Dia das Mães

Maranhenses falam dos desafios e das transformações com a maternidade aos 40

Tem crescido o número de mulheres que decidem ser mães a partir dos 40 anos.

Imirante.com / com informações do g1 MA

- Atualizada em 08/05/2022 às 10h49
Marcela Simplício e Paula Boueri, ambas jornalistas, foram mães aos 40.
Marcela Simplício e Paula Boueri, ambas jornalistas, foram mães aos 40. (Reprodução / Redes Sociais)

SÃO LUÍS - Nos últimos anos, a maternidade após os 40 anos tem deixado de ser algo tão incomum. Com isso, muitas mulheres têm esperado cada vez mais para terem seus filhos. Essa realidade é comprovada por estatísticas.

Um estudo feito e divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2019, revelou que houve um crescimento de 36% no número de nascimentos para mães entre os 30 e 44 anos, faixa etária considerada ‘menos incomum’ para a maternidade.

Uma reportagem do g1 Maranhão conversou com duas maranhenses que se tornaram mães aos 40 anos, sob duas perspectivas diferentes da maternidade. Elas revelaram como lidaram com a notícia, as mudanças provocadas pela chegada de um bebê e como conciliam sua nova rotina paralela às suas carreiras.

Mãe de gêmeos

Ser mãe sempre esteve nos planos da jornalista maranhense Marcela Simplício de Araújo, de 47 anos. Porém, a realização desse sonho só se concretizou aos 45 anos, em meio à pandemia da Covid-19 e com uma carreira profissional consolidada.

Mas, para a surpresa dela, a notícia da gravidez chegou em um momento inusitado. Marcela Simplício descobriu que estava grávida dos gêmeos Júlia e Gael, na semana em que a Organização Mundial de Saúde (OMS) decretou a pandemia de Covid-19 no mundo.

Ela conta que além do desafio de enfrentar uma gravidez de risco, devido à idade, conciliar a rotina agitada de trabalho por conta da profissão, ela precisou enfrentar um inimigo invisível, que é o coronavírus, e redobrar os cuidados com a saúde.

“Eu sempre quis ser mãe. Fiz tratamento por alguns anos, já estava no meu ‘deadline’ e achava que não iria mais engravidar. Na semana em que anunciaram a pandemia de Covid-19, eu soube que estava grávida. Foi um misto de sensações, não sabia se ria ou se chorava. Tive muito medo, principalmente, por causa da idade, medo da Covid e por serem dois de uma vez só”, conta a jornalista.

Marcela Simplício explica que alguns médicos chegaram a dizer que a gravidez poderia não dar certo, já que um dos dos bebês não tinha o peso considerado ideal para o tamanho do feto. Mesmo assim, ela não desistiu.

“Era um milagre para mim estar grávida, ainda mais de dois. Então, de qualquer forma, eu já estava feliz por ter a oportunidade de ser mãe, independente do que acontecesse durante minha gestação”, afirmou Marcela.

No auge da carreira, a jornalista precisou enfrentar um outro desafio: a mudança de comportamento em relação ao trabalho. Com uma vida agitada e repleta de viagens à trabalho, Marcela afirma que a pandemia proporcionou que ela pudesse aproveitar mais a gravidez e redobrar os cuidados com a gestação, já que muitos trabalhos deixaram de acontecer.

“Minha médica disse que eu engravidei na época certa. Eu trabalho com eventos e faço muitas viagens e tenho uma vida corrida. Com a gravidez e a pandemia ao mesmo tempo, eu precisei desacelerar já que não tinha muitos trabalhos acontecendo. Eu fiquei em casa o tempo todo, já que tinha muito medo de pegar Covid-19, sempre repousando e por isso, não tive intercorrências”, conta Marcela.

A maternidade fez com que Marcela precisasse adiar alguns planos pessoais, como, por exemplo, o sonho da casa própria. A jornalista voltou a morar com os pais para que tivesse uma rede de apoio maior com a chegada dos gêmeos.

Hoje, com 1 ano e seis meses, os gêmeos Júlia e Gael vivem uma fase de mais liberdade durante a pandemia, com o relaxamento de algumas medidas sanitárias. Atrelado a isso, Marcela retornou com força total à rotina como jornalista e agora, enfrenta mais um desafio em tentar adequar os momentos de lazer com a família e o trabalho.

