Homem do Gelo teria comido grãos e carne de caça em sua última refeição

Atualizada em 27/03/2022 às 15h30

WASHINGTON -- Cientistas italianos dizem saber o cardápio da última refeição feita por "Otzi", o homem que viveu há cinco mil anos e cujo corpo congelado foi encontrado nos Alpes Tiroleses, em 1991.

A causa de sua morte parece também ter sido desvendada: "Otzi" teria sido morto por caçadores rivais, de acordo com a equipe da Universidade de Camerino.

Segundo os cientistas, o que "Otzi" comeu pela última vez foram grãos, salada e carne de íbex, uma espécie de cabra selvagem.

O relatório científico sobre os últimos dias de vida do Homem do Gelo traça uma imagem vívida desse viajante da Idade da Pedra e pode explicar como ele morreu, conforme escreveu o pesquisador Franco Rollo na revista Proceedings of the National Academy of Sciences.

O cientista e sua equipe analisaram o conteúdo dos intestinos grosso e delgado do Homem do Gelo e encontraram pedaços de músculos de um cervídeo vermelho, além de resíduos de grãos. Eles também acharam pólen, o que sugere que "Otzi" passou um tempo na floresta antes de morrer.

O corpo de "Otzi", como foi apelidado pelos cientistas que o descobriram, permaneceu congelado por mais de cinco mil anos, o que o manteve em perfeito estado de conservação.

Ele vestia roupas feitas de couro e fibras vegetais e carregava um machado de cobre, um arco e flechas.

Logo após sua descoberta, tiveram início especulações sobre quem ele era e por que teria morrido onde morreu. O problema para os cientistas era descobrir todas essas respostas sem danificar o corpo.

Mais tarde, a ponta de uma flecha foi descoberta em seu ombro esquerdo, sugerindo que "Otzi" simplesmente não congelou até a morte quando escalava as montanhas.

"Em 25 de setembro de 2000, o cadáver, atualmente mantido congelado no Museu Arqueológico do Sul do Tirol, em Bolzano, Itália, foi completamente descongelado pela primeira vez", escreveram os pesquisadores.

A equipe de Franco Rollo recolheu amostras do conteúdo dos intestinos de "Otzi", analisou tudo no microscópio, retirou grandes pedaços de fibra muscular e comida que não foi digerida e realizou uma análise de DNA.

Eles também consultaram patologistas que lhes disseram o tempo que a comida leva para passar pelo organismo.

"Segundo a atual análise de DNA, a última jornada do guerreiro/caçador foi feita através de uma floresta conífera, a uma altitude intermediária, onde ele possivelmente fez sua primeira refeição, composta de cereais, outras plantas comestíveis e carne de íbex.

Sua jornada terminou com sua morte numa bacia rochosa a 3.200 metros acima do nível do mar, não antes que ele fizesse uma refeição com carne de veado e, possivelmente, cereais", escreveram ainda os pesquisadores.

A equipe de Franco Rollo disse que as evidências sugerem que "Otzi" era um caçador. Eles até arriscaram adivinhar as circunstâncias de sua morte.

"Há quase 30 anos, Nanna Noe-Nygaard (escrevendo na Journal of Archeological Science) mostrou que os caçadores do Mesolítico (a Média Idade da Pedra) costumavam mirar suas flechas no ombro esquerdo do adversário, já que isso lhes dava a melhor chance de matar a presa com um só golpe.

Como a flecha que atingiu 'Otzi' realmente atingiu seu ombro esquerdo, parece-nos muito mais razoável admitir que ele foi vítima de alguma rivalidade entre grandes caçadores, e não sacrificado em algum ritual", concluíram.

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