Cultura

Teatro Arthur Azevedo celebra 196 anos de arte, cultura e lazer

Os ingressos serão trocados, na bilheteria do teatro, por uma lata de leite em pó.

Divulgação/Secma

Atualizada em 27/03/2022 às 12h08

Mais importante casa de espetáculos do Maranhão e uma das mais belas e admiradas do Brasil, o Teatro Arthur Azevedo (TAA) comemora, neste sábado (1º), 196 anos de existência. A festa será antecipada e, na quinta-feira (30), às 20h, haverá apresentação da comédia de costumes maranhense “Pão com Ovo”, campeã de bilheteria e sucesso de público. Os ingressos serão trocados, na bilheteria do teatro, por uma lata de leite em pó – a troca ocorrerá de terça (28) a quinta-feira (30), a partir das 14h.

Essa é uma iniciativa do Teatro para presentear a cidade com um espetáculo que já é um sucesso e continua lotando as plateias. Na ação beneficente, o leite arrecadado será doado a uma instituição filantrópica. “Foi a forma que encontramos para unir o sucesso do espetáculo e beneficiar crianças que necessitam desse alimento”, informou Roberto Brandão, diretor do TAA.

A apresentação do espetáculo “Pão com Ovo”, montagem da da Santa Ignorância Cia. de Artes, com os atores Cesar Boaes, Adeilson Santos e Charles Jr., é um oferecimento do Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado de Cultura (Secma), para brindar os 196 anos de arte do Teatro dando ao público maranhense momentos de descontração e lazer.

A peça conta a história de duas personagens, Dijé (vivida por Adeílson Santos), moradora no bairro do Fumacê, periferia de São Luís, e de Clarisse (interpretada por César Boaes), uma emergente alpinista social. São amigas de escola que se reencontram anos depois e falam de coisas engraçadas do cotidiano das suas vidas, retratando de forma bem humorada o atendimento nas empresas e os hábitos e costumes de São Luís.

Os atores se revezam em vários personagens em uma estrutura simples de montagem para facilitar o acesso da peça a qualquer espaço cênico, sem, no entanto, perder a qualidade com as composições dos personagens. A montagem conta, ainda, com o ator Charles Jr. revezando-se em vários personagens. A proposta da peça vem de alguns quadros já experimentados em apresentações em treinamentos para qualidade de atendimento de diversas empresas da cidade. O espetáculo “Pão com Ovo” é um texto coletivo, com direção de César Boaes.

“Apesar de ter como foco principal a comicidade e o humor, a peça busca além da diversão e do entretenimento, estimular também, a discussão das relações sociais da nossa cidade”, destacou César Boaes.

Casa de Arte e Histórias

Surgida do desejo de dar à cidade um espaço reconhecido para as artes cênicas, dois construtores portugueses, Eleutério Lopes da Silva Varela e Estêvão Gonçalves Braga escolheram iniciaram em 1815, no Largo do Carmo, entre as Ruas do Sol e da Paz, e aos fundos da Travessa dos Sineiros, a construção do que viria a ser o Teatro Arthur Azevedo, a mais luxuosa e glamorosa casa de espetáculos de São Luís, inaugurada dois anos depois, em 1º de junho de 1817.

Mas, a construção desse teatro não se deu de forma tão simples e ordeira, pelo contrário, muitos foram os empecilhos e dificuldades impostos, principalmente, por parte dos padres carmelitas da Igreja do Carmo, que não aceitavam nem admitiam o funcionamento de um teatro, uma casa de espetáculos profanos ao lado da imponente igreja e, conseguiram embargar a construção do prédio, atrasando sua abertura que só aconteceu após muitas discussões e debates, complicando a situação cada vez mais.

A questão só foi resolvida pelo Juízo Especial que autorizou a construção desde que a entrada do prédio ficasse pela estreita Rua do Sol. Dessa forma, o teatro pode ser inaugurado com o nome Teatro União, uma homenagem à elevação do Brasil a Reino Unido de Portugal e Algarve, com um espetáculo apresentado pela Companhia Dramática de Lisboa.

Entre os anos de 1841 e 1845, o Teatro União foi alugado à Sociedade Dramática Maranhense. Frustradas as tentativas de sobrevivência, e com um público cada vez mais escasso, a casa foi fechada em 1848 e reaberta quatro anos depois, com o nome de Teatro São Luís.

Na noite de 26 de abril de 1854, aconteceu o primeiro Baile de Máscaras, que gerou intermináveis discussões e debates entre a população. Ainda naquele ano, outro fato, acontecido no Camarim número 01, passou para a história de São Luís, o nascimento em 21 de junho de 1854 aquela que viria 12 anos mais tarde estrear no papel da Ingênua ‘A Cigarra de Paris’, a imortal atriz Apollonia Pinto, que o Maranhão projetou para o teatro brasileiro, falecida no Retiro dos Artistas no Rio Janeiro em novembro de 1937.

