Insegurança

Líderes religiosos revelam que violência amedronta comunidades em São Luís

Arcebispo lamenta forma como as pessoas estão vivendo na capital; padre diz que frequência das missas noturnas diminuiu, e a população evita sair às ruas

Atualizada em 11/10/2022 às 12h57
(belisário)

A situação de violência em São Luís motivou manifestações públicas de representantes religiosos. O arcebispo de São Luís, dom José Belisário da Silva, lamentou que a violência esteja chegando a patamares cada vez maiores. Já o padre Sérgio Henrique, da paróquia de Nossa Senhora da Conceição do Coroadinho, uma das duas que atende ao bairro Coroadinho, disse que a intranquilidade é a norma da localidade no momento. No dia 17 deste mês, mais de 50 famílias foram expulsas de suas casas por facções criminosas na Vila Natal, no Coroadinho.

"Após determinado horário, as pessoas não saem mais de casa. É como se fosse um toque de recolher, só que tomado pela própria população”Sérgio Henrique, pároco de Nossa Senhora da Conceição do Coroadinho
Ainda no dia 4 (Corpus Christi), quando realizou missa campal no Aterro do Bacanga, dom Belisário chamou a atenção para o clima de violência em São Luís este ano. “Hoje, temos nos preocupado com a forma como as pessoas têm levado sua vida e as condições que lhes são oferecidas no dia a dia. Uma das nossas maiores preocupações é a violência, que tem vitimado pessoas diariamente de diversas formas. São homicídios, a violência doméstica, de gênero, o racismo e outros tipos”, disse durante a celebração.

Ontem, ele disse por telefone a O Estado que a Igreja se preocupa com o fato de a sociedade ter chegado a um ponto de violência muito grande. “Em questões pontuais, por exemplo, o caso do Coroadinho, a população tem feito um grande esforço de apaziguamento, mas estou preocupado com o retrocesso da comunidade causado por esses grupos”, afirmou.

Paroquias - O bairro Coroadinho é atendido por duas paróquias: a de Nossa Senhora da Conceição do Coroadinho e a do Espírito Santo do Alto Timbira, área na qual fica a Vila Natal, onde mais de 50 famílias deixaram suas casas por medo da violência. O Estado tentou contato com o pároco, padre Hamilton, mas não obteve retorno. Já o padre Sérgio Henrique, pároco de Nossa Senhora da Conceição do Coroadinho, comentou a situação da região da sua paróquia. “A intranquilidade é a norma do momento”, afirmou.

Segundo o pároco, até a frequência das missas noturnas diminuiu porque as pessoas têm medo de andar nas ruas à noite. Até mesmo os festejos juninos do bairro foram prejudicados. “Antes, em cada canto tinha uma brincadeira, um grupo. Agora, a regra é o silêncio. Depois das 21h30, não tem mais movimento nas ruas”, afirmou.
O pároco informou ainda que, ao voltar de uma viagem e chegar a sua casa por volta das 3h40, ouviu tiros pelo bairro. Ele questionou ainda a eficácia do sistema de videomonitoramento, já que muitas ações ocorrem nas imediações das câmeras instaladas no bairro e não são coibidas ou frustradas. “A impressão que temos é que a presença da polícia no bairro não é ostensiva”, disse.

MAIS

Por causa das ações criminosas na área do Coroadinho, a Polícia Militar (PM), com apoio da Superintendência da Polícia Civil da Capital (SPCC), realizou a Operação Coroadinho em Paz, principalmente na Vila Natal, conhecida popularmente como Pocinha. Em sete dias de operação - de 14 a 20 deste mês -, cinco pessoas foram presas, conduzidas aos plantões da polícia, e quatro bandidos morreram em confronto com os militares.


A operação começou após os integrantes de facções criminosas terem instalado o terror na comunidade e matado o comerciante Geovane Pereira da Silva, o Garimpeiro, de 45 anos, além de expulsaram famílias inteiras de suas casas, agredir fisicamente os moradores e arrombar várias casas, localizadas ao longo da Avenida Natal e nas ruas transversais.

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