Transporte Público

Ministério Público entrará com nova ação pedindo intervenção na SMTT

Com base em decisão proferida pelo STF em caso semelhante ao de São Luís, promotora acredita que decisão seja cumprida

Atualizada em 11/10/2022 às 12h58
(Litia Cavalvanti)

O Ministério Público do Maranhão (MP), por meio da Promotoria de Defesa do Consumidor, entrará com uma nova ação para movimentar o processo que trata da licitação do Sistema de Transporte Público de São Luís. Após o Tribunal de Justiça do Maranhão (TJMA) ter suspendido a decisão que determinava intervenção na Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes (SMTT), especificamente para conduzir o processo de licitação das concessões de linhas de transportes urbanos da capital, o MP encontrou agora, em uma decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal (STF), a jurisprudência necessária para que a decisão seja cumprida.

Segundo a promotora do Consumidor, Lítia Cavalcanti, recentemente o STF julgou um caso semelhante à liminar expedida pela 4ª Vara da Fazenda Pública de São Luís, que determinava a intervenção na SMTT e que acabou sendo suspensa pelo TJMA. A contra- argumentação utilizada pela Procuradoria Geral do Município (PGM) era a de que a intervenção em órgão da administração pública local representava violação ao princípio de separação dos Poderes, a partir da ingerência judicial na Prefeitura de São Luís.

"Recentemente, o STF decidiu, em um caso semelhante ao nosso, julgando procedente a intervenção em casos de não cumprimento de ordem judicial. Se o STF bateu o martelo, então abriu a jurisprudência. O TJMA teve um entendimento de que não caberia a determinação de um interventor quando entramos com a ação, mas agora o que importa para o MP é que há uma decisão do Supremo que contradiz isso e que cabe sim intervenção em casos de não cumprimento de decisão judicial", destacou.

Ainda de acordo com a promotora, a partir da decisão do STF, o próximo passo a ser tomado pelo MP será entrar com uma nova ação contra a Prefeitura de São Luís, desta vez por crime de desobediência, improbidade e intervenção do Estado no Município, para que seja cumprida a decisão. "Tem uma decisão e tem o Poder Judiciário que tem de ser respeitado. A Prefeitura está sendo indiferente a uma ordem judicial transitado em julgado. Na época, a intervenção solicitada era somente para fazer a licitação, mas agora é um caso mais grave. A Justiça deverá jogar para o Estado fazer a intervenção na SMTT, para que seja cumprida a ordem judicial", assinalou.

Erros - A promotora do Consumidor também criticou o Projeto de Lei 076/2015, que versa sobre a licitação do transporte público e foi retirado da pauta de votação da Câmara Municipal, após ter sido constatada uma série de irregularidades em alguns dos artigos. Segundo a promotora, não houve cuidado da Prefeitura de São Luís na elaboração do projeto. "Existem erros grotescos na mensagem encaminhada pela Prefeitura, o que me parece mais uma vez que foi algo feito às pressas", frisou.

Dentre as irregularidades, está a revogação da Lei 3430, de 31 de janeiro de 1996, que dispõe sobre o serviço público de transporte coletivo urbano de São Luís, com a redução da gratuidade e a restrição de inúmeros direitos conquistados. "O que temos é uma decisão descumprida em aberto, uma mensagem enviada à Câmara eivada de erros e um aspecto social da situação, que está ficando muito grave. Nós estamos fazendo o que podemos em termos jurídicos para melhorar a vida do consumidor que utiliza o sistema de transporte público", completou Lítia Cavalcanti.

O que temos é uma decisão descumprida em aberto, uma mensagem enviada à Câmara eivada de erros e um aspecto social da situação, que está ficando muito grave"Lítia Cavalcanti, promotora do Consumidor
TCE vai ter de explicar contratação sem licitação

No dia 20 de maio, o Ministério Público enviou um ofício ao Tribunal de Contas do Estado (TCE) solicitando respostas sobre o critério utilizado para a contratação da empresa Dataprom, responsável pelo Sistema de Bilhetagem Eletrônica de São Luís.

Após quase um mês, e sem ter obtido nenhuma resposta ao pedido, a Promotoria do Consumidor reiterou na segunda-feira, dia 8, o pedido de esclarecimentos solicitados. "Houve uma contratação da Dataprom. Mandamos ofício ao TCE. Ele está carimbado e foi recebido pelo presidente. Perguntamos quais critérios utilizados para a contratação da Dataprom, pois não houve licitação", afirmou Lítia Cavalcanti.

De acordo com a promotora, há uma decisão judicial que diz que a implantação do sistema de bilhetagem também deve ser feito por meio de licitação. "Como contratam a empresa se não houve licitação? A Prefeitura continua descumprindo a decisão judicial. Isso é muito grave, pois abre precedentes para outros casos", assegurou.

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