Videomonitoramento

Falta de imagens de assalto em ônibus dificulta investigações

Câmera de coletivo em que passageiro matou um assaltante e uma passageira não estava funcionando no dia do crime; SET frisa que monitoramento em coletivos tem objetivo principal de acompanhar trabalho de motoristas e cobradores

Andressa Valadares

Atualizada em 11/10/2022 às 12h58
Câmera instalada no interior de ônibus serve para acompanhar o trabalho de motoristas e cobradores - Biné Morais
Câmera instalada no interior de ônibus serve para acompanhar o trabalho de motoristas e cobradores - Biné Morais (Câmera)

O não funcionamento ou a ausência de câmeras de videomonitoramento instaladas dentro dos ônibus de São Luís tem dificultado o trabalho da polícia na elucidação de crimes, principalmente no que diz respeito à identificação de suspeitos de praticarem assaltos na cidade. Segundo o Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros de São Luís (SET), pelo menos 90% da frota de coletivos da capital maranhense possui câmeras, mas sua principal finalidade não é coibir a ação de assaltantes, e sim monitorar o trabalho de motoristas e cobradores.

No fim da tarde de quarta-feira, dia 3, um coletivo que fazia a linha Cohatrac/São Francisco foi alvo de um assaltante de 16 anos. Ao anunciar o assalto, houve reação de um passageiro, que efetuou dois disparos. Um dos tiros vitimou a jovem Alexandrina Alves Rodrigues - que retornava para a sua residência após cumprir horas de estágio de seu curso de Enfermagem no Hospital Socorrão I. O segundo tiro atingiu o assaltante, que morreu no local.

O que poderia auxiliar a polícia na identificação do autor dos disparos seriam as câmeras de monitoramento instaladas no coletivo, que, segundo o SET, estavam quebradas. Conforme o delegado-geral da Polícia Civil, Augusto Barros, a ausência ou inoperância desse sistema de segurança dificulta o trabalho de investigação e elucidação de crimes, principalmente nos casos de assaltos a coletivos.

"Quando as câmeras não estão funcionando, atrapalha o trabalho da polícia, pois em todo local fechado em que ocorrem crimes o sistema de circuito fechado de televisão faz muita diferença, especialmente pelo fato de corroborarem com os depoimentos das vítimas. Sem elas, a polícia também pode basear-se nos depoimentos testemunhais, comparações balísticas, exame do local do crime, entrevistas com pessoas que estavam próximas, retratos-falados. São muitas possibilidades", destacou o delegado-geral.

Objetivo - Segundo o SET, a principal função das câmeras de videomonitoramento instaladas nos coletivos não é coibir a ação de assaltantes, mas monitorar o trabalho de motoristas e cobradores. Ainda de acordo com o sindicato, o que acontece é que, quando algum ônibus é assaltado, as imagens são encaminhadas para averiguação da polícia e possível identificação do suspeito.

"Hoje, nós possuímos uma frota de 1.200 carros e 90% deles possuem câmeras. Mas o principal objetivo dessas câmeras é monitorar o trabalho dos cobradores e motoristas, verificar se está sendo cumprido o itinerário, os horários, entre outros pontos. Quando acontecem assaltos, essas imagens são encaminhadas para a polícia, mas esse é um objetivo secundário", explicou Luís Cláudio Siqueira, superintendente do SET.

Ainda de acordo com Luís Cláudio, o monitoramento não é feito de forma imediata e todas as imagens são recolhidas no fim do dia e enca-minhadas para cada empresa, que também são responsáveis pela manutenção dos equipamentos. Atualmente existem três consórcios em operação na capital maranhense - Rio Anil, São Cristóvão e Cohab/Cohatrac - , mas apenas dois deles possuem salas de monitoramento de câmeras, localizadas em um dos prédios do SET, onde é feito o acompanhamento das imagens.

"No SET, temos duas salas, uma do Consórcio São Cristóvão e outra do Cohab/Cohatrac, no qual são monitoradas as imagens, que são recolhidas no fim do dia e encaminhadas para cada empresa. As empresas não têm como fazer esse monitoramento imediato, pois o investimento é muito alto", assinalou.

OUTROS CASOS
No dia 5 de maio
, o estudante Rondinelly Ferreira da Costa, de 18 anos, foi morto durante um assalto em coletivo registrado no bairro Cohab. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública (SSP), o jovem foi morto após ter o celular roubado.

No dia 30 de maio, um homem identificado por Jeanderson dos Santos Freitas foi morto após tentativa de assalto a um coletivo da linha Jardim América/ J.Reinaldo Tavares, que passava pela Avenida dos Franceses (sentido bairro/Centro). De acordo com testemunhas, o assaltante entrou no coletivo em companhia de um comparsa (não identificado) e anunciou o assalto. Em seguida, o assaltante foi surpreendido por um passageiro, que estava armado na parte interna do coletivo. O homem armado reagiu e atirou, no momento do anúncio do assalto, contra o assaltante, atingindo-o na cabeça. Jeanderson dos Santos Freitas morreu no local. Já o seu comparsa conseguiu fugir.

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