Música

O Rappa faz a plateia cantar e dançar com 'hits'

O show da banda carioca aconteceu no último sábado, (7), em São Luís.

Pedro Sobrinho - Na Mira

Atualizada em 27/03/2022 às 12h19

Venho de uma geração que cultua a tradicional MPB de Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil, João Bosco, Gal Costa, Milton Nascimento, entre outros nomes que contribuiram e continuam a contribuir na manutenção de um padrão de qualidade na música, onde a poesia, a harmonia, são elementos essenciais na existência da música. Mas costumo sempre dizer que o meu passado não está morto. Mas também não defendo a tese que a melhor música é a do meu tempo, pois o passado é a referência para o presente e um futuro a ser construído.

 O Rappa, com o vocal de Falcão, faz público cantar e dançar. Foto: Alex Trinta / Na Mira.
O Rappa, com o vocal de Falcão, faz público cantar e dançar. Foto: Alex Trinta / Na Mira.

Freestyle

E como a música é uma arte em movimento e com possibilidades mil de mudanças, o que resta é garimpar as novidades e filtrar o que é acessível aos ouvidos. E na cena atual brasileira uma das bandas que mais tem me chamado atenção é o Rappa. Não vou dizer e nem sugerir como a melhor coisa do mundo para se ouvir, mas aprecio jeito visceral e a mistureba sonora produzida pelo grupo.

Formado Marcelo Falcão (vocal), Alexandre Menezes (Xandão) (guitarra solo), Lauro Farias (baixo elétrico) e Marcelo Lobato (teclados, vibrafone e bateria), além do DJ Negralha e Cleber Sena (bateria e percussão), o Rappa surgiu e se posiciona de maneira estratégica, na certeza de conquistar sempre uma fatia significante do mercado.

Esses detalhes foram observados no show dos caras, no último sábado (7), em São Luís. São 20 anos na estrada, com uma pausa de dois anos sem gravar e encarar os palcos, sem falar nos quase quatro anos longe do público de São Luís. Enfim, o retorno foi gratificante. A banda carioca colocou a sua alquimia à base de samba, funk, rap e MPB num reencontro que durou aproximadamente duas horas. O público, que chegou desde cedo e assistiu as bandas locais, [Diamante Gold, Neura e Dicore], intervenções de ‘deejays’, além da vitória de Anderson Silva, no UFC, estava com a adrenalina à flor da pele, ansioso e ávido por o show marcado pela atitude. E o melhor aconteceu. Foi uma farra em que o Falcão, com seu jeitão frio, mas sempre com a tomada ligada incursionou por todos os discos gravados pela banda. Um pacote sonoro que contagiou a legião de fãs, que dançou e cantou da primeira a última música, esquecendo da existência do dia seguinte.

Só Hits

Eles castigaram fazendo barulho com os principais ‘hits’, entre eles, ‘ A Minha Alma (A Paz que Eu Não Quero)’, ‘Me Deixa’, ‘O Que Sobrou do Céu’, ‘Reza Vela’, ‘Rodo Cotidiano’, ‘O Salto’, ‘Mar de Gente’, ‘Monstro Invisível’, ‘Meu Mundo é o Barro’, ‘Súplica Cearense’, ‘Hey Joe’, ‘Pescador de Ilusões’, ‘Tribunal de Rua’, ‘Vapor Barato’ e por aí vai.

 Os fãs fizeram a farra com a alquimia sonora do Rappa. Foto: Alex Trinta / Na Mira.
Os fãs fizeram a farra com a alquimia sonora do Rappa. Foto: Alex Trinta / Na Mira.

Religião

Para muitos o Rappa já virou uma entidade com identidade própria. É uma banda que não se preocupa com tendências ou rótulos, descartando aqueles que adoram uma classificação para dizer que são fiéis a alguma coisa. Não faz apologia aos com espírito etnocêntrico, presos na Casa Grande e Senzala, absorvendo a ideia de que a empáfia é prima da arrogância e o extremismo é irmão legítimo da alienação podendo provocar a intolerância. Portanto, ouvir a simbiose sonora do Rappa é romper com o jeito ‘xiita de ser’ e perceber da necessidade de ouvir a sonoridade vinda de qualquer ‘gueto square’, mesmo reconhecendo que temos as nossas preferências.

E se o papo está para Surdos e Mudos, valeu a pena a música do Rappa. Com defeitos ou não, sensibiliza a minha audição como algo presente, puramente dançante, uma religião, apto as novas experiências e novas conquistas. Enfim, é tudo junto e misturado com coerência...

* Com informações do Blog de Pedro Sobrinho.

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