“Ó mar, por que não apagas/ Co’a esponja de tuas vagas/ Do teu manto este borrão?”. Usando os versos escritos pelo poeta Castro Alves, em 1869, do poema Navio Negreiro a fotógrafa Veruska Oliveira apresenta do seu novo trabalho, o livro “Quilombolas do Maranhão: Um retrato”, cujo lançamento será realizado hoje, domingo (2), no estande da Vale, às 17h, na 6ª Feira do Livro de São Luís.
Produzido com o patrocínio do Ministério da Cultura e Vale, a obra possui 79 imagens registradas em 20 comunidades quilombolas maranhenses. São elas: Boa Vista, Bom Jesus dos Pretos, Cajueiro, Cariongo, Imbiral, Jiquiri, Mamuna, Pedreiras, Pedrinhas, Pepital, Quebra, Quelru, Queluz, Santa Helena, Santa Isabel, Santa Rosa, Santana, Santo Inácio, São Patrício, Suasse.
“Sentia a necessidade de identificar estes homens e mulheres que lutaram tanto pela garantia dos direitos das comunidades negras rurais quilombolas. Eu queria documentar sua história de luta, seus costumes, religiosidade e suas manifestações culturais, para que isso não se perca e acabe por ser apenas uma lembrança longínqua deles. Eu queria mostrar isso para todos, para que as pessoas de fora pudessem conhecer e admirar esse povo”, explica a fotógrafa.
O livro traz fotografias de atividades laborais, culturais e, principalmente, retratos de pessoas da comunidade. São imagens que registram a luta diária dessas comunidades para preservar costumes e tradições. “Durante o processo de execução deste projeto, aprendi que nunca seremos capazes de saber quanto o passado pode nos surpreender, até que tenhamos a oportunidade de descobri-lo. Existem coisas escondidas na história que apenas os que a viveram são capazes de trazer à tona. Somente estes homens e mulheres quilombolas são capazes de conhecer a dor e aflição que desenharam suas vidas”, diz Veruska Oliveira.
História – Vários quilombos foram fundados no estado do Maranhão, cujo influxo de escravos, embora tardio, foi intenso. Desde o século XVII havia negros trabalhando nas atividades agrícolas; no século seguinte, porém, a quantidade de escravos trazidos para a região foi impressionante. A criação da Companhia de Comércio do Grão-Pará e Maranhão impulsionou a aquisição de mão de obra africana, por ela financiada.
O número de escravos cresceu tanto que, na década de 1820, chegou a compor 55% da população maranhense. Não havia, no Brasil de então, lugar que ultrapassasse tal cifra. A população escrava concentrava-se na baixada ocidental e nos vales dos rios Itapecuru, Mearim e Pindaré.
As comunidades remanescentes de quilombos tiveram sua situação regularizada e protegida por lei a partir da Constituição de 1988. Ao Estado cabe a responsabilidade de emitir títulos para os quilombolas.
De acordo com o Centro de Cultura Negra do Maranhão, existem no Estado 527 comunidades quilombolas em 134 municípios. Embora a quantidade de comunidades por receber títulos seja considerável, o Maranhão fica atrás apenas do Pará em número de terras tituladas.
Serviço
O que: lançamento do livro “Quilombolas do Maranhão: Um retrato”, da fotógrafa Veruska Oliveira
Quando: domingo (2)
Onde: no estande da Vale, às 17h, na 6ª Feira do Livro de São Luís
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