“Eu tenho uma base familiar muito boa, o que me ajuda muito. Mas os trabalhos começaram a voltar e eu estabeleci uma rotina mínima para conseguir dar conta de tudo. Quando viajo, meu marido fica com as crianças e quando estou na cidade, sempre tento chegar no fim da tarde para conseguir aproveitar mais momentos com eles”, diz.

Algumas amigas de Marcela também se tornaram mães na mesma faixa etária que ela. Uma delas é a ‘sogra’ da jornalista, que também teve um filho depois dos 40 anos. Para ela, a maternidade mais tardia é um dos reflexos da mudança no estilo de vida de muitas mulheres.

Mãe aos 40 anos

“A maternidade nunca foi um sonho para mim. Eu imaginava que em algum momento da minha vida ela poderia ocorrer, mas não foi algo que eu idealizei e persegui. Tive uma fase que achava que não iria ter filhos, porque parecia que não cabia na minha rotina”, revela a jornalista Paula Boueri, de 40 anos.

Paula conta que teve, por muito tempo, dificuldade com a ideia de ser mãe. Segundo Paula Boueri, a maternidade significava ter que abrir mão dela mesma e com isso, a jornalista precisaria deixar de fazer as coisas no tempo dela, o que a incomodava.

Hoje, grávida do primeiro filho, ela enxerga a maternidade com outros olhos, longe do romantismo que cerca a palavra. A virada de chave aconteceu após uma mudança da perspectiva dos impactos que a maternidade iria causar na vida da jornalista e do marido, com quem é casada há 1 ano e meio, mas com quem já tinha um relacionamento de mais de 10 anos.

“A transformação aconteceu no momento em que eu entendi que ter filhos não seria necessariamente ter que abrir mão de mim. Eu entendi que agora, é só uma fase diferente, precisei entender que eu iria me ter, mas de outra forma e iria precisar dividir isso com outra pessoa, no caso, um filho”, explica.

Paula Boueri conta que sempre foi muito dedicada à carreira como jornalista, mas não foi a carreira em si que a impediu de ser mãe anteriormente. Ainda grávida, ela conta que já sentiu alguns impactos na rotina e considera a mudança parte do processo da maternidade.

"Quando eu decidi ser mãe, foi quando eu aceitei que essa mudança de rotina viria e que ela era bem-vinda. A vida da mulher muda, é inevitável. Eu tenho amigas que já são mães e dizem que esse momento é só uma fase diferente, você vai conseguir viver, sua vida não acaba e tudo é uma adaptação. Você vai aprender a ser ausente em alguns momentos, a ser presente em outros", diz.

Conciliar a rotina de trabalho com a maternidade não será algo novo para a jornalista, mesmo sendo mãe de primeira viagem. Paula explica que a 'experiência' vem da convivência com a mãe, que também precisou conciliar o trabalho com os filhos.

"Minha mãe trabalhou a vida toda. Tinha horas que ela não estava em casa, tinha os compromissos de trabalho, existiram momentos que ela não foi em coisas na minha escola porque não tinha liberação do trabalho para ir", relembra.

Paula afirma que mesmo com a expectativa em ter o seu bebê, muito em breve, nos seus braços, nunca teve uma visão romantizada da maternidade. No seu primeiro ‘Dia das Mães’, a jornalista revela que ainda não se sente mãe por completo, mas tem um sentimento especial e forte de proteção com o seu bebê.

“Eu nunca tive uma versão romantizada da maternidade. As pessoas me perguntam se eu me sinto mãe e eu não sei te responder, para ser sincera. Eu tenho o instinto de proteção, eu sei que tenho que proteger quem está na minha barriga, eu sei que tenho que comer bem para ele se desenvolver, tenho que descansar, e se isso é a maternidade, sim, eu já sou mãe. E eu acredito que isso possa se transformar com o tempo”, diz.

No ciclo de amigas, Paula não é a única que decidiu ser mãe depois dos 40 anos. Para a jornalista, a prática, cada vez mais comum entre mulheres desta idade, é reflexo do medo em que muitas mulheres estão perdendo em se tornarem mães mais velhas, dando assim, espaço para vivenciarem outras experiências antes da maternidade.

"Eu acho que não existe um padrão, mas eu acho que de fato as mulheres estão perdendo um pouco do medo de serem mães mais velhas. Tenho amigas que tiveram as duas experiências, em serem mães mais jovens e outras com mais idade. Acho que não existe um formato para isso, embora digam que todas as mães são iguais, em alguns aspectos somos muito mas em algumas coisas não", concluiu.


 

 


 

 

 


 

 

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