Virose

Pacientes com zika vírus lotam emergências de hospitais da Ilha

Febre, manchas avermelhadas e dores no corpo são os principais sintomas e têm feito com que muitas pessoas procurem tratamento em hospitais; doença veio da África, possivelmente durante a Copa, e primeiros casos foram identificados na Bahia

Atualizada em 11/10/2022 às 12h59

[e-s001]É cada vez maior a quantidade de pessoas que lotam os setores de urgência e emergência dos hospitais de São Luís apresentando um quadro clínico como febre, manchas avermelhadas e dores corpo, o que indica que possivelmente elas foram infectadas com o zika vírus, uma nova virose que chegou recentemente ao Brasil, vinda da África, e foi diagnosticada em várias pessoas. Os sintomas da doença são parecidos com os da dengue e da febre chikungunya, mas se manifestam de forma mais branda.

Essa nova virose também é transmitida por meio da picada do mosquito Aedes aegypti, o mesmo responsável pela transmissão das outras duas doenças. Os sintomas da febre zika, causada por esse novo vírus, são febre baixa; hiperemia conjuntival (olhos vermelhos); dor na cabeça; costas e nas articulações; erupção cutânea com pontos vermelhos ou brancos espalhados pelo corpo e ainda coceira.

Surto - Hoje a capital maranhense passa por um surto dessa doença, que tem uma evolução benigna. Apesar de ela não ser considerada grave, a virose está sendo responsável por levar muitas pessoas para unidades de saúde na capital por causa dos desconfortos que o zika vírus causa a elas.

No Hospital São Domingos, nos últimos 60 dias, houve uma elevação de 30% a 40% no atendimento do setor de emergência da unidade de saúde e grande parte das pessoas apresentou sintomas que são característicos da febre zika. Também está sendo registrado o aumento na quantidade de atendimentos em prontos socorros da capital e em outros hospitais particulares e públicos, por causa dessa nova enfermidade.

"Para a dengue, existe um exame específico para fazer o diagnóstico, enquanto para a zika ainda não tem", disse o médico Luiz Ângelo de Viveiro Souza, responsável pelo setor de emergência da unidade de saúde.

[e-s001]Tratamento - Ele afirmou também que o tratamento para a doença é sintomático e pode ser feito até mesmo em casa, com muito repouso e a ingestão de líquidos e alimentos ricos em vitaminas. "Nos casos mais graves e com sinais de alarme, o ideal é procurar um hospital para que sejam feitos outros exame", completou o médico.

A fotógrafa Flora Dolores Ferreira apresentou nos últimos dias sintomas semelhantes ao da febre zika. "No sábado pela manhã ,percebi que estava com a pele empolada e no domingo já amanheci com dor no corpo, um pouco de dor de cabeça e com o corpo febril", disse a fotógrafa, que desde o surgimento dos primeiros sintomas redobrou principalmente os cuidados com a alimentação para que recupere a saúde.

Identificação - O Ministério da Saúde (MS), com base na avaliação preliminar de amostras de sangue recolhidas de pacientes no Maranhão e de outros estados brasileiros, informou na semana passada por meio de nota encaminhada a O Estado que os resultados preliminares apontaram para a existência do zika vírus no território nacional como sendo responsável pela virose que em dias anteriores era tratada como desconhecida.

Para confirmar o diagnóstico do MS, amostras analisadas no Instituto de Ciências da Saúde da Universidade Federal do Bahia foram encaminhadas para o Instituto Evandro Chagas, no Pará, e para o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos.

O Governo Federal informou ainda que, até o momento, não foi registrado nenhum óbito no país por causa do vírus e as medidas de prevenção contra a enfermidade são as mesmas já adotadas contra a dengue e a febre chikungunya. O tratamento é sintomático e baseado no uso de paracetamol para febre e dor.

"Trata-se de um problema que não é grave, mas que causa desconforto para as pessoas"Luiz Ângelo de Viveiro Souza, médico responsável pelo setor de emergência do Hospital São Domingos

SAIBA A DIFERENÇA ENTRE AS DOENÇAS

DENGUE
Entre as três, é a mais conhecida e presente no Brasil. Segundo o Ministério da Saúde, o país vive hoje uma epidemia da doença com 367,8 casos para cada 100 mil habitantes registrados até o dia 18 de abril.
O vírus da dengue é transmitido pela picada do mosquito Aedes aegypti e os sintomas da doença são: febre alta (geralmente dura de dois a sete dias), dor de cabeça, dores no corpo e articulações, prostração, fraqueza, dor atrás dos olhos, erupção e coceira na pele. Nos casos graves, o doente também pode ter sangramentos (nariz e gengivas), dor abdominal, vômitos persistentes, sonolência, irritabilidade, hipotensão e tontura. Em casos extremos, a dengue pode matar. A pessoa com sintomas da dengue deve procurar atendimento médico. As recomendações são ficar de repouso e ingerir bastante líquido. Não existem remédios contra a dengue. Caso apareçam os sintomas da versão mais grave da doença, é importante procurar um médico novamente.

FEBRE CHIKUNGUNYA
Até o dia 18 de abril deste ano, foram registrados 1.688 casos de febre chikungunya. Os primeiros casos "nativos" da doença no Brasil apareceram em setembro do ano passado em Oiapoque, no Amapá. Antes disso, já haviam sido detectados casos de pessoas que contraíram a virose fora do país. A origem do chikungunya é africana e significa "aqueles que se dobram", pois é uma referência à postura dos doentes, que andam curvados por sentirem dores fortes nas articulações.
A doença é transmitida pela picada do mosquito aedes aegypti (presente em áreas urbanas) e aedes albopictus (presente em áreas rurais). O principal sintoma é a dor nas articulações de pés e mãos. Além disso, também são sintomas febre repentina acima de 39 graus, dor de cabeça, dor nos músculos e manchas vermelhas na pele. Cerca de 30% dos casos não chegam a desenvolver sintomas e de acordo com o Ministério da Saúde, as mortes são raras. Como no caso da dengue, não há tratamento específico para a febre chikungunya. É preciso ficar de repouso e consumir bastante líquido. Não é recomendado usar o ácido acetil salicílico (AAS) por causa do risco de hemorragia.

ZIKA
A doença pode ter sido detectada na Bahia, mas ainda não está confirmada. A suspeita é de que ela tenha sido trazida da África para o Brasil durante a Copa do Mundo. A transmissão é feita pelo aedes aegypti, aedes albopictus e outros tipos de aedes. O vírus não é tão forte quanto o da dengue ou da chikungunya e os pacientes apresentam um quadro alérgico. Os sintomas, porém, são parecidos com os das doenças "primas", como febre, dores e manchas no corpo, no entanto, com menos intensidade Quem é infectado pelo zika também pode apresentar diarreia e sinais de conjuntivite. Assim como nas outras viroses, o tratamento consiste em repouso, ingestão de líquidos e remédios que aliviem os sintomas e que não contenham AAS.

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.