Imortal

Turibio Santos na AML

Músico toma posse hoje da cadeira 28 na Academia Maranhense de Letras, às 19h; amanhã, ele apresenta concerto na sede da entidade

Carla Melo/ O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h57
O maranhense Turibio Santos é um músico conceituado internacionalmente
O maranhense Turibio Santos é um músico conceituado internacionalmente (Turibio Santos)

“O amor de José Chagas diante da beleza pura do som interior, nos convoca e nos une numa oração de gratidão aos Canhões do Silêncio”. É com este espírito de agradecimento à cidade de São Luís e de reverência ao seu antecessor na cadeira número 28 da Academia Maranhense de Letras (AML) - o poeta José Chagas - que o músico Turibio Santos chega a São Luís para tomar posse na Casa de Antonio Lobo. A solenidade está marcada para as 19h e a recepção do novo imortal caberá a Sebastião Moreira Duarte. Amanhã, às 19h30 ele realiza um concerto na AML.

Eleito ano passado para a Academia, Turibio Santos, é considerado pela crítica e pelos especialistas como um dos maiores violonistas clássicos da atualidade. “Fiquei muito comovido com o convite para que participasse da Academia Maranhense de Letras. Convivi com alguns imortais em momentos importantes de minha trajetória artística a exemplo de Josué Montello, que encontrei na França, eu fazendo um concerto e ele como adido cultural, bem como José Sarney, também em Paris, além de manter amigos naquela casa”, destaca Turibio Santos, que viveu na França de 1965 a 1974 e, mesmo nos 10 anos seguintes, quando voltou ao Brasil, muitas vezes foi tocar, gravar ou editar em Paris.

Com seu violão, o maranhense, natural de São Luís, percorreu o mundo várias vezes, desempenhando de forma brilhante seu ofício. E é sobre este ofício que ele dedica boa parte de sua autobiografia, lançada ano passado no Rio de Janeiro (cidade na qual está radicado desde a adolescência). Intitulado “Caminhos, encruzilhadas e mistérios...” (editora ArtViva)o livro traz relatos detalhados dos mais de 50 anos de carreira. “Pretendo fazer o lançamento do livro aqui em São Luís, com certeza, mas numa outra ocasião”, adianta.

A obra não só traça a impressionante trajetória de quem atuou em praticamente todos os palcos do mundo, mas também contém comentários que revelam muito do artista e do homem.

Radicado no Rio de Janeiro desde a adolescência, Turíbio Santos mantém estreita relação com São Luís, cidade que visita sempre. “Minha relação com a cidade é intensa. Quando criança todo ano vinha para São Luís para passar férias com meu pai, na Rua das Hortas”, relembra o músico.

Para ele, a cidade é muito musical. “Adoro ficar escutando o barulho da maré, podia fazer isso o dia todo. Tem algo em São Luís que não sei como explicar, mas é uma espécie de parentesco com o Caribe, o vento, a temperatura, a influência da cultura negra, a alegria de viver das pessoas e a falta de inverno. Isso é um campo festivo para a música, para a construção musical”, ressalta.

Turíbio Santos gravou 65 LPs para Erato-WEA (Paris), Chant du Monde (Paris), Kuarup, Visom e Ritornelo (Rio de Janeiro), e editou coleções de partituras pela Max-Eschig (Paris) e Ricordi (São Paulo), além de partituras de João Pernambuco, Garoto e Dilermano Reis.

Criou a Orquestra de Violões do Rio de Janeiro e seus discos “12 Estudos para Violão de Heitor Villa-Lobos” e “Choros do Brasil” são marcos da música brasileira na Europa. É membro-fundador do Consiel D’Entraide Musicale, da Unesco, foi diretor, por mais de uma década, do Museu Villa-Lobos. É membro da Academia Brasileira de Música.

Concerto – Parte desta produção musical poderá ser apreciada em um concerto que o músico prepara para apresentar amanhã, na sede da AML. Em companhia de seus confrades, o maranhense promete uma volta ao passado.

É que ele pretende relembrar músicas que tocou a primeira vez que se apresentou em São Luís, lá pelos idos de 1962. “Foi no Teatro Arthur Azevedo, que estava lotado. Eu tinha, na época, 19 anos e me lembro muito bem desse dia”, relata.

Os últimos lançamentos discográficos de Turibio foram, respectivamente, "Turibio Santos interpreta Agustin Barrios" na Delira discos,"Violão Sinfônico", com os concertos para violão e orquestra de Edino Krieger e Sergio Barboza dedicados a ele e o “Concerto de Villa-Lobos”,dedicado a Andres Segovia, e a "Introdução aos Choros", também de Heitor Villa-Lobos, todos sob a regência de Silvio Barbato. Essa gravação foi indicada para o Grammy Latino em 2008. Comemorando seus 65 anos, celebrados em 2008, Turibio lançou seu 65º CD, "Mistura Brasileira", com músicas de Villa-Lobos, Tom Jobim, Ricardo Santos e do próprio artista.

No repertório do concerto de amanhã não faltarão composições de Mozart, Bach, Villa-Lobos, bem como de autoria do músico, a exemplo da suíte “Teatro do Maranhão”, que ele compôs por ocasião da reinauguração do Teatro Arthur Azevedo, em 1995. “Na época, o diretor do teatro pediu que eu compusesse uma música para marcar a reinauguração e relembrarei esta composição no concerto de amanhã. Mas eu sou muito do momento, vai que na hora mudo tudo?”, questiona Turibio. Pode mudar Turibio, afinal você está em casa.

Serviço

O quê

Posse de Turibio Santos na AML e concerto musical

Quando

Respectivamente hoje, às 19h e amanhã, às 19h30

Onde

Academia Maranhense de Letras, Rua da Paz, Centro

Ingresso para o concerto

R$ 50,00, à venda na AML

Saiba Mais

- Turibio Santos dividiu o palco com grandes celebridades musicais, como Yehudi Menuhin, M. Rostropovitch, Victoria de Los Angeles, J. P. Rampal; e foi acompanhado por orquestras como a Royal Philharmonic Orchestra, English Chamber Orchestra, Orchestre National de France, Orchestre J. F. Paillard, Orchestre National de L'Opéra de Monte-Carlo, Concerts Pasdeloup, Concerts Colonne, Orquestra Sinfônica Brasileira, e outras.

- Tem intensa atividade junto aos músicos brasileiros. Em 1983, criou a Orquestra de Violões do Rio de Janeiro, com 25 de seus alunos da Uni-Rio e Universidade Federal do Rio de Janeiro. Em 1985, criou a Orquestra Brasileira de Violões.

- Em 1999, regravou a obra completa de Heitor Villa-Lobos para violão ao lado de compositores como Edino Krieger, Sérgio Barboza, Nicanor Teixeira, Chiquinha Gonzaga, E. Nazareth, para uma série de cinco CDs em comemoração aos 500 anos do Descobrimento do Brasil.

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.