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Registro de inadimplentes atinge a 10ª alta consecutiva na comparação mensal

Expectativa para 2022 é de que a taxa de inadimplência das famílias com recursos livres continue subindo

Imirante.com

Atualizada em 26/03/2022 às 18h31
Indicador apontou alta de 6,4% no trimestre móvel encerrado em dezembro contra o trimestre móvel imediatamente anterior
Indicador apontou alta de 6,4% no trimestre móvel encerrado em dezembro contra o trimestre móvel imediatamente anterior (Divulgação)

O número de registros de inadimplentes subiu 5,0% na comparação mensal dos dados dessazonalizados entre os meses de novembro e dezembro, de acordo com dados da Boa Vista, que abrangem todo território nacional. Esse foi o 10º aumento consecutivo nessa base de comparação. Além disso, o indicador apontou alta de 6,4% no trimestre móvel encerrado em dezembro contra o trimestre móvel imediatamente anterior, na mesma série de dados dessazonalizados. A imagem abaixo contém as variações mensais do indicador ao longo de 2021.

Na comparação interanual o avanço foi mais expressivo, de 11,4%, algo que já era esperado dado que no último trimestre de 2020 o fluxo de consumidores inadimplentes foi historicamente baixo, o que resultou numa queda mais acentuada na taxa de inadimplência naquele período. Apesar do fluxo de inadimplentes ter encerrado o ano em queda de 4,3%, a desaceleração na curva de longo prazo, medida pela variação acumulada em 12 meses, é evidente e requer atenção, lembrando que em março esse número apontava uma queda de 21,4%.

Essa tendência de desaceleração, bem como, os consecutivos aumentos na comparação mensal citados anteriormente, condizem com o cenário atual, no qual a taxa de juros deve continuar subindo e a inflação pesa sobre o já comprometido orçamento das famílias. A expectativa para 2022 é de que a curva de longo prazo migre para o campo positivo e de que a taxa de inadimplência das famílias com recursos livres continue subindo.

Já o Indicador de Recuperação de Crédito do Consumidor da Boa Vista aumentou 1,3% na comparação mensal e 3,4% em relação ao mesmo mês do ano anterior. Na comparação trimestral o indicador ficou praticamente estável (+0,1%) contra o terceiro trimestre do ano passado. O resultado do mês contribuiu para acelerar o indicador na análise acumulada em 12 meses, findando o ano de 2021 com elevação de 2,9%.

Ao contrário do indicador de Registros de Inadimplentes, o indicador de Recuperação de Crédito não apresenta uma tendência muito clara e vem oscilando entre números positivos e negativos, no entanto, isso sinaliza a dificuldade que as famílias encontram de saírem de uma situação de inadimplência e de se manterem fora dela. Tanto que, uma outra análise conduzida pela Boa Vista mostra que o número de pessoas físicas que voltaram, ao menos uma vez, à base de inadimplentes, após terem saído dela no final do ano anterior, foi maior em 2021 na comparação com os anos anteriores.

De modo geral, segundo análise dos economistas da Boa Vista, apesar da queda observada no indicador de inadimplência do consumidor e do aumento na recuperação de crédito em 2021, a expectativa é de que os índices esbarrem num cenário pouco amistoso ao longo de 2022. As projeções de crescimento são muito baixas, o que inibem uma melhora significativa no mercado de trabalho.

Essa melhora até tem sido percebida nos números, a taxa de desemprego está em queda, mas, a renda real do trabalho caminha na mesma direção em função não apenas da inflação, que encerrou o ano um pouco acima de 10% segundo o IBGE, mas também, do aumento da informalidade e da subutilização da mão-de-obra. O aumento no índice de reinadimplência da Boa Vista também deixa claro que 2021 foi um ano difícil e, mais do que isso, é um presságio para o ano de 2022.

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