Teatro

Violência cotidiana

História de Todos os Dias, da Miramundo Produções Culturais, que ficou 10 anos em cartaz, está voltando aos palcos, mas desta vez com novo elenco

Atualizada em 11/10/2022 às 12h59
Espetáculo traz situações de violência
Espetáculo traz situações de violência (História de Todos os Dias)

Há 10 anos em cartaz, o espetáculo História de Todos os Dias, da Companhia Miramundo Produções Culturais, está sendo reapresentado com novo elenco, desta vez com os atores Eduardo Brenha, Luna Gandra e Ricardo Torres. A temporada acontecerá no mês de maio, com data e local ainda não definidos.

O espetáculo é um apanhado de histórias de violência cotidiana, as quais acontecem dentro de casa e as pessoas preferem silenciar. O texto de Michelle Cabral aborda diferentes temáticas, entre elas, tortura nos tempos da ditadura, violência contra a mulher e homossexualidade. A encenação rompe as convenções, buscando, além da personagem, o performer, o ator como personagem de sua própria trajetória de vida. "São histórias, por exemplo, de pessoas torturadas durante a ditadura militar no Brasil. Inclusive reproduzimos um depoimento real de uma mãe que recebe uma carta com relatos da tortura a que o filho estava sendo submetido. Algo como 'não se preocupe, seu filho está apenas levando pontapés, mas isso ele levaria em briga da faculdade", detalha a atriz Luna Gandra.

Pesquisa - Segundo Gandra, a pesquisa completa foi realizada pela diretora Michelle Cabral e adaptada para o teatro. Desde que entrou em cartaz, a peça já foi assistida em mais de 60 cidades do Brasil. São Luís e outros municípios maranhenses foram contemplados.

A montagem ganhou prêmios de Melhor Espetáculo, Melhor Atriz (Fátima de Franco) e Melhor Direção (Michelle Cabral). Conforme Luna Gandra, a escritora trabalha o texto apresentando inclusive momentos da fase infantil das personagens.

"O intuito das crianças aparecerem ao longo do espetáculo é mostrar que todos ali já foram crianças, como foi sua educação, se sofreram opressão e se já existia violência entre elas. Depois de alguns anos observando o impacto que a peça causava no público, colocamos na estrutura um bate-papo para que pudéssemos conversar sobre esses temas geralmente ignorados e expostos em cena” explica Luna Gandra.

Nos primeiros anos da montagem, o público ficava paralisado olhando para o palco sem reagir, sem sair, sem bater palmas e sempre procurava o elenco e a direção para conversar, por isso, foi pensado um bate-papo com a plateia para compartilhar experiências. Com foco na atuação, a peça utiliza a simplicidade grotowiskiana. Ou seja, os focos são nos atores, que vivenciam as situações, inclusive de violência. Trata-se de um teatro praticamente sem vestimentas, baseado no trabalho psico-físico do ator. O processo de preparação do elenco durou três meses. A ideia, segundo Luna Gandra, é que o espetáculo permaneça em cartaz o máximo de tempo possível.

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