Viagem

Mochilão é opção para celebrar formatura antes de entrar no mercado de trabalho

Jornalista Juliana Alves Vidal compartilhará experiência sozinha pela América do Sul.

Na Mira

Atualizada em 27/03/2022 às 11h29
Jornalista diz que viagem sozinha é jornada de autoconhecimento
Jornalista diz que viagem sozinha é jornada de autoconhecimento (Arquivo pessoal)

Entrar no mercado de trabalho é o pensamento mais recorrente em quem acaba de se formar. Mas, antes de iniciar uma jornada profissional, há quem tenha necessidade de passar por um processo de autoconhecimento. É o caso da jornalista recém-formada Juliana Alves Vidal, que optou por celebrar sua formatura fazendo um mochilão, sozinha, pela América do Sul. Ela embarcará nessa jornada, que inclui uma passagem pelo deserto do Atacama, neste sábado (24).

Serão sete dias no Chile, cinco na Bolívia e 11 no Peru, seguindo um roteiro que ela afirma ser muito escolhido por jovens que lançam-se nesse tipo de aventura. "A ideia inicial era fazer essa viagem pela Europa, mas eu decidi que eu ia fazer no começo do ano. Foi uma época que o Real estava bem desvalorizado, o que encarecia muito a viagem, e quando teve alguns atentados terroristas que me deixaram com muito medo de ir, porque são coisas imprevisíveis. Isso me desanimou, então eu pensei em fazer mochilão pelo Brasil mesmo, mas, entrando em grupos de mochileiros no Facebook, eu vi que tinha muita gente que fazia esse roteiro que eu vou fazer pela América do Sul”, conta a jornalista.

A intenção da jornalista com a viagem, além de celebrar a formatura, é tentar descobrir que caminhos pretende seguir. "Eu sabia que eu ia acabar a faculdade e eu não tinha a menor ideia do que eu queria fazer. A única coisa que eu sabia era que eu queria fazer alguma coisa para comemorar a formatura porque eu não ia ter a festa, então pensei logo em uma viagem. Mas, a princípio, a ideia era fazer uma viagem comum, com amigas ou com a minha família, e não um mochilão e também não desacompanhada. Mas quando eu percebi que eu não sabia o que queria fazer, que eu precisava pensar melhor, eu decidi que eu queria um tempo, pra mim mesma, pra pensar melhor no que eu iria fazer. Nisso surgiu a vontade de fazer uma viagem sozinha, numa vibe meio de descoberta, de tentar me conhecer e entender melhor o que eu esperava, e não ter aquela pressa de entrar logo no mercado e atropelar as minhas vontades e aceitar logo o que viesse", relata Juliana.

Para montar o roteiro da viagem, Juliana Vidal contou com grupos de mochileiros por meio de redes sociais. “Então eu comecei a pesquisar os locais que eu poderia conhecer na América do Sul. O Atacama é um local que eu sempre quis ir, então eu decidi que eu iria incluir, era a única certeza que eu tinha. A Bolívia, que eu pensei que não fosse ir, pesquisando eu descobri que tem esse deserto de sal, que é o maior deserto de sal do mundo. É um lugar muito lindo, que eu não conheço ninguém que já foi, nunca tinha ouvido falar, então eu quis ir. O Peru também eu já tive curiosidade para conhecer, mas não era uma coisa que eu sempre quis, se encaixou no meu roteiro. E o preço da viagem não se difere muito do preço de viajar pelo Brasil”, detalha.

Sobre o fato de viajar sozinha, a jornalista afirma ter sido uma opção exatamente para que pudesse fazer essa jornada de autoconhecimento pós-formatura, o que não poderia ocorrer, de fato, em grupo ou com a família, por exemplo. “Muita gente fala que eu sou louca de estar indo sozinha, meus amigos, principalmente por questão de perigo e de medo de solidão. Mas a questão da solidão eu não tenho medo porque eu sou bem acostumada em fazer minhas coisas sozinha e também tenho facilidade em interagir com as pessoas nos momentos que eu achar necessário. Também vou ficar em hostel, que são acomodações de quarto compartilhado, que é bem jovem. Então, acho que não vai me faltar companhia se eu tiver aberta a isso. Mas em relação ao medo de ser uma mulher, sozinha, no mundo, eu sei que é um alvo bem vulnerável, e eu tenho medo sim”, admite.

