BRASIL - Estima-se que entre 10 e 55% das mulheres apresentem incontinência urinária (IU) alguma vez na vida. Na gestação, a incidência do distúrbio é ainda mais prevalente, acometendo cerca de 40% das gestantes, devido à sobrecarga do feto, do útero e do aumento do peso corporal sobre o períneo, ocasionando o enfraquecimento do assoalho pélvico.
De acordo com a Sociedade Internacional de Continência (ICS), a IU é caracterizada por qualquer perda involuntária de urina. Como tratamento, a entidade aponta a reabilitação do assoalho pélvico (AP), por meio de exercícios perineais, como sendo a opção mais vantajosa. Além de apresentarem baixo custo e risco, os exercícios são capazes de prevenir, diminuir ou curar a IU, além de promover o bem-estar.
O infectologista Adriano Dias comprovou os bons resultados do treinamento muscular do assoalho pélvico na prevenção e tratamento da IU. Em uma pesquisa, realizada com 87 voluntárias, apenas 6,7% das gestantes que seguiram o protocolo de exercícios apresentaram incontinência. Dentre as que não praticaram, 96,6% relataram o problema.
Para Dias, a facilidade de aplicação do protocolo e o melhor custo-eficácia dos programas de exercícios para o assoalho pélvico, devem se sobrepor às intervenções cirúrgicas e medicamentosas. “As cirurgias, por serem recursos invasivos, podem ocasionar complicações e necessitam de tempo de recuperação longo. Ademais, o sucesso não é totalmente garantido e existem chances de recidivas. As medicações, por outro lado, são de uso contínuo e podem resultar em efeitos colaterais indesejáveis”, diz sua pesquisa.
Os exercícios propostos no manual de orientação de exercícios domiciliares (MOED) são de contração perineal em quatro posições - basicamente contrair e relaxar os músculos da região -, que deverão ser realizadas diariamente, por cerca de 5 minutos. “Nossa ideia foi testar exercícios muito simples, que as mulheres pudessem fazer sozinhas, sem alterar sua rotina e sem a necessidade de ir a uma clínica ou academia. Apenas em um primeiro momento, foram instruídas por um fisioterapeuta”, explicou Dias.
Por serem atividades simples e de baixo impacto, o pesquisador acredita que os exercícios possam ser ferramentas auxiliares muito úteis no tratamento das incontinências urinárias, independentemente da época da vida da mulher. “Mas é imprescindível que sejam feitas avaliações médicas e fisioterapêuticas criteriosas antes de sua indicação”, alerta.
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