Tensão

Juíza decide não deportar jornalista brasileira agredida no Equador

A possível expulsão da correspondente da al-Jazeera gerou protestos na capital, Quito

Imirante.com

Atualizada em 27/03/2022 às 11h40
(Reprodução)

QUITO - Agredida e com visto equatoriano retirado após ser presa enquanto cobria uma manifestação, a jornalista brasileira Manuela Picq foi absolvida em uma audiência que poderia culminar com sua deportação. A possível expulsão da correspondente da al-Jazeera gerou protestos na capital, Quito. Ela é também professora universitária e mulher de Carlos Pérez Guartambel, líder de um movimento indígena opositor.

Diante do hotel improvisado como centro de detenção migratória, manifestantes indígenas e favor da liberdade de imprensa apelaram na tarde de segunda-feira pela regularização da situação da jornalista pelo Equador. Também foram registradas manifestações em Guayaquil.

Nas redes sociais, hashtags e imagens dos protestos mostraram o incômodo com a detenção da brasileira, além de reforçarem os apelos de organizações por sua liberação.

Segundo o advogado Juan Pablo Albán, nenhuma das acusações apresentadas pelo Equador para que Manuela seja deportada tem procedência. Ele afirmou ainda que documentos teriam sido forjados para garantir o cancelamento do visto da jornalista e acadêmica.

"Houve omissão do diretor de imigração, que sem dar o direito de defesa, violando a Constituição, cancelou o visto dela. Manuela foi vítima de violação do devido processo legal", afirmou outro advogado da jornalista, Julio César Sarango. Ela já está em liberdade e foi embora junto com o marido.

Manuela se defendeu em quíchua, idioma indígena que tem grande adesão no país. A juíza responsável pelo caso, Gloria Pinza, negou sua deportação, ratificando a crítica da defesa e dizendo que não havia argumentos para validar o pedido de deportação. Ela pediu que a promotoria de Estado cobre explicações da polícia e da chancelaria pelas "incongruências" que levaram à prisão.

Em sua saída, Manuela foi muito aplaudida e recebida com palavras de ordem pelos manifestantes que acompanharam a audiência de longe. Ela disse estar contente por ver que "as cortes ainda funcionam no país".

"Minha detenção foi ilegal. Os policiais estão sob uma grande pressão com as ordens de um governo autoritário. O embaixador e o cônsul brasileiros me deram o apoio necessário quando estive no hospital e depois", declarou. "Eu e meu marido somos companheiros de caminho e luta, e nada vai nos separar".

Nos protestos, Manuela e seu marido foram agredidos por policiais. Para os dois, tanto a ação violenta, quanto todo o processo que tenta fazer com que ela deixe o país são formas de retaliação pelas críticas à Correa.

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