Literatura maranhense

Palestras dão início à salvaguarda da Literatura de Cordel no Maranhão

O evento é destinado a cordelistas, ilustradores e folheteiros.

Na Mira, com informações do IPHAN/MA

Atualizada em 27/03/2022 às 11h10
A manifestação que, em 2018, foi registrada como Patrimônio Cultural do Brasil, tem forte presença no Maranhão.
A manifestação que, em 2018, foi registrada como Patrimônio Cultural do Brasil, tem forte presença no Maranhão. (Foto: divulgação)

MARANHÃO - Versos, quadras e sextilhas, folhetos, editores e tipografias vão conduzir, nesta quarta-feira (27), a palestra Literatura de Cordel e cordelistas maranhenses: história, trajetória e avanços, primeira ação de salvaguarda da Literatura de Cordel no Maranhão.

Destinado a cordelistas, ilustradores, folheteiros e declamadores, o evento será realizado no auditório da sede do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em São Luís (MA), a partir das 9h. A manifestação que, em 2018, foi registrada como Patrimônio Cultural do Brasil, tem forte presença no Maranhão: todos os 217 municípios maranhenses possuem pelo menos um repentista ou um pandeirista, afirma o poeta Moizés Nobre, que será um dos palestrantes do evento.

Dando partida à formulação do Plano de Salvaguarda do Cordel no Maranhão – instrumento que visa a conduzir as políticas de gestão e sustentabilidade do bem –, as palestras foram viabilizadas a partir da parceria entre Iphan e cordelistas maranhenses.

“Em reunião, acordamos em fazer essa palestra como momento de valorização do cordel, divulgação da produção cordelística do Estado”, diz a bibliotecária Dayse de Jesus, uma das organizadoras do evento. “É também uma forma de o Iphan compartilhar orientações necessárias aos detentores para que seja iniciado o Plano de Salvaguarda.”

A programação será iniciada com a palestra do cordelista Moizés Nobre, 56 anos, que vai falar sobre a história do cordel no estado do Maranhão, além de apresentar os resultados de pesquisas sobre a manifestação no interior do estado. “Certa vez, um camarada me provocou dizendo que o Maranhão não tinha cordel.

Fiz então um projeto pessoal, levantando os fazedores de cordel do Estado”, conta o poeta. “O Maranhão tem 217 municípios. Tive o privilégio de andar e em todo o lugar você encontra pelo menos um cordelista, declamador ou repentista de viola”, completa Moizés, que também é ator, arte-educador e mestre da cultura popular.

Na sequência, haverá palestra das cordelistas Goreth Pereira e Raimunda Frazão, que vão expor suas trajetórias pessoais na literatura de cordel. Por fim, o técnico em Antropologia do Iphan-MA, Rafael Gaspar, palestrará sobre as orientações institucionais aos artistas maranhenses de modo a viabilizar a participação no Plano de Salvaguarda a ser construído no Estado.

Literatura de Cordel no Maranhão

Gênero poético resultante da conexão entre as tradições orais e escritas, com vínculos nas culturas africana, indígena, europeia e árabe, a Literatura de Cordel foi inscrita no Livro de Registro das Formas de Expressão em 2018, tornando-se Patrimônio Cultural do Brasil. Essa manifestação tem origem nas regiões Norte e Nordeste, mas se expandiu e, atualmente, circula em diversos estados, como Paraíba, Pernambuco, Ceará, Maranhão, Pará, Rio Grande do Norte, Alagoas, Sergipe, Bahia, Minas Gerais, Distrito Federal, Rio de Janeiro e São Paulo.

“Ao compor um cordel com métrica, rima e oração, o poeta aciona os resultados de um longo aprendizado, de uma formação que não se obtém na escola, mas a partir do convívio com outros poetas, ou seja, a partir uma tradição coletiva que se transmitiu ao longo de gerações”, diz o dossiê de registro da Literatura de Cordel. “Os poetas brasileiros no século XIX conectaram todas essas influências e difundiram um modo particular de fazer poesia que se transformou numa das formas de expressão mais importantes do Brasil.”

No Maranhão, o cordel protagonizou uma longa jornada com início ainda no século XIX, reconta o cordelista Moizés Nobre. Segundo ele, é do final daquele século o registro das primeiras notícias sobre a manifestação, com destaque para a atuação do poeta Catulo da Paixão Cearense. “Já no início do século XX, com as imigrações de paraibanos, cearenses e potiguares, em fuga à seca, muitos cordelistas foram para o interior do Maranhão e deram novo gás ao cordel”, completa o poeta maranhense, que é coordenador do coletivo Tapera do Cordel.

Já nos anos de 1950, quando essas mesmas populações deixaram o interior do Estado, São Luís passou a receber cantadores, repentistas de viola e declamadores de cordel, que vendiam o produto de sua arte no centro da cidade. Um outro capítulo da história do cordel começa nas décadas de 1960 e 1970, quando o estilo cordelista é introduzido no contexto literário do Maranhão, como narra Moizés Nobre. “Nos anos 80, vem a minha geração. São nomes como Edvaldo Santos, Samuel Barreto e Paulinho Lopes”, lista ele. “Foi essa geração que contribuiu para que o cordel ganhasse força, entrando nas escolas, no calendário oficial do estado e como categoria no prêmio de mestres da cultura popular em âmbito estadual.”

Serviço:

O quê? Literatura de Cordel e cordeslistas maranhenses: história, trajetória e avanços
Data: 27 de novembro de 2019
Local: Sede da superintendência do Iphan-MA: rua Vinte e Oito de Julho, 235 – Centro, São Luís (MA)

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