Nepal

No Nepal, número de mortos após terremoto já passou de quatro mil

Pelo menos 7,5 mil pessoas ficaram feridas, segundo o governo nepalês; dezenas de milhares de pessoas ficaram sem comida, água ou abrigo; o Itamaraty informou que recebeu informações sobre 96 brasileiros que estavam no pais durante o tremor

Atualizada em 11/10/2022 às 12h59
(Um homem senta-se sobre os escombros de sua casa)

Olho

O Facebook lançou ontem uma campanha para levantar fundos a serem doados às pessoas afetadas pelo terremoto no Nepal, que estremeceu não só o país mas também a Índia no sábado.

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No Nepal, número de mortos após

terromoto já passou de quatro mil

Pelo menos 7,5 mil pessoas ficaram feridas, segundo o governo nepalês; dezenas de milhares de pessoas ficaram sem comida, água ou abrigo; o Itamaraty informou que recebeu informações sobre 96 brasileiros que estavam no pais durante o tremor

Legenda

Um homem senta-se sobre os escombros de sua casa destruída pelo terremoto de sábado, em Bhaktapur (Foto: REUTERS/Adnan Abidi)

Nepal - O número de mortos após o terremoto que atingiu o Nepal no sábado, 25, passou de 4 mil ontem, segundo balanço do Centro Nacional de Operações de Emergência do país. Agências e governos internacionais corriam para enviar equipes de busca e resgate, médicos e remédios ao país. Dezenas de milhares de pessoas ficaram sem comida, água ou abrigo.

O terremoto de magnitude 7,8, o mais violento dos últimos 80 anos no país, provocou vários tremores secundários e diversos deslizamentos no monte Everest, onde 18 pessoas morreram no início da temporada de alpinismo.

As agências humanitárias ainda têm dificuldades para avaliar o alcance da devastação e as necessidades da população. Também morreram 67 pessoas na Índia em decorrência do terremoto. Quase um milhão de crianças precisam de ajuda urgente, segundo o Fundo para Crianças das Nações Unidas (Unicef).

O Itamaraty informou que recebeu informações sobre 96 brasileiros que estavam no Nepal durante o terremoto. Nenhum dos localizados sofreu ferimentos, segundo as informações mais recentes do governo federal. A Embaixada do Brasil em Katmandu "segue mobilizada para prestar o apoio necessário aos cidadãos brasileiros que se encontram no país", informou o ministério.

Escombros - Equipes enviadas por Índia, Paquistão, Estados Unidos, China e Israel estão no Nepal para ajudar, disseram as Nações Unidas, escavando toneladas de escombros em busca de milhares de pessoas ainda desaparecidas.

Grupos internacionais de busca chegaram ou devem chegar à capital Katmandu, com unidades do Japão, EUA e Inglaterra equipadas com cães farejadores e equipamentos pesados para retirada de escombros. Os Estados Unidos anunciaram que repassarão US$ 10 milhões em ajuda ao Nepal, segundo o secretário de Estado John Kerry.

As autoridades que coordenam as tarefas de socorro no Nepal se reuniram nesta segunda-feira para tentar reabrir os mercados e distribuir pacotes de ajuda aos desabrigados pelo terremoto no país asiático, informou a imprensa local.

O Comitê de Coordenação de Resgate em Desastres Naturais, reunido na sede do governo nepalês em Katmandu, pediu aos chefes de distrito que trabalhem para abrir as lojas nas zonas afetadas. O objetivo é facilitar a provisão de produtos à população em geral.

Ao menos 7,5 mil feridos - Pelo menos 7,5 mil pessoas ficaram feridas, segundo o governo nepalês, e o tratamento delas e de outros sobreviventes retirados dos escombros de edifícios destruídos continua sendo uma tarefa bastante desafiadora. "A prioridade continua sendo salvar vidas e buscar e resgatar sobreviventes", afirma relatório da equipe local das Nações Unidas no Nepal.

O tremor destruiu edifícios, monumentos, estradas e outras infraestruturas. Mais de 60 terremotos secundários, incluindo um sismo de magnitude 6,7, já foram sentidos.

Segundo a agência EFE, pacotes com remédios e equipamentos sanitários foram entregues neste domingo pela Organização Mundial da Saúde (OMS) a hospitais no Nepal. Os artigos sanitários servirão para atender 40 mil pessoas durante três meses, indicou a organização de sua sede em Genebra.

Além disso, a OMS desembolsou US$ 175 mil como uma primeira doação de emergência para que se atendam as necessidades de saúde mais urgentes dos afetados pelo terremoto.

