NOVA YORK -- Pesquisadores do National Institute on Aging, de Baltimore, Estados Unidos, descobriram uma ligação entre a função mental e altos níveis de testosterona no sangue de homens idosos.

Os investigadores perceberam que homens mais velhos que apresentam níveis relativamente altos de testosterona fluindo livremente na corrente sangüínea - uma forma do hormônio sexual masculino que não está limitada a uma proteína - tendem a se sair melhor em testes de memória e em outros aspectos do funcionamento mental.

A Dra. Susan Resnick, principal autora do estudo, disse à agência Reuters não ter certeza de que a testosterona em si ajuda os homens a reter algumas de suas habilidades mentais em uma idade mais avançada, ou se o hormônio se transforma em estrogênio no cérebro e se seria este hormônio feminino que estimularia a função do órgão.

Mesmo assim, Resnick observou que qualquer tratamento para melhorar a memória baseado no aumento dos níveis de testosterona vai demorar a aparecer, se é que um dia isso acontecerá.

Pesquisas anteriores sugeriram que a testosterona pode aumentar os riscos de um homem sofrer um derrame, lembrou a médica. Além disso, grandes quantidades do hormônio masculino podem até aumentar a chance de o homem desenvolver câncer de próstata.

Evidências recentes demonstraram que a terapia de reposição hormonal em mulheres na pós-menopausa pode causar mais danos do que benefícios à saúde. E essa é uma boa lição para todos os pesquisadores que estudam tratamentos envolvendo hormônios. Segundo a Dra. Resnick, é preciso proceder com cautela.

A pesquisadora explicou que os riscos e benefícios devem ser esclarecidos antes que os hormônios sejam usados para algum tratamento.

Este não é o primeiro estudo a relatar uma ligação entre os níveis de testosterona no sangue e a memória em homens idosos. Um estudo demonstrou que homens que receberam uma injeção semanal do hormônio sexual masculino pareceram sentir melhoras em suas habilidades espaciais e na memória verbal.

Outro estudo, com roedores, descobriu que as células nervosas expostas à testosterona tendem a produzir uma forma benigna ou benéfica de uma proteína em particular, que está presente de forma prejudicial nos cérebros dos portadores do mal de Alzheimer.

No estudo atual, relatado na edição de novembro do Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism, a Dra. Resnick e sua equipe mediram os níveis do hormônio masculino limitado à proteína e de livre circulação no sangue em 417 homens com idades entre 50 e 91 anos. Os pesquisadores continuaram examinando os níveis hormonais dos homens por 10 anos, tempo em que também aplicaram a eles repetidos testes destinados a medir diferentes aspectos da função mental.

A equipe da Dra. Resnick descobriu que os homens com níveis de testosterona livres no sangue mais altos do que a média superaram outros em alguns testes de função mental, mas não todos eles. Especificamente, os homens que apresentaram níveis mais altos do hormônio masculino se saíram melhor em testes de memória visual e verbal, durante os quais eles repetiram listas de palavras ou desenharam uma imagem que lhes havia sido mostrada antes.

Os participantes também superaram seus pares durante testes espaciais em que copiaram formas que eram rodadas em diferentes direções.

Em entrevista à agência Reuters, a Dra. Resnick explicou que somente a forma de livre circulação no sangue da testosterona - e não aquela limitada à proteína - pode atingir o cérebro, onde exerceria seus efeitos sobre a memória.

Mas a forma como os hormônios influenciam a memória permanece desconhecida, lembrou a médica, estudos anteriores mostraram que os hormônios podem afetar a quantidade de sangue que circula para o cérebro, assim como a atividade das células nervosas.

Com tanto ainda por esclarecer, a Dra. Resnick destacou que as pessoas não devem recorrer à testosterona para evitar declínios mentais causados pelo envelhecimento. "Não recomendamos que as pessoas saiam por aí para comprar isto", afirmou.

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