Recital

Festival de Música Barroca em junho, no Maranhão

Orquestra do Complexo da Maré (RJ) é uma das atrações da terceira versão do evento.

Pedro Sobrinho / Na Mira

Atualizada em 27/03/2022 às 11h54
 Orquestra do Complexo da Maré (RJ) é uma das atrações da terceira versão do evento. O Festival de Música Barroca ocorrerá em Bacabeira, Rosário, Alcântara e São Luís. Foto: Divulgação.
Orquestra do Complexo da Maré (RJ) é uma das atrações da terceira versão do evento. O Festival de Música Barroca ocorrerá em Bacabeira, Rosário, Alcântara e São Luís. Foto: Divulgação.

Entre os dias 5 e 10 de junho, os municípios de Bacabeira, Rosário, Alcântara e São Luís serão palco do Festival de Música Barroca. Em sua terceira edição, o evento, produzido pela Equinox do Brasil, convidou os grupos Discurso Harmônio, Marabras, As Flautas de São Paulo, Trio Vargas, Kanji e De Camargo, Orquestra Maré do Amanhã, Grupo Anima e Capella Paulistana. O tema deste ano é Música Holandesa nos Trópicos. A entrada para os concertos e demais atividades será franca.

Além dos recitais, que ocorrerão à noite em sua maioria, haverá ações didáticas, cortejos e conferências, bem como a entrega do prêmio Equinox Jovem Talento Maranhense. Em São Luís, haverá programação no Convento das Mercês (que estará comemorando seus 360 anos de fundação), na Igreja do Desterro e no Teatro Arthur Azevedo (Rua do Sol).

Itinerância

O festival terá início em Bacabeira, com a apresentação dos grupos Marabras e Discurso Harmônico (Igreja Imaculada Conceição), além de ação didática e cortejo. No dia seguinte, será a vez de Rosário, que receberá As Flautas de São Paulo e Discurso Harmônico (Igreja Matriz Nossa Senhora do Rosário), além de ação didática.

Nos dias 7 e 8, a cidade de Alcântara reviverá o encanto da época barroca, com as apresentações dos grupos Discurso Harmônico, Trio Vargas, Kanji e De Camargo, Orquestra de Cordas Maré do Amanhã, Anima e Capella Paulistana (Igreja do Carmo), além de ação didática.

Nos dias 9 e 10, será a vez de São Luís. Dia 9, as apresentações ocorrerão no Convento das Mercês (Orquestra de Cordas Maré do Amanhã e Capella Paulistana) e na Igreja do Desterro (As Flautas de São Paulo e Trio Vargas, Kanji e De Camargo). No dia 10, o encerramento da programação será no Teatro Arthur Azevedo, com As Flautas de São Paulo e o Grupo Anima, além da entrega do prêmio Equinox do Brasil Jovem Talento Maranhense.

Homenagem

O festival vai homenagear as influências musicais e artísticas holandesas que marcam, até hoje, de maneira despercebida, a cultura maranhense e nordestina. Em 25 de novembro de 1641, as tropas holandesas, enviadas por Maurício de Nassau, desembarcaram em São Luís, na praia do Desterro, perto da igreja de mesmo nome e do Convento das Mercês.

Cerca de dois mil soldados em 15 naus, comandados por experientes heróis de guerra holandeses, que já haviam participado de outras batalhas na Bahia, Pernambuco e Paraíba, passaram em frente ao Forte São Luís, debaixo de violento fogo de canhões, adentrando a foz do Rio Bacanga.

Desembarcaram rapidamente e tomaram a capital, saqueando-a. O famoso governador Bento Maciel Parente, conhecido por ser “perseguidor de índios”, não pôde oferecer resistência e entregou a cidadela aos navegadores flamengos.

Os holandeses tinham como objetivo a expansão da indústria açucareira com novas áreas de produção de cana-de-açúcar. Depois, expandiram-se para o interior da capitania. Em 1642, os colonos, insatisfeitos com a presença holandesa, começaram movimentos para a expulsão dos holandeses do Maranhão.

As guerrilhas só acabaram em 1644, após três anos intensos, despovoando e destruindo quase toda a vila de São Luís, quando os holandeses, já sem reforços da Holanda, se retiraram do Maranhão. Era o fim da colônia holandesa no Estado. 370 anos mais tarde, a música do “invasor herético”, da “Nova Holanda” sul-americana, junto à música do Brasil Colônia, iria servir de tema principal à terceira edição do Festival de Música Barroca de Alcântara. Leia o Blog de Pedro Sobrinho.

Sobre os participantes

Grupo Anima

Nasceu no Brasil, há 25 anos, como resultado de reflexões sobre a interpretação musical e a memória musical brasileira. A estrutura inicial do grupo teve como base o movimento de música antiga, cujos princípios interpretativos norteiam até hoje o grupo e foram ampliados e transformados por meio das múltiplas formações pelas quais passou.

Seus espetáculos resultam de trabalho de pesquisa de interpretação baseado na música de comunidades não letradas, afastadas de centros urbanos no Brasil e na música da Idade Média e do renascimento europeus. O constante diálogo entre a etnomusicologia, a musicologia histórica, a hermenêutica e o teatro contemporâneos, leva ao palco um roteiro musical onde se faz presente o tempo não linear, encarando o momento da apresentação e o palco como um espaço-tempo ritualizado, próprio para a realização musical em um sentido pleno.

Sobre o palco, a Idade Média e a Renascença europeias encontram-se na música da tradição oral brasileira não urbana, ambas atualizadas nos arranjos musicais construídos pelos intérpretes e, também, propostos por integrantes do Grupo e convidados.

