RORAIMA

Servidores são suspeitos de facilitar extração de ouro em terra indígena

Polícia Federal informa que cinco pessoas estão sob suspeita de participação na extração ilegal de ouro e outros minérios na Terra Indígena Yanomani, em Roraima

Atualizada em 11/10/2022 às 12h59
(Balsa extrai ouro ilegal em terra indígena)

Brasília - A Polícia Federal (PF) investiga a suposta participação de cinco servidores públicos na extração ilegal de ouro e outros minerais preciosos na Terra Indígena Yanomami, em Roraima. Dois deles trabalhavam na Frente de Proteção Etnoambiental Yanomami e Ye´kuana, da Fundação Nacional do Índio (Funai), mas já haviam sido afastados dos cargos antes de a PF deflagrar a Operação Warari Koxi. Os nomes dos cinco suspeitos não foram revelados. Segundo o chefe da Delegacia Regional de Combate ao Crime Organizado da PF, Alan Robson Alexandrino, todos os cinco já prestaram depoimentos e foram liberados em seguida.
De acordo com o delegado, um deles ocupava o cargo de gestor da Frente de Proteção Etnoambiental. "Há fortes indícios do seu envolvimento nas práticas criminosas que deveria combater. Ele recebe para proteger a cultura, o patrimônio e o território indígena, mas estava atuando na criminalidade", disse o delegado durante entrevista coletiva.

Investigações - Segundo a delegada federal Denisse Dias Rosas Ribeiro, responsável pelo inquérito policial, foram necessários seis meses de investigações para que a PF conseguisse mapear como o esquema funcionava e identificar os principais envolvidos. Os investigadores concluíram que entre os principais beneficiários do esquema estão algumas distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários (DTVMs), responsáveis por regularizar todo o ouro e minério precioso ilícito e colocá-lo no mercado.
As distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários são instituições financeiras autorizadas pelo Banco Central (BC) a operar no mercado acionário. Entre outras ações, compram, vendem e distribuem títulos e valores mobiliários, inclusive ouro. Cento e cinco distribuidoras têm o aval do BC para atuar no país, mas, segundo a delegada, não mais que oito cumprem as exigências necessárias para negociar ouro. "Nem todo o ouro que essas DTVMs negociam tem origem ilícita, mas nem todo ouro é também legal", comentou a delegada.

Comerciantes - A suposta organização criminosa contava ainda com a participação de pequenos comerciantes de ouro, donos de garimpos, joalheiros e pilotos de aviões. Além de identificar que os suspeitos movimentaram cerca de R$ 1 bilhão, a PF calcula que o prejuízo ao Erário com o não recebimento de tributos pode chegar a R$ 17 milhões. O garimpo ilegal causa danos ambientais à reserva indígena. Nessas terras, que pertencem à União, a exploração e o aproveitamento dos recursos hídricos e das riquezas minerais só podem ser feitos com a autorização do Estado brasileiro.
Cerca de 150 policiais federais participam da Operação Warari Koxi, que conta também com a colaboração do Ibama. A Justiça expediu 313 mandados de busca e apreensão, de condução coercitiva (quando o suspeito é conduzido a prestar depoimento e liberado em seguida) e um de prisão, para o dono de uma draga, que já foi detido.

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