Homenagem

Em São Luís, Dia Nacional do Reggae é comemorado por artistas

A data comemorativa foi criada no governo da presidente Dilma Rousseff.

André Nadler / Imirante.com

- Atualizada em 27/03/2022 às 11h08
Nos anos 1980, o reggae foi difundido com força total pela periferia de São Luís e se tornou sinônimo de resistência e liberdade de expressão para a população que seguia o estilo do ritmo musical.
Nos anos 1980, o reggae foi difundido com força total pela periferia de São Luís e se tornou sinônimo de resistência e liberdade de expressão para a população que seguia o estilo do ritmo musical. (Foto: divulgação)

SÃO LUÍS - Mesmo com o período de isolamento social por causa da pandemia do novo coronavírus, diversos amantes do reggae comemoram nesta segunda-feira (11) o Dia Nacional do Reggae. Em São Luís, conhecida também como a Jamaica Brasileira", a data é comemorada com bastante carinho por quem vive o estilo musical e se dedica a propagar o ritmo.

O dia 11 de maio não foi escolhido por acaso. Em 1981, nessa mesma data, Bob Marley faleceu aos 36 anos em um hospital em Miami, nos Estados Unidos, por tanto a escolha de quando comemorar o Dia Nacional do Reggae foi também uma forma de homenagear o maior expoente no estilo musical no mundo.

O reggae surgiu no fim da década de 1960, com a proposta de, por meio da música, tratar sobre temas que abordavam o preconceito e a desigualdade. De acordo com especialistas da música, o ritmo surge da fusão do ska e o rocksteady. Com uma mistura de gêneros, uma combinação harmoniosa e expressiva de sons e ritmos, foi nos anos 1970 que o reggae ganhou asas e despontou para o mundo. Já no Maranhão, onde a vertente ecoou com mais força no país, as explicações de como o reggae se tornou o estilo mais popular na região são muitas, mas uma das histórias mais populares é que marinheiros que chegavam ao porto de São Luís e de Cururupu faziam trocas usando discos que haviam comprado da Jamaica nas zonas de prostituição, principalmente no intuito de pagar pelos serviços. "Como a maioria daqueles homens não possuíam dinheiro para pagar pelos serviços daquelas mulheres, deixavam discos que eram tocados nas casas de prostituição e depois começaram a ganhar a atenção da população", comentou o antropólogo e professor da UFMA, Carlos Benedito Rodrigues da Silva.

Nos anos 1980, o reggae foi difundido com força total pela periferia de São Luís e se tornou sinônimo de resistência e liberdade de expressão para a população que seguia o estilo do ritmo musical. Para a cantora Nega Glícia, é motivo de orgulho comemorar o Dia Nacional do Reggae. "É um orgulho fazer parte do movimento reggae do Maranhão. É uma honra ser um veículo de multiplicação da nossa música, não só para o nosso estado, mas para o mundo. E peço para todos que admiram o nosso ritmo, que lutem para manter a chama da reggae sempre acesa." comentou a artista.

A história do reggae no Brasil e a capital maranhense andam lado a lado. Em São Luís, o Museu do Reggae no Maranhão foi inaugurado em 2018 e tem como objetivo materializar as memórias do ritmo jamaicano que conquistou a cidade e o estado. Entre o acervo do museu, estão discos de vinil, gravações em vídeo, fotografias, roupas e acessórios. Para o vocalista da banda Kazamata, Hilton Quintanilha, é importante ressaltar a importância do reggae e da influência de Bob Marley para a arte. "Hoje a gente completa 39 anos da morte do rei do reggae e não podemos esquecer da força artística desse nome para a nossa trajetória. Bob influencia até menos artistas fora do reggae e continuar levando a bandeira levantada por ele é essencial para o meu estilo de vida." ressaltou, o músico.

As radiolas maranhenses

No Maranhão, além do fato dos casais dançarem reggae juntos e, sendo assim, ter sido desenvolvido um estilo diferente de curtir a música nos shows, outro fator que traz um diferencial do ritmo no estado são as radiolas. Na prática, a radiola pode ser definida como um equipamento que serve tanto como rádio como vitrola. Com o intuito de aumentar a potência do som e fazer com que a música pudesse ser ouvida ainda mais longe, alguns amantes do ritmo construíram uma espécie de disputas com seus equipamentos de som, com seus paredões.Atualmente, estimam-se cerca de 200 radiolas.

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