Juliana confessa que, de início, os pais ficaram receosos com a escolha da filha, principalmente por ela viajar sozinha, mas, depois que ela mostrou a eles a necessidade de fazer essa jornada, eles apoiaram a escolha da filha. “Depois da faculdade, eu deveria, supostamente, ser uma pessoa independente, então eu me prender a não fazer esse tipo de coisa era eu atrasar esse progresso na minha vida. Então, acabou que no fim das contas eles apoiaram, mas estão preocupados. Mas a gente combinou de ficar mantendo contado para não deixá-los preocupados”.

“A primeira reação deles foi de espanto, principalmente por eu ir sozinha. Eles achavam perigoso, achavam que eu não deveria ir, que seria muito arriscado, que eu estava me precipitando. Mas, depois de muita conversa, eu expliquei que era um divisor de águas na minha vida. Depois da faculdade, eu deveria, supostamente, ser uma pessoa independente, então eu me prender a não fazer esse tipo de coisa era eu atrasar esse progresso na minha vida. Então, acabou que no fim das contas eles apoiaram, mas estão preocupados. Mas a gente combinou de ficar mantendo contado para não deixá-los preocupados”, finaliza.

Dicas para viajar sozinho em segurança

1) Planejamento

Ler bastante sobre os destinos: cultura, segurança, pontos da cidade para evitar, como usar transporte público, etc.

2) Hospedagem

Acabei escolhendo me hospedar em hostels, que combinam duas coisas maravilhosas: economia e interação. O cuidado que tive foi pesquisar bastante em sites e não me seduzir muito pelo preço. Vale a pena pagar um pouco mais para ficar em um local bem localizado e de acesso fácil e seguro. Mais: escolhi em todas as cidades quarto exclusivo para mulheres. Passa mais segurança.

3) Controlar os drinks

Pensei e repensei sobre esse assunto várias vezes, mas o que decidi foi apenas por ter cautela. Não vou deixar de experimentar bebidas novas, como o pisco sour. Seria um desperdício. É só controlar as quantidades. Mais: decidi evitar “drinks”, especialmente em baladas, e dar preferência sempre a bebidas enlatadas.

4) Compartilhar o roteiro

Estou deixando todo o meu roteiro impresso e anotado em casa. Assim, meus familiares terão sempre uma ideia de onde me achar caso não consigam contato. Além disso, pretendo ativar um aplicativo para deixar minha família mais tranquila. Qualquer mudança de planos, avisar. Se não for a família, avise pelo menos um amigo.

5) Bom senso e respeito aos instintos

Se você não andaria em uma rua deserta e escura na sua cidade, não ande em uma rua deserta e escura em Nova York, Santiago ou Berlim. Se você não confia seus documentos e dinheiro a alguém que conheceu ontem, não faça isso durante uma viagem.

6) (Para mulheres) Use uma aliança fake

O meu feminismo chora nesse item. Mas por segurança, vale tudo. Li muitos relatos de assédio a mulheres que viajam sozinhas e uma das dicas que encontrei por aí foi a de usar um anel em alusão a uma aliança. É triste que homens tenham tendência a respeitar mais a pseudo existência de um homem imaginário que as nossas próprias vontades, não é?

7) Esteja aberta a fazer amigos

Ok, a minha ideia é ter um tempo só pra mim. Me curtir, meditar e fazer todas as minhas vontades. Mas ainda assim sou uma total entusiasta do “juntos somos mais fortes”. Pode ser uma galera do hostel, alguém que você conheceu em um tour ou qualquer ser humano que apareça na sua frente e a vibe dele combine com a sua. Com mais pessoas juntas, são mais cabecinhas pra pensarem e se cuidarem juntas.

8) Aplicativos de segurança

Peguei um crush forte por um aplicativo feito para aqueles momentos que a gente está andando na rua e se sentindo insegura, sabe? Pois é. Através dele, o usuário pode acionar amigos para fazer “companhia” durante um percurso, por meio do mapa. O melhor é que o amigo em questão não precisa ter o aplicativo baixado, então pode ser qualquer pessoa mesmo. Além disso, dá para fazer um alerta em caso de perigo ou mesmo chamar a polícia.

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