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Globo repudia em nota ataques de Bolsonaro a Miriam Leitão

Presidente afirmou que a jornalista fez parte da luta armada e colocou em dúvida se ela teria mesmo sido torturada.

Na Mira

Atualizada em 27/03/2022 às 11h12
A Globo afirmou que Miriam Leitão nunca fez parte da luta armada.
A Globo afirmou que Miriam Leitão nunca fez parte da luta armada. (Foto: Reprodução)

Nessa sexta-feira (20), a TV Globo decidiu se pronunciar sobre as falas do presidente Jair Bolsonaro contra a jornalista Míriam Leitão.

No Jornal Nacional, a apresentadora Renata Vasconcellos leu o texto da emissora rebatendo os ataques dele sobre a vida de Miriam na época da Ditadura Militar.

Tudo começou quando Bolsonaro afirmou, durante um café da manhã com jornalistas estrangeiros, que a jornalista fez parte da luta armada e colocou em dúvida se ela teria mesmo sido torturada.

A Globo afirmou que Miriam Leitão nunca fez parte da luta armada. A jornalista era integrante do Partido Comunista do Brasil e trabalhou com propaganda. “Ela foi presa e torturada grávida, aos 19 anos, quando estava detida no 38º Batalhão da Infantaria em Vitória”, dizia a nota.

"No auge da Ditadura de 64, em 1973, Míriam denunciou a tortura perante a primeira auditoria da Aeronáutica no Rio, enfrentando todos os riscos que isso representava na época. Narrou seu sofrimento aos militares e ao juiz auditor, e esse relato consta nos autos para quem quiser pesquisar. A jornalista foi julgada e absolvida de todas as acusações formuladas contra ela pela Ditadura. A absolvição se deu em todas as instâncias", divulgaram.

Leia a nota completa da Globo contra as falas de Jair Bolsonaro:

O presidente recebeu hoje um grupo de jornalistas estrangeiros para um café da manhã. Os jornalistas cobraram do presidente um comentário sobre o ato de intolerância de que foi vítima a jornalista Miriam Leitão no fim de semana. Miriam e o marido, Sérgio Abranches, participariam de uma feira literária em Jaraguá do Sul, Santa Catarina. Em redes sociais, foi organizado um movimento de ataques e insultos à jornalista, cuja postura, de absoluta independência, foi tratada como um posicionamento político de esquerda e de oposição ao governo Bolsonaro. Em resposta aos correspondentes internacionais, o presidente Jair Bolsonaro disse que sempre foi a favor da liberdade de imprensa, e que críticas devem ser aceitas numa democracia. Mas, depois, afirmou que Miriam Leitão foi presa quando estava indo para a guerrilha do Araguaia, para tentar impor uma ditadura no Brasil. E repetiu, duas vezes, que Miriam mentiu sobre ter sido torturada e vítima de abuso em instalações militares durante a Ditadura Militar que governava o país então. Essas afirmações do presidente causam profunda indignação e merecem absoluto repúdio. Em defesa da verdade histórica, e da honra da jornalista Miriam Leitão, é preciso dizer com todas as letras que não é a jornalista quem mente. Miriam Leitão nunca participou ou quis participar da luta armada. À época militante do PCdoB, Miriam atuou em atividades de propaganda. Ela foi presa e torturada grávida, aos 19 anos, quando estava detida no 38º Batalhão de Infantaria em Vitória. No auge da Ditadura de 64, em 1973, Miriam denunciou a tortura perante a primeira auditoria da Aeronáutica no Rio, enfrentando todos os riscos que isso representava na época. Narrou seu sofrimento aos militares e ao juiz auditor, e esse relato consta nos autos para quem quiser pesquisar. A jornalista foi julgada e absolvida de todas as acusações formuladas contra ela pela Ditadura. A absolvição se deu em todas as instâncias. É importante ressaltar que Miriam Leitão, ao longo dos governos do Partido dos Trabalhadores, foi também alvo constante de ataques. Não questionaram como agora o sofrimento por qual passou na Ditadura, mas a ofenderam em sua honra pessoal e profissional. Em discursos do ex-presidente Lula em palanques, e até mesmo a bordo de avião de carreira, quando Miriam Leitão ouviu insultos e ofensas por parte de militantes petistas que então lhe chamavam de neoliberal e direitista. Esses insultos, no passado, como agora, em sinais trocados, demonstram a maior das virtudes de Miriam como profissional: a independência em relação a governos, sejam de esquerda, de direita ou de qualquer tipo. A Globo aplaude essa independência, pedra de toque do jornalismo profissional e se solidariza com Miriam Leitão.

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