EUA

Suspeito de ataque a igreja em comunidade negra é preso nos EUA

Dylann Storm Roof, de 21 anos, foi detido em Shelby sob a acusações de ter matado 9 pessoas; ataque aconteceu em comunidade negra na Carolina do Sul; segundo a polícia, o atirador se sentou com os fiéis por cerca de uma hora antes de abrir fogo

Atualizada em 11/10/2022 às 12h57
(Suspeito Dylann Roof é visto em foto em seu perfil do Facebook)

Carolina do Sul - O suspeito de abrir fogo contra uma igreja em uma comunidade negra de Charleston, na Carolina do Sul (EUA), foi detido pela polícia em Shelby, informou ontem o chefe da polícia local. O FBI, a polícia federal americana, identificou o suposto atirador como Dylann Storm Roof, de 21 anos. Ele seria o responsável por atirar e matar nove pessoas. O presidente americano, Barack Obama, expressou pesar e disse que é preciso repensar a questão da violência com armas de fogo no país.

Segundo registros de cortes locais, Dylann havia sido fichado por um crime relacionado a drogas e outro de invasão de propriedade em março e abril deste ano. Ele vivia na região de Columbia, capital da Carolina do Sul.

Um tio do suspeito disse à agência de notícias Reuters que o reconheceu após a divulgação das fotos pela polícia e afirmou que o jovem ganhou uma pistola calibre .45 de presente em abril. "Quanto mais olho, mais me convenço de que é ele", disse Carson Cowles, de 56 anos.

Segundo a polícia, o atirador se sentou com os fiéis por cerca de uma hora antes de abrir fogo. O chefe de polícia Greg Mullen disse a repórteres que seis mulheres e três homens foram mortos na igreja Emanuel African Methodist Episcopal, na noite de quarta-feira (17), e que três pessoas sobreviveram ao ataque.

Segundo a agência Reuters, o suspeito Dylann Roof tem uma foto em seu perfil do Facebook em que aparece com uma jaqueta estampando a bandeira símbolo do regime do apartheid, que segregou negros e brancos na África do Sul.

Crime - O Departamento de Justiça americano disse que investiga o caso como crime de ódio, sugerindo que há motivações racistas por trás do ocorrido. Segundo a rede “NBC”, um senador democrata está entre as vítimas. O reverendo Al Sharpton, líder de direitos civis em Nova York, tuitou que o senador Clementa C. Pinckney morreu no ataque.

A afiliada da "CNN" na região disse que Elder James Johnson, presidente da organização de direitos civis National Action Network na região, confirmou a morte de Pinckney. O senador Kent Williams, também representante da Carolina do Sul, confirmou à "CNN" a morte de seu colega no Senado.

O jornal “The New York Times” informou que Pinckney é reverendo no templo e que sua morte foi confirmada pelo deputado J. Todd Rutherford. Segundo ele, a irmã de Pinckney também morreu. As informações ainda não foram confirmadas pelas autoridades.

O tiroteio ocorreu na Emanuel African Methodist Episcopal Church, uma das mais antigas da comunidade negra. Denmark Vesey, um dos fundadores do templo, liderou uma revolta de escravos fracassada em 1822. Após o ataque, uma ameaça de bomba chegou à polícia local, que isolou o quarteirão onde está localizada a igreja. O homem abriu fogo durante uma sessão de estudos bíblicos, muito frequentes nas igrejas do sul dos Estados Unidos, tanto durante a semana como aos domingos.

Imagens de emissoras de TV mostraram helicópteros sobrevoando a área, ambulâncias e muitos policiais. “Trata-se de uma tragédia desoladora nessa igreja histórica”, afirmou o prefeito Riley ao jornal local “The Post and Courier”.

"Ele (atirador) obviamente é extremamente perigoso", disse o chefe de polícia de Charleston, Gregory Mullen, antes da prisão do suspeito. Policiais e cães vasculharam a cidade à procura do atirador. A polícia chegou a pedir aos cidadãos para ligar para o 911 para denunciar suspeitos.

Vigília interrompida - Uma vigília que estava sendo realizada em homenagem às vítimas do ataque na tarde de ontem na cidade de Greenville, que também fica na Carolina do Sul, foi interrompida devido a uma ameaça de bomba recebida pela polícia local.

A vigília era realizada em um centro comunitário em frente à Allen Temple African Methodist Episcopal Church. Segundo o chefe da polícia de Greenville, um homem ligou fazendo a ameaça de bomba e a polícia decidiu retirar as pessoas do local por precaução. Policiais com detectores de bomba foram enviados ao local para vasculhar a igreja e o centro comunitário. As ruas da área foram bloqueadas para carros.

Segundo o Reverendo James Speed, citado pela Fox, as igrejas Metodistas Episcopal Africanas de todo o estado planejaram vigílias simultâneas pelas vítimas do ataque em Charleston.

Mais

Tensão racial - O crime representa um novo golpe para a comunidade afro-americana nos Estados Unidos, que nos últimos meses foi vítima de crimes aparentemente motivados por racismo, em particular homicídios cometidos por policiais brancos contra homens negros desarmados.

Este foi o caso de Ferguson em 2014 e o de Baltimore há algumas semanas, além de vários crimes similares ao cometido em Charleston que provocaram uma grande tensão racial no país.

Após o tiroteio em Charleston, a governadora da Carolina do Sul, Nikki Haley, fez um apelo aos moradores. "Minha família e eu oramos pelas vítimas e os parentes afetados pela tragédia sem sentido desta noite" na igreja, disse a governadora. "Enquanto ainda ignoramos os detalhes, sabemos que jamais entenderemos o que motiva uma pessoa a entrar em um dos nossos locais de oração e tirar a vida de outros."

Jeb Bush, pré-candidato republicano à Casa Branca nas eleições de 2016, que deve participar de um comício em Charlotte, na Carolina do Norte, escreveu no Twitter que "nossos pensamentos e orações estão com os indivíduos e famílias afetadas pelos trágicos fatos de Charleston."

A pré-candidata democrata Hillary Clinton, que participou na quarta-feira de um ato eleitoral na cidade, escreveu no Twitter: "Notícias terríveis de Charleston. Meus pensamentos e minhas orações estão com vocês".

Mike Huckabee, outro republicano que sonha com a candidatura à Casa Branca, também expressou pêsames.

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