Despreparo ou má-fé?

O episódio envolvendo o Projeto de Lei que trata do gerenciamento do transporte da capital deixou uma dúvida: ou houve despreparo ao apresentar projeto com erro grave de redação, ou a tentativa clara de emplacar uma proposta prejudicial aos estudantes.

Editoria de Política

Atualizada em 11/10/2022 às 12h58

O episódio envolvendo o Projeto de Lei que trata do gerenciamento do trânsito em São Luís expôs, negativamente, mais uma vez, o prefeito Edivaldo Holanda Júnior (PTC).

E deixou uma dúvida no ar: a equipe do prefeito é assim tão despreparada que foi capaz de encaminhar proposta à Câmara sem atentar para um erro gravíssimo como o corte no benefício da meia passagem a alunos da rede particular? Ou a Prefeitura tentou emplacar um projeto sabidamente prejudicial a uma classe tão forte quanto a dos estudantes?

O próprio Edivaldo Júnior admitiu o erro no projeto. Mas se houve um erro, há culpados. E quem são? O prefeito precisa tomar providências contra os autores da patacoada, até para preservar a própria imagem, já um tanto desgastada.

Mas há outras questões graves no projeto dos Transportes, levantadas por O Estado na edição de ontem. Entre elas, a mais grave, que pode ser o foco de uma fraude no protocolo da Câmara Municipal. Afinal, como pode um projeto ter dois protocolos, sobretudo um projeto com tanta problemática?

Não fosse o vereador Fábio Câmara, único a se posicionar efetivamente na oposição ao prefeito Edivaldo Júnior nos quase três anos de mandato, a Câmara teria aprovado o projeto ainda na semana passada, do jeito que foi encaminhado à Casa. E naquela oportunidade, Câmara já havia alertado para os riscos, as fraudes e os erros da proposta. Tanto que a votação foi adiada.

Mas Edvaldo Júnior só resolveu reconhecer o erro – o que deve resultar na retirada do projeto da pauta da Câmara – após a matéria de O Estado. Mas vai ficar a dúvida: e se a reportagem do jornalista Ronaldo Rocha não tivesse sido publicada?

Do SET

O Projeto de Lei do trânsito foi articulado pelo Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo de São Luís.

E há anos o SET demonstra antipatia pelas gratuidades às várias categorias, incluindo a dos estudantes.

O estranho é que o secretário da pasta, Canindé Barros, tenha deixado que as propostas do sindicato fossem encaminhadas à Câmara.

Erro

Ao assumir o erro em um dos artigos do projeto de transportes, o prefeito Edivaldo Júnior tentou evitar desgastes.

Mas isso poderia ter sido corrigido ainda na quinta-feira, quando o seu líder na Câmara, vereador Osmar Filho (PSB), de tudo fez para aprovar o projeto.

Fica parecendo que a Prefeitura sabia de tudo e queria aprovar a proposta de uma forma ou de outra.

Imprensa

O recuo do prefeito Edivaldo Júnior em relação à proposta de retirar dos estudantes da rede privada o benefício da meia passagem mostra a importância do jornalismo sério e independente.

Não fosse a denúncia abordada por O Estado é provável que o prefeito sequer se manifestasse sobre o tema e deixasse a polêmica sob os ombros dos vereadores.

A repercussão foi tão imediata que Edivaldo se encontrou sem saída e justificou que o que houve foi uma falha na redação.

Deve explicações

Tudo bem que Edivaldo alegou ter sido apenas falha na redação, mas acaba sendo difícil acreditar em tal argumento.

A questão do benefício tarifário é abordado em pelo menos dois momentos no capítulo V do Projeto de Lei da licitação do transporte público.

E nos dois momentos trata do tema exatamente da mesma forma, ou seja, excluindo o benefício ao estudante da rede particular de ensino. Haja equívoco.

Na cola

Caso haja quórum na sessão de hoje na Câmara, a vereadora Rose Sales (PP) deve manifestar-se de forma contundente contra o Projeto de Lei apresentado por Edivaldo.

Na quarta-feira da semana passada, quando a votação do mesmo projeto foi adiada, a parlamentar já havia questionado o pedido de “urgência” do prefeito para a apreciação.

E agora, diante das graves denúncias de possibilidade de fraude no documento, e das brechas que podem resultar na atuação de “laranjas” numa eventual licitação, ela se manifestará.

Estranho

Desde novembro do ano passado, quando apresentou o projeto de licitação do serviço de transporte público, Edivaldo enfrenta denúncias em relação ao texto encaminhado para a Câmara.

Primeiro foi a movimentação que poderia resultar na transferência do setor ao Governo do Estado. Agora denúncia de fraude e de corte de um benefício conquistado por estudantes.

E em meio a tudo isso, a pergunta que fica no ar é a seguinte: a quem de fato Edivaldo quer beneficiar com o projeto?

Prende e condena

O governador Flávio Dino (PCdoB) fez em seu perfil no twitter uma declaração curiosa em relação à violência no estado.

Afirmou que “mais de mil criminosos foram presos em 2015 no Maranhão, segundo o comando-geral da PM”.

Ou seja, o Governo prende suspeitos e já os julga criminosos de uma só vez. Perigoso isso, não?

Delírio

Outra questão deve ser analisada neste release do governo, sobre “mais de mil criminosos” presos este ano.

Ora, se o próprio governo diz que as penitenciárias estão lotadas, para onde foram levados estes ”mil criminosos”?

O release tem sinais de tratar-se de mais um dos delírios da equipe do governador para tentar reverter o desgaste na segurança.

Discurso x ação

Flávio Dino centrou a sua campanha política em 2014 no tema da violência pública.

Fez um estardalhaço nas redes sociais, em palanques e na propaganda política na TV. Condenou os adversários como responsáveis por índices de violência e prometeu acabar com a criminalidade no estado.

Mas ao chegar no governo, nomeou para o posto de secretário um correligionário do PCdoB, não criou a tal política de segurança prometida na campanha e acabou engolido pela própria incompetência.

Avaliação

Em meio às dúvidas que rondam o PMDB, muitas são os questionamentos de alguns de seus principais membros em relação a 2016.

Um deles, vereador Fábio Câmara, que tem realizado com êxito o seu mandato no Legislativo Municipal, evita tratar do tema, mas já pensa num caminho alternativo.

Ele percebe que pode acabar sem espaços na legenda em 2016. Por isso, não descarta a ida para outra sigla.

E Mais

O secretário Canindé Barros saiu chamuscado do episódio envolvendo o projeto do transporte, cheio de suspeitas de irregularidades apontadas pelo vereador Fábio Câmara.

O governador Flávio Dino e seu grupo ainda não conseguiram emplacar nenhum cargo federal no Maranhão.

Tudo indica que o ex-deputado Arnaldo Melo assumirá uma das diretorias da Funasa, em Brasília.

Uma disputa intensa entre o deputado federal Zé Carlos, o estadual Zé Inácio, e o presidente do PT, Raimundo Monteiro, impede a nomeação do novo superintendente do Incra.

O governo Flávio Dino parece ter obsessão com o número 1.000; são mil policiais, mil criminosos presos, mil isso, mil aquilo...

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