Back2black

Lauryn Hill e Nneka em noite de abertura do Back2Black, no Rio

A quarta edição do festival começa nesta sexta-feira (23) e vai até domingo (25).

Pedro Sobrinho, especial para o Imirante.com

Atualizada em 27/03/2022 às 12h14

Aparentemente Jimmi Hendrix e Janis Joplin parecem ter feito o caminho inverso pela música. É, para muitos, o conceito do pretinho de alma branca que enveredou pelo rock. Ela, a branquinha de alma preta que fez opção pelo blues.

Entre os rótulos criados pela indústria cultural e perpetuados por meio mundo, traduz que assim como a alma, a música não tem cor. E um dos bons exemplos para legitimar essa tese está resumida no festival Back2Black, que chega em sua quarta edição na Estação Leopoldina, zona portuária do Rio de Janeiro, e uma versão gringa realizada, entre os dias 29 e 1 de julho, deste ano, no Old Billinsgate, em Londres, pegando carona pelos jogos olímpicos na capital da Inglaterra.

Segundo os organizadores do evento, a meta é reconstruir a conexão da sociedade moderna com as raízes africanas. Estarei acompanhando de perto o festival que usa a coerência e a contextualização dos fatos para mostrar que a tradição e a modernidade são filhas das mesma mãe. E jamais se deve ignorar a importância do continente africano como o verdadeiro berço da humanidade.

Plural

A partir desta sexta-feira (23), até domingo, uma diversidade de atrações marca registrada do Back2Black, desde que foi criado em 2009. Nomes como o de Macy Gray, Gilberto Gil, Marisa Monte, Criolo, Marcelo D2, Arnaldo Antunes, o senegalês Youssou N’Dour, Nação Zumbi, Seu Jorge, Martn´ália, além da cubana Omara Portuondo. O cantor Prince chegou a ser convidado para o festival, mas bateu fofo.

Na versão brasileira de 2012, uma nova seleção musical – que vai do samba ao hip-hop, passando pelo jazz, rhythm and blues, funk, maracatu e carimbó, entre outros -, acompanhada de uma mostra de artes e de um ciclo de debates. Nas três edições anteriores, o festival recebeu um público de 60 mil espectadores.

De acordo com os organizadores do evento, este ano o festival contará com dois palcos – no ano passado foram três. No entanto, a arena montada ao redor dos palcos terá capacidade para receber uma quantidade maior de pessoas. Entre as 20 atrações musicais, o destaque fica por conta da forte presença de mulheres no elenco internacional.

Primeiro, as damas

Inéditas para o público brasileiro, vão se apresentar no festival as cantoras americanas Missy Elliott, rapper detentora de cinco prêmios Grammy, e Santigold, sucesso no estilo pop contemporâneo. A cantora nigeriana Nneka, a malinesa Fatoumata Diawara e a cabo-verdiana Lura vão garantir a presença feminina africana.

A música africana também será representada pelo sul-africano Hugh Masekela e pelo congolês Jupiter & Okwess International, entre outros. A lista de atrações brasileiras inclui a cantora Gal Costa, com seu elogiado show Recanto, o percussionista Naná Vasconcelos, Martinho da Vila, Mart’nália, Virginia Rodrigues e os rappers Flávio Renegado e Emicida.

Fórum

Os debates serão realizados nos dois últimos dias do evento, no auditório da desativada estação ferroviária, e terão a curadoria do escritor angolano José Eduardo Agualusa. Uma discussão sobre o lugar da mulher na literatura e nas sociedades africana, cubana e brasileira inaugura o ciclo, às 18h do dia 24. Com a mediação da jornalista Paula Cesarino Costa, o tema será debatido pelas escritoras Paula Chizane, de Moçambique, Karla Suarez, de Cuba, e Ana Maria Gonçalves, do Brasil.

A segunda conferência do dia, às 19h45, será dedicada ao tema A Presença do Samba na Literatura Brasileira e dos Poetas e Escritores no Samba. O escritor Paulo Lins, autor dos romances Cidade de Deus e Desde que o Samba é Samba, e os músicos Nei Lopes e Martinho da Vila, também escritores, dividirão a mesa, que terá como moderador o jornalista Vagner Fernandes.

No domingo (25), às 16h30, a presença dos orixás na literatura brasileira e as razões de Jorge Amado para não ter deixado sucessores à sua obra serão debatidas pelo sociólogo Reginaldo Prandi e pelo escritor Alberto Mussa, com a moderação a cargo de José Eduardo Agualusa.

No encerramento da série de palestras, às 18h15, o músico sul-africano Hugh Masekela e o escritor cubano Carlos Moore, autor de uma biografia do músico nigeriano Fela Kuti, debaterão as relações da África com o Brasil e o papel da música no combate ao apartheid e ao racismo.

A mostra de arte do Back2Black homenageia este ano o pintor argentino radicado no Brasil Carybé (1911-1997), que retratou a cultura negra brasileira em suas obras. Trinta painéis com ilustrações do artista, incluindo a série retratada no Livro dos Orixás, de Jorge Amado, vão decorar a Estação Leopoldina.

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