Caso Selena Gomez

Quando lúpus atinge os rins, diálise pode ser uma opção

As mulheres são as principais vítimas dessa doença autoimune, que acomete os rins em metade dos casos.

Na Mira

Atualizada em 27/03/2022 às 11h22
Selena revelou que sofre de lúpus e que transplante de rim faz parte do tratamento.
Selena revelou que sofre de lúpus e que transplante de rim faz parte do tratamento. (Foto: Reprodução)

MUNDO - A cantora norte-americana Selena Gomez surpreendeu o mundo este mês com a notícia de que realizou transplante de rim. O procedimento aconteceu como forma de tratar a doença renal provocada pelo lúpus, doença inflamatória autoimune que ela descobriu em 2015 e pode também afetar pele, articulações, cérebro e demais órgãos. No caso de Selena, o lúpus atingiu gravemente seus rins. Cerca de 50% dos acometidos pela forma sistêmica da doença podem apresentar problemas nos rins em diversos graus de gravidade.

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A nefrologista Ana Beatriz Barra, explica que o lúpus é raro e em termos de doença renal crônica responsável por menos de 1% dos casos, junto com outras patologias que causam falência renal. Nestes casos, o transplante não costuma ser uma abordagem inicial comum, pois nem sempre é possível, disponível ou mesmo desejável. Nestes casos a diálise é a opção de terapia substitutiva da função renal.

"Nem sempre o transplante é possível, quer seja pela disponibilidade de um doador, quer seja pelas condições clínicas do paciente. E também pode acontecer de não ser desejado pelo paciente; especialmente pelos muito idosos ou por aqueles que por algum motivo temem o procedimento. Hoje o paciente em diálise pode ter uma boa qualidade de de vida, ser produtivo, manter suas atividades e concretizar sonhos. É importante esclarecer isso. O transplante é maravilhoso. Tem a grande vantagem de oferecer maior liberdade, uma vida o mais próxima possível da normal. Mas o paciente que não tem esta oportunidade também pode viver bem, mesmo que não seja transplantado. Uma boa avaliação médica deve observar as características clínicas, psicológicas e de estilo de vida de cada paciente para decidir o melhor tratamento", explica a médica Ana Beatriz Barra.

Para quem não sabe o rim é o único órgão que pode ter sua função substituída por um equipamento, que faz a filtração do sangue, em procedimentos que duram até quatro horas, com a periodicidade de três a seis vezes por semana. A dra. Ana Beatriz Barra destaca que com a evolução das terapias existentes, o paciente renal tem conseguido obter uma boa qualidade de vida.

"Acaba de chegar ao Brasil uma nova terapia que renova a esperança dos doentes renais: a hemodiafiltração de alto volume, também conhecida como High Volume HDF. Esta terapia se diferencia da hemodiálise porque permite uma melhor remoção de toxinas, que são nocivas para o organismo e não eram removidas de forma adequada pela hemodiálise. Estudos científicos demonstram que com este tratamento, o paciente é menos hospitalizado, tem uma melhor qualidade de vida e menor mortalidade", explica a nefrologista.

Na Europa, cerca de 20% dos pacientes em diálise realizam HDF de alto volume, que é reconhecida como a modalidade de tratamento de diálise mais eficaz e que mais se aproxima da função do rim natural. Em Portugal, por exemplo, 60% de todos os pacientes em diálise realizam a terapia High Volume HDF que está agora chegando ao Brasil, trazida pela Fresenius Medical Care. Lá são 32 hospital públicos e 92 clínicas privadas oferecendo a terapia - em 93% dos casos os equipamentos são da Fresenius.

Os benefícios da HDF de alto volume são:

- Redução do risco de queda da pressão arterial durante a diálise

- Mais disposição para as atividades diárias e melhor qualidade de vida

- Redução de episódios de internação

- Melhor sobrevida

Estudos que comprovam a eficiência do tratamento - O maior estudo sobre esta terapia foi realizado na Espanha, encomendado pelo governo da Catalunha (Estudo ESHOL), com 906 pacientes, sendo destes 450 em hemodiálise e 456 em hemodiafiltração de alto volume, e acompanhados por 36 meses. Os resultados demonstraram 30 % de redução da mortalidade por todas as causas, 22% de redução de risco de todas as causas de hospitalização e 28% de redução do risco de incidência de episódios de hipotensão (pressão baixa) durante o tratamento.

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