Luto

Músico Naná Vasconcelos deixou composições inéditas

Novo álbum estava planejado para ser lançado neste ano.

Sumaia Villela/Agência Brasil

Atualizada em 27/03/2022 às 11h34
O músico Naná Vasconcelos.
O músico Naná Vasconcelos. (Divulgação)

RECIFE - Mesmo em seus últimos dias de vida no hospital, o percussionista Naná Vasconcelos não parou de trabalhar. Ele faleceu nesta quarta-feira (9), deixando várias composições para um novo álbum que planejava lançar neste ano. A revelação é da esposa do músico pernambucano, Patrícia Vasconcelos. “A gente está muito sofrido. Naná queria muito fazer mais. Ele quis deixar esse disco já pronto. Foi quase”, lamentou.

Segundo Patrícia – que também trabalhava como produtora de Naná -, o álbum está mais profundo e reflexivo, envolvendo mantras e cânticos budistas. Ela conta que o novo disco já tinha inclusive título: Budista afrobudista. “Fizeram uma matéria na Argentina com o título El budista afro de la percusión (O budista afro da percussão, em tradução livre). Ele achou tão bonito e disse: 'Patrícia, vou fazer uma música disso'”, recorda. A reportagem foi publicada em junho do ano passado no jornal La Nación, antes da descoberta do câncer de pulmão, em agosto.

Outra faixa que o artista compôs no hospital e chegou a gravar em um gravador se chama Amém amém. “Na roupa que ele usou no Carnaval tinha essa frase em hebraico”, conta Patrícia que também comentou a última apresentação carnavalesca de Naná no Recife: “Ele fez tudo muito intenso, com amor. Todo mundo achou que ele não teria energia para fazer o Carnaval, e ele conseguiu”. O percussionista pernambucano abriu a folia, na capital, comandando centenas de batuqueiros – como já fazia há 15 anos.

De acordo com Patrícia, dois maestros – Gil Jardim e Egberto Gismonti – foram até o hospital para compôr arranjos e colher ideias de Naná para músicas do novo álbum. “Em todos os momentos Naná suspirou vida. Estava dando um suplemento para ele. Ele usou o pote e a cama para batucar o jeito que queria o arranjo percussivo”, contou ela.

Naná estava internado desde o dia 29 de fevereiro. No dia anterior, se apresentou em Salvador, já fraco. “Ele tocou sentado, foi muito emocionante”, lembra Patrícia. De acordo com a esposa, já no aeroporto o músico se locomoveu com a ajuda de uma cadeira de rodas e dormiu pela última vez em casa, antes de ser levado ao hospital.

Com a piora do quadro de saúde, Naná Vasconcelos deu entrada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) no dia 5 de março. Data em que fez 17 anos de casado com Patrícia Vasconcelos. Ontem (8) o percussionista saiu da UTI, mas por escolha. “Nós pedimos para dar um tratamento mais humanitário a ele, em um quarto, mas com os cuidados de uma UTI. Durante todo o tempo ele acompanhou tudo, decidiu. Não achava justo terminar os dias em uma UTI”, explica a companheira.

O velório de Naná Vasconcelos vai ser na Assembleia Legislativa de Pernambuco, no bairro de Boa Vista. O enterro será nesta quinta (10), no Cemitério de Santo Amaro, também no Recife.

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