Violência

Maranhão registra um caso de violência a cada três horas, aponta boletim

O relatório "Retratos da Violência: Novos Dados do Maranhão e Piauí" foi divulgado nesta quinta-feira (24).

Imirante.com

Atualizada em 26/03/2022 às 18h00
Entre agosto de 2021 e janeiro de 2022, foram registrados 1.018 eventos violentos no Maranhão.
Entre agosto de 2021 e janeiro de 2022, foram registrados 1.018 eventos violentos no Maranhão. (Foto: Tátyna Viana/TV Mirante)

SÃO LUÍS - Um caso de violência foi registrado a cada três horas nos estados do Maranhão e do Piauí entre agosto de 2021 a janeiro de 2022, de acordo com o levantamento divulgado nesta quinta-feira (24), pela Rede de Observatórios da Segurança. O boletim "Retratos da Violência: Novos Dados do Maranhão e Piauí" foi lançado em evento aberto no auditório do Instituto Federal do Maranhão (IFMA), em São Luís.

O boletim "Retratos da Violência" reúne informações coletadas por pesquisadores em seis meses de análise diária de informações em jornais, sites de notícias, perfis do Twitter e grupos de WhatsApp, que foram sistematizadas em um banco de dados. De acordo com o levantamento, ocorreram 2.060 eventos violentos no Maranhão e Piauí, sendo 1.018 deles nas cidades maranhenses. Produzidos de maneira independente, os dados refletem 16 indicadores de violência, incluindo casos como linchamento e chacina, que não são acompanhados pelas secretarias estaduais.

"No caso do Maranhão, por exemplo, os órgãos estaduais não catalogam a cor das vítimas, o que impede a criação de políticas públicas adequadas e mascara o racismo estrutural. Mas a Rede sabe a cor dessas pessoas", afirma o boletim.

No levantamento da Rede de Observatórios, das 700 operações monitoradas no Maranhão, 461 foram realizadas pela Polícia Civil, com 29 mortes sendo registradas durante as ações policiais. Além disso, foram registrados 67 casos de violência contra a mulher no estado, incluindo feminicídios: o boletim aponta que a maior parte desses crimes foi cometida por companheiros e ex-companheiros das vítimas.

Em relação ao número de meninas vítimas de estupro, que é o tipo de violência mais recorrente contra crianças e adolescentes, o estudo aponta que 27 jovens sofreram esse tipo de abuso no Maranhão entre agosto de 2021 a janeiro de 2022.

Já em relação aos casos de violência contra a população LGBTQIA+, o boletim revela que a maior parte desses crimes acontece no interior do Maranhão e todas as vítimas de LGBQTQIA+fobia são pessoas negras, dado esse que indica uma sobreposição de fatores de opressão sob essa população, que sofre com o racismo e a violência homofóbica. "São poucos os registros de violência contra a população LGBTQIA+ nos dois estados, o que pode refletir uma falta de interesse na imprensa local e das instituições de segurança pública", analisa o levantamento da Rede de Observatórios.

Por fim, o boletim "Retratos da Violência" informou que, em seis meses, o Maranhão teve o registro de cinco casos de crime de linchamento, mas ressalta que houve uma redução desse tipo de violência. A Rede de Observatórios destaca que, quando as facções passaram a regular os territórios das periferias em 2017, as situações que poderiam motivar linchamentos passaram a ser julgadas pelos integrantes dessas facções, e, com isso, os números desse tipo de violência se mantiveram baixos no estado.

Rede de Observatórios

Após dois anos operando na produção cidadã de dados em cinco estados, a Rede de Observatórios, projeto do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESeC), com apoio da Fundação Ford, chegou ao Maranhão e ao Piauí no segundo semestre de 2021. A Rede de Estudos Periféricos, da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão (IFMA), e o Núcleo de Pesquisas sobre Crianças, Adolescentes e Jovens, da UFPI se unem a Iniciativa Negra por uma Nova Política sobre Drogas (INNPD); Gabinete de Assessoria Jurídica às Organizações Populares (Gajop); Laboratório de Estudos da Violência (LEV/UFC) e ao Núcleo de Estudos da Violência (NEV/USP). O objetivo é monitorar e difundir informações sobre segurança pública, violência e direitos humanos.

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