Gestantes

Unicef chama atenção para a importância do parto natural

O alerta é que bebês nascidos de cesárea estão mais sujeitos a problemas de saúde.

Ingrid García / Na Mira

Atualizada em 27/03/2022 às 11h24
A iniciativa faz parte da campanha global do Unicef <i>#EarlyMomentsMatter</i>, que tem como foco a primeira infância.
A iniciativa faz parte da campanha global do Unicef <i>#EarlyMomentsMatter</i>, que tem como foco a primeira infância. (Foto: Reprodução)

BRASÍLIA – O Unicef lança hoje um alerta sobre a importância do trabalho de parto espontâneo para a saúde da mãe e do bebê. De acordo com a análise divulgada pela organização, cada semana a mais de gestação aumenta as chances de o bebê nascer saudável, mesmo quando não há mais risco de prematuridade. As últimas semanas de gestação permitem maior ganho de peso, maturidade cerebral e pulmonar.

De acordo as pesquisas apresentadas na análise do Unicef, o grande número de nascimentos entre a 37ª e a 38ª semana de gestação está associado ao elevado número de cesarianas realizadas antes do trabalho de parto espontâneo, particularmente no setor privado. Metade dos partos realizados no setor privado ocorrem nessa idade gestacional.

O elevado número de cesarianas no País coloca o Brasil em 2º lugar no mundo em percentual deste tipo de parto. Enquanto a Organização Mundial da Saúde (OMS) estabelece em até 15% a proporção de partos por cesariana, no Brasil esse percentual é de 57%. As cesarianas representam 40% dos partos realizados na rede pública de saúde. Já na rede particular, chegam a 84% dos partos.

Entre os Estados com maiores percentuais estão Goiás (67%), Espírito Santo (67%), Rondônia (66%), Paraná (63%) e Rio Grande do Sul (63%). Segundo estudos, grande parte das cesarianas é realizada de forma eletiva, sem fatores de risco que justifiquem a cirurgia, e antes de a mulher entrar em trabalho de parto.

“O trabalho de parto espontâneo é a única maneira 100% segura de saber que o bebê está pronto para nascer. Esse processo traz uma série de benefícios para a mãe e o bebê. Privá-los do trabalho de parto, por meio de cesarianas eletivas, pode gerar consequências negativas para a saúde de ambos”, diz Gary Stahl, representante do Unicef no Brasil.

A análise do Unicef aponta os benefícios do trabalho de parto espontâneo para a mulher e o bebê. Nesse momento, por exemplo, são liberadas substâncias que ajudam no amadurecimento final do organismo da criança, como o hormônio corticoide, que age no pulmão. Para a mulher, o trabalho de parto ajuda também a liberar hormônios importantes, que vão prepará-la para a amamentação.

“Garantir o direito ao trabalho de parto espontâneo é um dos desafios atuais do Brasil para assegurar a sobrevivência e a saúde de mulheres e seus bebês”, explica Stahl.

Os direitos de cada criança começam – e devem ser garantidos – antes mesmo do nascimento. Para tanto, é fundamental que as mulheres tenham acesso ao pré-natal de qualidade e recebam todas as orientações para que seus filhos possam nascer no momento certo, de forma humanizada.

Quem Espera, Espera

Essas questões urgentes são o foco de Quem Espera, Espera, nova campanha do Unicef pelo direito de nascer na hora certa. O objetivo da iniciativa é dar visibilidade a esse tema e sensibilizar os brasileiros, especialmente mulheres e suas famílias, sobre a importância de esperar o trabalho de parto espontâneo.

O elemento central da campanha, criada pela agência mcgarrybowen, é uma série de filmes produzidos pela Conspiração Filmes que contam com a participação da atriz Heloísa Périssé, que apoiou a causa.

“Abordar a importância de se esperar pela hora certa de o bebê nascer foi um grande desafio. Como passar um conteúdo tão sério sem soar professoral, nem fazer a mulher se sentir julgada? Falando de igual para igual, nunca de cima para baixo”, comenta Sophie Schonburg, VP de criação da mcgarrybowen. “O conceito Quem Espera, Espera reforça o quanto paciência é importante em toda gestação, principalmente na etapa final”, explica.

Na plataforma, serão apresentadas informações sobre a importância de esperar pelo trabalho de parto. As mulheres serão convidadas a enviar seus depoimentos sobre as experiências no parto de seus filhos, dando dicas para ajudar futuras mães a entender melhor, sob os mais diversos ângulos, a importância dessa espera. Ainda estará disponível para ser baixado um plano de parto que pode ser personalizado, de acordo com as preferências de cada grávida.

A criação e a produção da campanha e dos vídeos foram realizadas de forma pro bono para o Unicef pela mcgarrybowen, Conspiração Filmes e Isobar e será veiculada, gratuitamente, em canais de televisão, veículos on-line e impresso e em mídias e mobiliários urbanos.

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