Inclusão no trabalho

Deficientes encontram barreiras para obter trabalho em Caxias

Dificuldade das pessoas com deficiência para encontrar vaga no mercado é causada pelo preconceito e pela falta de informação; muitos empregadores desconhecem a lei de inclusão e/ou acreditam que a mão de obra é desqualificada

Atualizada em 11/10/2022 às 12h58
Cadeirante encontra barreiras como a falta de acessibilidade para se locomover em Caxias
Cadeirante encontra barreiras como a falta de acessibilidade para se locomover em Caxias (Cadeirante)

Caxias - As pessoas com deficiência física que residem no município de Caxias e que estão com idade para ingressar no mercado de trabalho ainda precisam vencer uma longa batalha antes que esta inclusão aconteça.

Para eles, conseguir uma vaga em qualquer setor é ainda mais complicado do que para uma pessoa considerada “normal”. As barreiras mais comuns ainda são o preconceito e a falta de informação.

É por causa disso que o jovem Edson de Sousa, 23, que tem deficiência nos pés e se locomove com dificuldade, ainda está fora do mercado formal de trabalho. Ele tem um problema físico na perna esquerda, que o obriga a se apoiar em uma muleta. “Completei os estudos secundários e, apesar da pouca limitação, não consegui ser absorvido em nenhum dos cargos para o qual concorri”, lamenta.

A alternativa que Sousa encontrou foi se transformar em vendedor de lanches. A profissão não é antiga. Ela só apareceu agora, quando ele resolveu dar uma “guinada” na sua forma de encarar a vida.

“Eu acredito que ninguém que tenha uma deficiência física vai dizer que é feliz o tempo inteiro, principalmente quando a gente procura uma oportunidade para trabalhar. Eu nunca tive a minha carteira assinada. Todas as vezes que busquei emprego em lojas e em empresas me olhavam ou com pena ou com a cara torta. É ruim demais, acabei desistindo porque esses donos de empresas daqui têm preconceito demais”, avaliou o vendedor.

Lei - Desde 1991, existe uma lei no Brasil que obriga as empresas com mais de 100 funcionários a contratarem pessoas portadoras de deficiência física. A lei prevê que uma determinada quantidade de vagas, que varia de 2% a 5% do número total de funcionários, deve ser reservada para pessoas deficientes.

Nas grandes empresas caxienses, a lei é cumprida pela metade. “O maior problema ainda é o preconceito que as pessoas têm em relação ao deficiente. É preciso entender que ele tem condições de exercer uma atividade, e mais, que tem interesse em tudo aquilo que também interessa às outras pessoas. Basta permitir que ele faça o que sabe e o que pode fazer”, ressaltou o presidente do Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência, Alberto Gonçalves.

Para o representante dos deficientes, conforme a lei os trabalhadores com algum tipo de deficiência devem ter os mesmos direitos que um profissional normal, assim como as mesmas obrigações. Para Alberto Gonçalves, criar novos setores exclusivos para atender o deficiente não é lucrativo para nenhuma das partes. Ele enfatizou que as empresas podem adaptar seus espaços e postos para atender esse profissional que ainda está fora do mercado por puro preconceito dos empregadores.

História - A Lei nº 8.213/1991 que obriga as empresas com cem ou mais empregados a preencher de 2% a 5% dos seus cargos com portadores de deficiência completará 24 anos no dia 24 de julho. Porém, não há o que comemorar nesse aniversário, afinal muitos empresários continuam encontrando sérias dificuldades para o preenchimento dessas cotas.

Segundo as informações do último Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), existem, no Brasil, aproximadamente 24,5 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência, que representa um universo de 14,5% da população. Desses, 60% são analfabetos.

Esse é outro entrave, um desacordo entre a quantidade de vagas ofertadas no mercado pelas empresas, por imposição legal, e a falta de trabalhadores deficientes capacitados para preenchê-las.

“É preciso entender que o deficiente tem condições de exercer uma atividade, e mais, que tem interesse em tudo aquilo que também interessa às outras pessoas. Basta permitir que ele faça o que sabe e o que pode fazer”

Alberto Gonçalves

Presidente do Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência

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