Fuga de pessoas - Muitos habitantes de Katmandu iniciaram ontem um êxodo após o violento terremoto. Famílias inteiras se amontoavam em ônibus e algumas pessoas inclusive viajavam no teto dos veículos. Muitos habitantes também se deslocaram as suas cidades natais para determinar a magnitude do desastre ali.

Este êxodo começa num momento em que as equipes internacionais com cães treinados, equipamentos pesados para remover os escombros e provisões conseguiram aterrissar no país. "Agora é importante prevenir outro desastre tomando as precauções adequadas contra as epidemias", disse à imprensa o porta-voz do Exército, Arun Neupane. Diante do medo da falta de provisões, as pessoas também se amontoavam nas lojas e nos postos de combustível.

Hospitais estão lotados - No vale de Katmandu, hospitais estão lotados e estão ficando sem espaço para corpos, afirmaram socorristas. Os centros médicos também estão ficando sem suprimentos de emergência. Alguns deles estão tendo que tratar os feridos nas ruas. Domingo, doentes e feridos deitavam-se em uma empoeirada rodovia fora do Kathmandu Medical College, enquanto funcionários do hospital carregavam pacientes para fora do prédio em macas e sacos.

Os médicos montaram uma sala de operações dentro de uma tenda para onde levavam os mais críticos, após um tremor particularmente grande forçar as pessoas a correrem aterrorizadas para as ruas. No lado externo do Centro Nacional de Trauma em Katmandu, pacientes em cadeiras de rodas que estavam em tratamento antes do terremoto juntaram-se a centenas de feridos com membros fraturados e sujos de sangue, deitados dentro de barracas feitas com lençóis do hospital.

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Mais

Crianças

O Unicef estima que pelo menos 940 mil crianças foram gravemente atingidas na região que inclui os distritos de Dhading, Gorkha, Rasuwa, Sindhupalchowk e Katmandu.

Enquanto isso, campos de desabrigados deverão estar prontos nos próximos dias. "Centenas de milhares de pessoas estão dormindo ao relento, pois estão muito assustadas para voltarem para suas casas por causa de todos os tremores secundários", disse Zubin Zaman, gerente da agência humanitária Oxfam, na Índia.

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País sem cemitérios, o

Nepal crema as vítimas

Nepal - Por não possuir cemitérios, o Nepal está cremando as vítimas do terremoto. Isso ocorre devido à composição religiosa da população do país: mais de 80% dos nepaleses são hindu e outros 9% são budistas. Muçulmanos somam 4,4% e cristãos, 1%. Há, ainda, praticantes de religiões animistas.

Nas tradições do hinduísmo e do budismo, costuma-se cremar os mortos em piras, um ritual que pode parecer estranho para muitos Ocidentais -que costumam enterrar os mortos ou vesti-los em roupas de qualidade antes de cremá-los dentro de caixões.

Tanto hindus quanto budistas acreditam em reencarnação e, portanto, essa seria a forma mais compassiva de se tratar os mortos. Segundo a tradição, ainda que nossos corpos estejam sem vida após morrermos, o nosso espírito - alma para os hindus, consciência para os budistas - permanece vivo e busca outro corpo para reencarnar.

Caso o corpo não seja rapidamente destruído após a morte, o espírito permanece preso e é forçado a permanecer na Terra. Quando o corpo é queimado da pira fúnebre, ele é livre para deixar o corpo. Em seguida, as cinzas são atiradas ao rio Bagmati, sagrado para hindus e para budistas.

Diversos templos e monumentos sagrados para os hindus e budistas ficaram destruídos- é o caso do templo de Shiva e a pagoda de Narayan, em Katmandu.

No entanto, diferentemente das religiões abraâmicas (como o judaísmo, o cristianismo e o islamismo) - nas quais acredita-se em um único deus onisciente e poderoso e, portanto, capaz de controlar desastres naturais –, hindus e budistas olham para acontecimentos trágicos de outra forma.

Alguns consideram tragédias como consequências do karma - ações humanas que têm resultados futuros. Outros, no entanto, veem fenômenos como terremotos e tsunamis como amorais, não sendo provocados por divindades raivosas ou destinadas a pecadores.

Por meio das redes sociais, pessoas em diferentes países estão organizando correntes de orações para as pessoas afetadas pelo terremoto. Autoridades religiosas como o papa Francisco e o Dalai Lama já manifestaram suas condolências às vítimas.

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