BRASIL - Nos últimos dias, o tópico ‘Ratanabá’ se tornou um dos assuntos mais comentados das redes sociais. O nome se refere a uma teoria surgida na internet sobre uma suposta civilização antiga de tecnologia avançada que teria existido há cerca de 600 milhões anos atrás, onde hoje se encontra a floresta amazônica.
Em entrevista ao G1, o arqueólogo Eduardo Goés Neves, professor do Centro de Estudos Ameríndios da Universidade de São Paulo (USP) e coordenador do Laboratório de Arqueologia dos Trópicos do Museu de Arqueologia e Etnologia da mesma instituição, classificou a teoria como ‘infundada’ e ‘delirante’.
Góes é responsável por estudos arqueológicos realizados na região da Amazônia há mais de três décadas. De acordo com as publicações dos internautas a respeito de Ratanabá, a cidade seria supostamente maior que a capital paulista e esconderia ouro e tecnologia avançada.
"Para ter ideia, nem os dinossauros existiam há 350 milhões de anos. Nossos ancestrais mais antigos viveram há mais ou menos 6 milhões de anos. Mas a nossa espécie mesmo, o Homo sapiens sapiens, surgiu há 350 mil anos na África", explica o professor. "Isso não faz o menor sentido do ponto de vista da história geológica e biológica do nosso planeta."
"Se alguém falasse que existiram cidades na Amazônia há 3.500 anos eu até pensaria que essa era uma questão para tentar entender melhor e pesquisar. Agora, uma civilização há 350 milhões de anos? Não existe a menor possibilidade disso", disse.
O arqueólogo relatou também que os profissionais da área defendem que existiram sim civilizações na região, porém, nada semelhantes à lenda de Ratanabá: "Tudo isso é um delírio", concluiu Eduardo.
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