O Ultraje a Rigor volta com novo álbum, e nenhum amadurecimento

Globo On Line

Atualizada em 27/03/2022 às 15h32

O garotão Roger, que no início da década de 80 cantava à frente do Ultraje a Rigor a história bobinha e divertida de uma tal galinha Marylou, agora tem 45 anos. E daí? - é o que parece perguntar, da primeira a última faixa, o novo disco da banda, "Os invisíveis" (Deck Disc). As letras, os riffs de guitarra e as fotos do encarte do CD trazem o mesmo espírito adolescente que consagrou hits como "Nós vamos invadir sua praia", "Rebelde sem causa" e "Ciúme". Por irônico que isso possa parecer, o vocalista, que assina quase todas as músicas, encara com maturidade essa sua "síndrome de Peter Pan" musical:

- Não sou mais adolescente e não quero fingir que sou. Ao mesmo tempo, não tenho o mesmo estilo de vida dos caras da minha idade. Sei lá, eu vivo meio num limbo - brinca. - Mas, na hora de compor, procuro colocar o que ainda tenho de adolescente. Tornar o som simples e direto é a maior dificuldade. A tendência natural é complicar, e isso é mortal para o rock'n roll. Os temas das letras não têm que ser uma revelação, uma história do outro mundo.

Realmente, "Os Invisíveis" não é o melhor lugar para se procurar uma revelação. O disco tem pitadas de escatologia ("Esta canção"), um manifesto contra o trabalho ("Domingo eu vou pra praia"), encontros e desencontros amorosos ("Miss Simpatia" e "A gente é tudo igual") e ironia sobre as celebridades metidas a bacana ("Todo mundo gosta de mim"). Roger contou que esta foi inspirada em "um desses sertanejos".

- Tem cara que vai em programas de televisão e não tem o menor pudor de dizer "eu sou o máximo", "vendi 200 milhões de cópias", coisas assim. Esse chegou a se comparar a Roberto Carlos! - espeta.

Universo da surf music dá o tom do CD - Se as letras atiram em diversas direções, o som tem uma direção mais clara - o litoral. As referências ao universo da surf music aparecem na onda que ilustra a capa do CD, no visual "painel de cortiça" do encarte e, é claro, nas guitarras e metais.

- Sempre curti surf music e já no nosso primeiro disco a gente trazia influências de Beach Boys e The Ventures. Também tenho ido mais à praia. Desde pequeno pego jacaré, depois passei para prancha de madeira, isopor. Gosto da filosofia do surf.

A "nova formação" do Ultraje, que aparece em "Os Invisíveis", não é tão nova assim. Para gravar o CD, Roger convocou o guitarrista Sérgio Serra, que tocou na banda em "Sexo!" e "Crescendo", o baixista Mingau, que está com o Ultraje desde o útimo disco, "18 anos sem tirar", lançado em 1999, e o baterista Bacalhau, ex-Rumbora, o único que está chegando agora. O vocalista comenta que a sintonia do grupo está afinadíssima e brinca com sua diferença de idade - os outros três têm, em média, 30 anos.

- Essa é mais ou menos minha idade mental.

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