade será uma "safrona", superando a de 2014. A notícia de que a futura concessionária se encarregará das obras de prolongamento da ferrovia Norte-Sul até Estrela D'Oeste, em São Paulo, deu novo ânimo à região. O Centro-Oeste contribuiu com superávit de US$ 20 bilhões na balança comercial do ano passado. Com o dólar batendo em R$ 3,20, pode-se esperar resultado ainda maior em 2015.

Sobre a Previdência

Não é fácil discutir a questão da Previdência distanciando-se do aspecto emocional. Todos têm uma expectativa que raramente se confirma. Nilton Molina, experiente segurador, conta uma história bem ilustrativa a respeito. Quando era vice-presidente da Associação Comercial de São Paulo, fez para seus pares uma palestra sobre a reforma então em curso, a pedido do ministro da Previdência da época. Ao fim da palestra, houve um alvoroço. A maioria dos presentes era de pequenos e médios empresários, muitos dos quais já aposentados. Provavelmente, poucos dependiam do benefício recebido do INSS. Mas, ao falar sobre isso, esbravejavam. Molina hoje se dedica à previdência complementar, na Mongeral. O futuro da oficial continua em risco, mas quase ninguém admite essa possibilidade, o que dificulta a discussão, especialmente por mexer nessas expectativas de direitos.

Aquém do que deveria ser

Brasil e Portugal têm fortes laços históricos, culturais e afetivos, sem a mesma correspondência nas áreas econômica, comercial e financeira. Depois que Portugal ingressou na União Europeia e na zona do euro, até que houve incremento nesse campo, com participação de companhias portuguesas em energia elétrica (EDP), petróleo (Galp) e telecomunicações (Portugal Telecom) no Brasil. O investimento que a Embraer fez em Évora é o mais relevante de uma empresa estrangeira em Portugal nos últimos anos. Mas as importações brasileiras continuam a ser de produtos da "saudade" (bacalhau, azeite, vinho, cortiça); e, daqui para lá, poucos itens se destacam. Parece ainda haver uma desconfiança mútua, talvez herança inconsciente dos tempos da colônia.

O maior operador logístico de Portugal (Grupo Rangel), habituado a remar contra a maré - no ano passado cresceu 15%, com o faturamento saindo de ¬ 130 milhões para ¬ 150 milhões -, resolveu se instalar no Brasil em 2013 e agora já é o maior transportador de vinhos portugueses para o Nordeste, por exemplo. A empresa é 100% familiar (o fundador do grupo era despachante aduaneiro) e atualmente é tocada por Nuno Rangel, executivo de 36 anos, que estudou dois anos na PUC do Rio e é casado com uma brasileira de Maceió - conheceram-se no Porto, onde ela estudou arquitetura e fica a sede da companhia. O Grupo Rangel é o maior usuário da área de carga da TAP. Começou a atuar no "ultramar" em Angola há oito anos. Depois foi para Moçambique e, mais recentemente, para Cabo Verde.

Mesmo tendo vivido no Brasil, Nuno ainda estranha as dificuldades na infraestrutura de transportes do país. Como é parceiro da americana FedEx na Europa, seus caminhões estão sempre viajando para outros países do continente, fazendo entregas em poucos dias. Aqui já é bem mais difícil.

Pela concorrência

Houve uma concentração no chamado mercado de medicina diagnóstica (usualmente chamados de laboratórios de exames) nos últimos anos e, por isso, em algumas fusões e incorporações, o Cade (órgão vinculado ao Ministério da Justiça, que zela pela defesa da concorrência) exigiu que as companhias resultantes desses processos se desfizessem de unidades. Assim surgiu a Lafe, que já é a segunda colocada no mercado do Rio. O empresário e médico João Renato Cortes da Silveira adquiriu 18 unidades do laboratório Sérgio Franco e 14 do Pro Echo, do qual havia sido fundador (vendera sua parte anos atrás para Edson Bueno, ex-controlador da Amil). Muitas unidades permanecem com os antigos nomes, mas a que será inaugurada em Ipanema já surgirá com a nova marca. A Lafe faz 500 mil exames por mês, e o próximo passo será a montagem de uma central de análises. Um dos desafios é o treinamento de pessoal. Para a coleta de sangue, por exemplo, o treinamento é feito em braços mecânicos.

oglobo.globo.com/ blogs/vidor

vidor@oglobo.com.br

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