Capella Paulistana

Nasceu a partir da iniciativa da soprano Marília Vargas de fundar um grupo essencialmente vocal, especializado na pesquisa e interpretação da música antiga, especialmente a colonial latino-americana e brasileira.

Sempre contando com profissionais com carreira no Brasil e exterior, sua formação pode variar em função das necessidades impostas pelo repertório, incluindo, eventualmente, convidados escolhidos especialmente por causa da demanda musical de cada programa.

Assim, adaptando uma fórmula de sucesso em vários ensembles europeus, o grupo afirma-se como um dos mais significativos grupos vocais em atividade no país.

As Flautas de São Paulo

Dirigido por Cesar Villavicencio e Ricardo Kanji, é o mais novo conjunto de flautas doces do Brasil. É o único grupo do país que possui um consort completo de flautas Praetorius. Reúne músicos de quatro gerações que se dedicam à flauta doce e à pesquisa e interpretação da música antiga.

Kanji, músico de grande atividade artística internacional, foi pioneiro nos anos 1960 com seu grupo Musikantiga. Villavicencio, seu pupilo, tem levado a flauta aos novos campos de experimentação com a eletrônica.

O conjunto já se apresentou no Festival de Música Antigua de Lima (Peru), no XXIV Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga de Juiz de Fora (MG), no XXIII Congresso da Anppom em Natal (RN), na I Mostra de Música Antiga de Alegre (ES), na Semana de Música Antiga da UFMG em Belo Horizonte (MG), na I Mostra Internacional de Flauta Doce, Aulos, em Florianópolis (SC).

Além de seu envolvimento com a interpretação do repertório antigo, este conjunto está elaborando estratégias para formar um grupo de pesquisa no Instituto de Artes da Universidade Estadual Paulista.

Discurso Harmônico

O grupo é uma proposta de músicos comprometidos com a interpretação historicamente informada da música barroca, utilizando réplicas dos instrumentos originais do período.

Este movimento de música historicamente informada tem influenciado as principais salas de concertos do mundo e, no Brasil, esse movimento tem encontrado uma demanda cada vez maior.

Com o intuito de renovar o interesse da plateia pelos grandes clássicos dos séculos XVII e XVIII, não apenas no que tange à Europa, mas abordando, também, o rico repertório colonial e barroco latino-americano, o grupo busca sempre uma interpretação atual e interessante, condizente com o espírito contemporâneo ao repertório proposto.

A formação do Discurso Harmônico inclui artistas com sólida técnica instrumental e reputação consolidada. Seu núcleo carioca é formado por Laura Rónai, responsável pela cadeira de Flauta Transversal da UniRio, Elione Medeiros, responsável pela cadeira de fagote da mesma instituição, e Roger Lagr e Eduardo Antonello (da UFRJ), dois jovens expoentes da nova geração que se dedicam à pesquisa e interpretação histórica.

Orquestra Maré do Amanhã (projeto Estrada Cultural)

Criado por Carlos Eduardo Prazeres em agosto de 2010, o projeto Estrada Cultural ensina música clássica a crianças e adolescentes de comunidades em risco social. Seu primeiro núcleo foi criado no Complexo da Maré, no Rio de Janeiro, onde o projeto foi iniciado com 40 crianças, com aulas de teoria musical, violino, violoncelo e flauta. Atualmente, o projeto atende a 200 crianças, com aulas nos turnos da manhã e tarde, atingindo 16 comunidades do Complexo da Maré, além de Xerém e Caju.

Com apenas três meses de trabalho, as crianças apresentaram um resultado fantástico, realizando seis apresentações no fim do ano de 2010.

Nascia, assim, a Orquestra Maré do Amanhã, o braço profissionalizante do projeto, cujo diferencial é não ser apenas um projeto social, mas oferecer uma oportunidade real de mudança de vida para seus alunos, preparando cada um deles para o mercado de trabalho, enquanto evita que sejam arregimentados pelo tráfico de drogas.

O projeto Estrada Cultural/Orquestra Maré do Amanhã engloba geração de renda e oportunidade de trabalho, educação para qualificação profissional e garantia dos direitos da criança e do adolescente.

Marabrass

Fundado em junho de 2003, o nome do grupo é uma junção do termo Mara, prefixo do nome do Estado do Maranhão, e Brass, palavra inglesa que significa metais.

Com um repertório variado, o grupo interpreta obras que compreende desde a música renascentista até a contemporânea, incluindo compositores brasileiros, sendo alguns maranhenses.

Tem como objetivo principal divulgar a música instrumental para metais às mais diversas plateias. Atualmente, o grupo participa como base do projeto Orquestrando a Vida, do Sesc, atendendo alunos das diversas bandas de músicos da região metropolitana de São Luís, além de realizar apresentações em concertos didáticos fomentando a formação de plateias da capital e interior do Estado.

Trio Vargas, Kanji e Camargo

O trio é composto pela soprano Marília Vargas, formada no canto barroco na Schola Cantarum Brasiliensis, na Suíça, já se tendo apresentado várias vezes em São Luís; pelo flautista e cravista Ricardo Kanji, que foi professor no Conservatório Real de Haia (Holanda) de 1973 a 1995, e, também, diretor da Orquestra Concerto Amsterdam, de 1991 a 1996; e por Guilherme de Camargo, nas cordas dedilhadas. Juntos, eles apresentam um programa inédito dedicado à música holandesa nos trópicos.

Serviço

O quê

II Festival de Música Barroca de Alcântara

Quando

De 5 a 10 de junho

Onde

Alcântara, Bacabeira, Rosário e São Luís

Entrada franca

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