Na gestão do governador Urbano Santos, na segunda década do século XX, o Teatro voltou a mudar de nome, passando a se chamar definitivamente Teatro Arthur Azevedo, em homenagem ao teatrólogo maranhense.

Já no ano de 1932 foi doado ao Município onde permaneceu por alguns anos, voltando ao Patrimônio Estadual em 1965, no governo de Newton Bello. Ainda nessa gestão passou para as mãos do Departamento de Cultura da Secretaria de Educação e Cultura. Nos últimos anos, o Teatro Arthur Azevedo sofreu várias reformas e reparos. No ano de 1966, foram concluídas as obras de restauração pelo cenotécnico Silvio da Silva Couto que encerrou o trabalho de reequipamento cênico. O Teatro foi reaberto em 1968 com a montagem de "Abrão e Sara", por artistas maranhenses.

Em 1978, o Governo do Estado e a Fundação Cultural do Maranhão restauraram as instalações, pintura e serviços de limpeza geral. Em 1993, depois de intensas pesquisas realizadas em estudos fotográficos do século XIX, o Teatro Arthur Azevedo readquiriu grande parte de sua originalidade. E depois de quatro anos fechado foi entregue ao público maranhense em novembro de 2005.

Segundo mais antigo teatro construído no Brasil, ainda em funcionamento completo, o Arthur Azevedo é um dos 16 Teatros Monumentos do Brasil e, em 2012, recebeu mais um título, um dos 7 Tesouros do Patrimônio Cultural Material de São Luís, concedido pelo Bureau Internacional de Capitais Culturais, quando das comemorações de aniversário dos 400 anos da cidade de São Luís.

Uma Casa para ser visitada

Com salas e espaços decorados e montados com móveis, quadros, espelhos e porcelanas o TAA funciona também como uma Casa de Visitação inserida no roteiro turístico da cidade e suas visitas são semanais, de terça a sexta-feira, no horário das 14h às 17h. Alunos de escolas públicas têm acesso livre para conhecê-lo, escolas particulares tem taxa de um real por aluno, enquanto o público visitante em geral é cobrado uma taxa de dois reais por pessoa para visitas que são guiadas por monitores instruídos sobre toda a história do teatro.

A visita começa pelo Foyeur (Hall de entrada) decorado com espelhos em cristal, vasos e piso em granito, que tem a função de receber e acomodar o público nos momentos que antecedem o início do espetáculo. Nesse espaço se encontram os bustos em homenagem a Apolônia Pinto e Arthur Azevedo.

Em formato de ferradura a Plateia conta com poltronas acolchoadas e lustre central com mobilidade comandada por equipamentos eletrônicos. Tem uma lotação de 756 lugares (222 na Plateia, 132 nas Frisas, 126 nos Camarotes, 132 nos Balcões, 132 nas Galerias e 12 lugares no Camarote Oficial).

O espaço mais importante do Teatro, o Palco mede 324m² com 15m de profundidade por 12m de boca de cena, um fosso e elevador de orquestra. O espaço aéreo é constituído de sistema de 32 varas de cenários e sete varas de luz, mais o ciclorama em madeira e coxias de circulação que formam a caixa cênica, oferecendo padrões excelentes de acústica. Sobre o palco, um piano de calda inteira.

Localizado no segundo piso o Salão Nobre mede 230m², é decorado com delicadas cortinas, móveis do século XIX e XX, mesas, jarros, conjuntos de sofás e poltronas de palhinha e estofados sobre tapetes. Nas paredes espelhos de cristal emoldurados sob iluminação de lustres de cristal, com piso em granito róseo.

Com paredes espelhadas, barras de apoio para dança, piano profissional, piso em madeira, o Salão Versátil permite utilização para pequenas audições ao piano, canto lírico, coro, música popular e erudita, além de aulas de dança e ensaios de espetáculos, justificando a denominação "versátil" desse espaço.

Sala de Dança, com 154 m² está localizada no terceiro piso, no anexo do TAA, é equipada com paredes espelhadas, piso de madeira adequado com barras fixas e móveis, iluminação especial para aulas e ensaios de dança.

A Sala do Coro também localizada no terceiro piso do anexo administrativo, dispõe de um piano de gabinete, parede espelhada e barras móveis. É destinada para ensaios de corais e pequenos grupos teatrais e de dança. Localizado à direita do palco, no nível das frisas o TAA conta com um Bar que atende ao público antes e nos intervalos dos espetáculos.

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