BRASÍLIA - O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ampliou a crise bilateral entre o Brasil e a Venezuela, ao fazer referência ao ditador Nicolas Maduro, acusado de ter aplicado um golpe durante o processo eleitoral do país. Adversários políticos de Maduro foram presos e outros são procurados.
A declaração de Lula ocorreu depois de o Itamaraty expressar desagrado pelo tom agressivo de recentes falas de altos funcionários venezuelanos contra o presidente brasileiro.
“Eu aprendi que a gente tem que ter muito cuidado quando a gente vai tratar de outros países e de outros presidentes. Eu acho que o Maduro é um problema da Venezuela, não é um problema do Brasil”, disse Lula em entrevista à RedeTv!.
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Ele foi perguntado pelo senador Jorge Kajuru (PSB) - que conduzia a entrevista -, se já não estava na hora de o petista começar a ignorar o país vizinho.
“Eu quero que a Venezuela viva bem, que eles cuidem do povo com dignidade. Eu vou cuidar do Brasil, o Maduro cuida dele, o povo venezuelano cuida do Maduro, e eu cuido Brasil. E vamos seguir em frente. Porque também não posso ficar me preocupando. Ora brigar com a Nicarágua, ora brigar com a Venezuela, ora brigar com não sei com quem”, pontuou.
Lula lembrou que Maduro não apresentou as atas eleitorais que confirmariam a vitória na eleição presidencial de 28 de julho, um pedido feito pelo Brasil após a reeleição do venezuelano ser questionada por diversos países.
A crise entre os dois países escalou após o Brasil não reconhecer o resultado divulgado pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), que declarou Maduro reeleito.
Maduro passou a atacar duramente o Itamaraty e agentes do governo após a reunião do Brics (formado por Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul) na Rússia, no mês passado, quando a entrada da Venezuela no grupo foi barrada pelo Brasil.
No final de outubro, a Polícia Nacional da Venezuela publicou no Instagram uma imagem com uma bandeira brasileira e a silhueta de um homem semelhante Lula, mas com seu rosto e contornos borrados, com a legenda: "Quem se mete com a Venezuela se dá mal". Foi interpretado na própria Venezuela como uma ameaça clara ao Brasil.
No dia 1º de novembro, o Ministério das Relações Exteriores afirmou que o tom adotado pela Venezuela com o Brasil é "ofensivo" e traz "ataques pessoais".
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