Saúde neonatal

Maternidade Carmosina Coutinho, em Caxias, passa por mudanças

Desde que foi denunciada por elevado número de mortes de bebês, o hospital está se adequando ao novo momento, que é de novas medidas, incluindo capacitação dos servidores e aquisição de equipamentos ambulatoriais

Anele de Paula / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h58
Maternidade Carmosina Coutinho foi destaque em noticiário nacional por grande número de mortes de recém-nascidos no ano passado  //  O secretário Vinicius Araújo informa que a Maternidade Carmosina Coutinho terá mais qualidade no atendimento  //  Divulgaç
Maternidade Carmosina Coutinho foi destaque em noticiário nacional por grande número de mortes de recém-nascidos no ano passado // O secretário Vinicius Araújo informa que a Maternidade Carmosina Coutinho terá mais qualidade no atendimento // Divulgaç (Maternidade)

Caxias - As mudanças ainda não são visíveis, mas desde que foi denunciado em reportagens exibidas em rede nacional o Município de Caxias tem adotado medidas para tentar diminuir o número de mortes de recém-nascidos na Maternidade Carmosina Coutinho.

Uma delas foi adotada na semana passada, com a elaboração de um plano de ação que contou com a participação de técnicos em diversas áreas da saúde, para juntos, traçarem metas a serem adotadas nas próximas semanas para melhorar os serviços oferecidos naquela unidade sanitária.

Entre as soluções apontadas e já em execução, está a contratação emergencial de mais profissionais, entre médicos e enfermeiros; investimento em capacitação de servidores e aquisição de novos equipamentos ambulatoriais.

Outra medida foi a discussão e avaliação dos projetos já existentes dentro da maternidade e que, de alguma forma, podem contribuir para a melhoria dos serviços prestados na unidade de saúde. Um deles é o Rede Cegonha, tanto que a gestora do projeto no Ministério da Saúde, Benta Lopes, esteve em Caxias para avaliar os serviços e elaborar estratégias para a redução da mortalidade materna, infantil e fetal.

“A Rede Cegonha está implementada em Caxias desde 2011, com o componente pré-natal. Em 30 de maio de 2014, nós publicamos uma portaria do plano de ação da Rede Cegonha na regional Caxias, e nesse plano os gestores e técnicos propuseram ações para o cuidado materno, que vai desde o pré-natal até o parto e nascimento. Desta vez discutimos novamente esse plano e vamos acompanhar a sua execução, pois enxergamos um grande potencial nessa maternidade”, lembrou Benta Lopes.

Novidades - Atualmente, Caxias atende a cerca de 1,5 milhão de pacientes por ano, oriundos de 54 municípios, quando deveria atender apenas aos sete municípios que compõem sua regional: Caxias, Aldeias Altas, São João do Sóter, Afonso Cunha, Duque Bacelar, Coelho Neto e Buriti. Com o plano de ação, os municípios que não fazem parte da regional passarão a responder pelo translado de seus munícipes.

Para que isso ocorra, um documento será elaborado a partir do plano de ação. Esse termo de compromisso será assinado pelo governador do Estado, Flávio Dino (PCdoB), o secretário de Saúde do Estado, Marcos Pacheco, o prefeito de Caxias, Leo Coutinho (PSB) e o secretário municipal de Saúde, Vinicius Araújo.

A ideia é que o governo estadual também se comprometa a oferecer melhorias nesses municípios e além de evitar a superlotação no atendimento prestado no Carmosina Coutinho.

Acompanhamento - Outra medida que será cobrada é que cada município tenha capacidade de oferecer acompanhamento pré-natal melhor às gestantes. Os bebês morrem e os casos acabam registrados em Caxias.

“Com isso, teremos atendimento de qualidade que necessitamos, não só para nossos munícipes, mas para todo aquele que procura a maternidade em Caxias”, garante Vinicius Araújo.

Hospital também precisa de melhorias físicas

Inaugurada em 2008, a Maternidade Carmosina Coutinho, localizada no bairro Campo de Belém, foi entregue a população para ser uma unidade de saúde de referência na região. Mas desde a sua inauguração não foi bem isso que ocorreu.

Quando foi entregue os leitos foram apresentados como os melhores do interior do estado. Hoje, a unidade precisa de reforma e limpeza e há inclusive relatos de mães atendidas no local de que pequenos insetos, como baratas, são vistos com frequência na unidade hospitalar.

Além disso, a maternidade conta apenas com 75 leitos e 11 vagas na Unidade de terapia Intensiva (UTI neonatal), o que é insuficiente para atender a demanda de parturientes, já que a unidade também é responsável pelo atendimento de outras gestantes de 48 municípios circunvizinhos.

Melhorias - Sobre as melhorias no espaço físico, o Município de Caxias já deu garantias de que fará isso em breve. Assim como no quesito humanização do atendimento que ainda é uma das principais reclamações de quem busca atendimento na maternidade.

Quem busca atendimento na Carmosina Coutinho nem sempre é tratada com o devido respeito. Muitas grávidas são mandadas de volta para casa, mesmo com contrações. Não há anestesia peridural e até relatos de mulheres que são forçadas a esperar até o último instante para ter parto normal, porque o Sistema Único de Saúde (SUS) paga o dobro pelos partos normais, ao contrário das cesáreas

Municípios enviam todos os anos pacientes para serem atendidos pela saúde de Caxias

Primeiro treinamento já foi realizado com equipe de SL

Funcionários da Maternidade Carmosina Coutinho estão passando por um treinamento técnico. A medida faz parte das ações que estão sendo adotadas para corrigir os índices de mortalidade neonatal na unidade de saúde que tomou índices alarmantes há mais de um ano.

Um dos objetivos do treinamento, viabilizado após a intervenção do Governo do Estado que agora também administra a maternidade, é de garantir o começo de um tratamento mais humanizado, já que a grande reclamação das pacientes é a respeito das condições dos serviços prestados na maternidade quando chegam ao local.

Coordenadores, enfermeiros, assistentes sociais e nutricionistas que trabalham diretamente no Setor de Obstetrícia e Neonatal são os primeiros a participar do treinamento.

Para a coordenadora da equipe que ministra o curso, Marynéa do Vale, o matriciamento é de extrema importância para reduzir a taxa de mortalidade infantil, que só aumenta no Brasil.

“O treinamento visa o ponto de vista assistencial, no atendimento à gestante e ao recém-nascido. Trouxemos uma equipe de obstetrícia e uma de neonatologia do Hospital Universitário. A mortalidade infantil cresceu bastante ao longo dos anos. Toda e qualquer ação que pode propiciar melhoria na assistência aos recém-nascidos se torna indispensável. Com isso, há redução na taxa de mortalidade”, afirmou.

Meta - A capacitação dos gestores também terá como meta colocar em prática um padrão de assistência diferenciado, com foco na qualidade do atendimento e na segurança do paciente.

Até o fim deste semestre, outras ações serão promovidas na maternidade, que pretende reverter os índices de mortalidade até o fim deste ano.

MUNICÍPIOS DA REGIONAL

Caxias

Aldeias Altas

São João do Sóter

Afonso Cunha

Duque Bacelar

Coelho Neto

Buriti

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