Literatura

O mapa da poesia de José Louzeiro

Escritor relembra a obra literária do casal Eduardo e Hilda Tavares e de seus filhos Ednalva e Ildásio Tavares

José Louzeiro / Especial para o Alternativo

- Atualizada em 11/10/2022 às 12h59
Ildásio Tavares é uma referência da poesia baiana
Ildásio Tavares é uma referência da poesia baiana

Hilda Tavares nasceu com o destino bem marcado pelo mapa da poesia. É mãe de poetas e esposa de poeta.

E se formos nessa escala, sempre que penso nela, lembro do “Vovô Dadinho”, como a garotada batizou Eduardo Tavares; de seu filho Ildásio, poeta, seresteiro e enamorado e de minha boa amiga de todas as horas, Ednalva, irmã do consagrado escritor.

Dadinho escrevia poemas e livros infanto-juvenis; um deles, o famoso “Moleque do Rodo”, publicado pela Record, contava a história da lavoura cacaueira, onde se produz a matéria prima do sonhado e saboroso chocolate.

Quando completou 80 anos, todos os filhos, netos e bisnetos participaram da comemoração; o tema do bolo: a capa de “Estórias do Vovô Dadinho” (Global Editora).

Ele nos deixou em 1995; Hilda sua valorosa companheira, completará 97 anos ao nosso lado.

Ildásio este ano completaria 75 anos. Deixou uma vigorosa obra. Convivemos muito de perto, quando residiu no Rio (Morada do Sol).

Ednalva Tavares iniciou sua carreira quando voltou de uma viagem à Índia. As anotações que fez tornou-se um roteiro poético. Incentivei-a a publicar com o título “Doces Palavras”.

A partir daí, seus livros devocionais alcançaram o número de seis; o último: “Anjos de Luz”.

Estas reflexões puxam outros pensamentos que nos levam a conhecer uma nova Ednalva, que um dia as academias baianas vão registrar. As suas mensagens poéticas não são conhecidas como deveriam. Quando se tem um irmão poeta, fica difícil qual deles colocar à frente, neste mundo machista em que ainda vivemos.

Se esquecermos este pequeno detalhe, Ednalva Tavares desponta como grande poeta do nosso século. Pena que as mulheres, as que têm tanto talento, viajam no último vagão do trem.

Panorama - Da janela do 632 do Hospital Quinta D’Or tenho uma visão panorâmica do Bairro Imperial de São Cristóvão. Daqui posso fixar-me nos acontecimentos que vivi e que ainda vou viver.

A atração é exercida principalmente pela luz, que é muito bonita. Não foi à toa que os poetas a chamaram de superior e santificada.

A velhice me trouxe presentes desagradáveis. Tenho tido problemas um atrás do outro, mas não perco o equilíbrio, nem o modo de encarar a vida. Embora esteja sempre lembrando que eu sou um doente incógnito e por isso necessito de cuidados igualmente incógnitos, em certos momentos me revolto, mas sem deixar que os outros percebam. Afinal, eles não têm nada a ver com minhas contas cármicas. Mesmo sempre adoentado, não deixo de exaltar a vida e a vontade de viver.

“Mesmo sempre adoentado, não deixo de exaltar a vida e a vontade de viver”José Louzeiro, escritor

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