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Boneca Momo volta a assustar crianças na internet

A boneca viralizou no final do ano passado, e agora voltou reacendo a preocupação dos pais.

Imirante.com, com informações do Educa Mais Brasil

Atualizada em 27/03/2022 às 11h13
( Foto: Divulgação)

MARANHÃO - Crianças assustadas e pais com atenção redobrada para a boneca Momo. Em agosto do ano passado, correntes circulavam na internet com a imagem assustadora de um boneca intitulada Momo que enviava desafios para as crianças por meio do whatsapp. Este ano, a boneca voltou a aparecer em vídeos infantis ensinando as crianças a cometerem suicídio.

Desta vez, Momo tem aparecido em vídeos infantis populares na internet, como por exemplo, no vídeo de uma criança brincando com slime - brinquedo que virou “febre” entre os pequenos. Na ocasião, o vídeo é interrompido em poucos segundos após o início da sua exibição com imagens da boneca. Além disso, a Momo também tem aparecido em desenhos animados muito populares.

Diante da polêmica, o YouTube já se manifestou. “Depois de muita análise, não vimos nenhuma evidência recente de vídeos promovendo o Desafio Momo no YouTube. Vídeos incentivando desafios prejudiciais e perigosos são claramente contra nossas políticas, incluindo o desafio Momo. Apesar dos relatos da imprensa sobre esse desafio, não tivemos links recentes sinalizados ou compartilhados conosco do YouTube que violem nossas Diretrizes da comunidade”.

A psicóloga Flávia Brandão Bomfim e pós-graduanda em Neuropsicologia explica que as crianças são um público-alvo “fácil” e tem dificuldade de nomear e reconhecer os seus próprios sentimentos. “As crianças possuem muito tempo livre e, na maioria das vezes, utilizam os aplicativos da internet sem nenhum tipo de monitoramento do pais. Vale ressaltar também que esses desafios são bem elaborados, chamam atenção. E as crianças não sabem diferenciar o que é uma brincadeira boa da ruim”, destaca.

Para o especialista em saúde mental, Dr. Marcelo Costa, um ponto importante é que os pais conheçam o conteúdo veiculado por esse vídeos. Outro ponto destacado pelo especialista é sobre a importância da conversa entre pais e filhos para que o jovem saiba a quem procurar caso exista algum perigo.

Ouça o áudio do Dr. Marcelo Costa:

Verônica Guimarães, enfermeira e mãe da Mariana de sete anos, saber o que vai ser assistido pelos filhos é detalhe muito importante. "Aqui em casa eu e meu marido nos preocupamos bastante com o que é visualizado pela nossa filha tanto na tv quanto na internet. Parece que agora tudo é muito natural, mesmo tendo classificação infantil ou liberado há varias programações que não trazem conteúdo adequado a uma criança de 7 anos por exemplo, com beijos, situações de flerte, insinuações de homossexualidade, culto a vingança e perseguição para conquista de bens supérfluos. Programas cada vez mais violentos, sempre com personagens gritando e disputando algo".

Mesmo quando há o uso de filtros ou senhas há conteúdos que podem trazer estimulo a práticas violentas ou estimular a criança a alteração de comportamento como agressividade, irritação, pular etapas da infância dentre outros. Eu como mãe me sinto bem preocupada, e mesmo sabendo que esta geração é digital, que nasceu com contato natural com os eletrônicos, resisto ao máximo de liberar celular pra minha filha usar, e tento no possível não usar tanto na presença dela pra não ser contraditória. É importante assistir o programa junto, chamar pra brincar de outras coisas, um bom livro, passar mais tempo com as crianças. Perdemos o encanto pelo que nos fazia feliz na nossa infância", explicou Verônica Guimarães.

Criação da Momo

Apesar dos vídeos que circulam estarem no idioma inglês e espanhol, a verdadeira história da criação de Momo está no Japão. Ela é uma escultura humanoide chamada de Guai Bird, feita por Keisuke Aisawa, artista da empresa de efeitos especiais Link Factory.

Em 2016, a “mulher-pássaro” ou Momo participou de uma exposição sobre fantasmas e espectros, a Ghost Gallery III, na Vanilla Gallery, em Tóquio.

Outro ponto de vista sobre a boneca Momo é de Erika Benedetti, psicóloga e mãe de Lara, 7 anos e Helena 4 anos, que destaca a sua preocupação com o mundo virtual e suas armadilhas.

" Fico cada vez mais apreensiva com tantas ameaças disfarçadas em vídeos infantis, os quais nossas crianças têm acesso livre. Conheci a história do “desafio da Momo” ano passado, onde uma boneca com olhos esbugalhados e pele pálida assustava as crianças através do WhatsApp. Esse desafio envolvia roubo de dados, extorsão e incitação ao suicídio. Esse fato já me assustou bastante, mas como minhas filhas não tem acesso a este aplicativo, fiquei mais tranquila. Há alguns meses, já estava pensando na influência e impacto do Youtube na vida das crianças, inclusive minhas filhas. Como profissional e mãe, acredito que essa ferramenta pode ter vídeos interessantes e educativos, contudo não temos como controlar o tempo todo o acesso e o que elas estão vendo. Por exemplo, minha filha mais nova, de 4 anos, começou a apresentar dificuldade para dormir. Embora ficasse um tempo razoável era o suficiente para deixá-la bastante inquieta. Além disso, falava termos que não eram da família ou da escola, certamente oriundos de vídeos publicados no Youtube. Começamos, eu e meu marido, a restringir mais ainda o tempo no tablet e, com esse novo acontecimento – Momo em vídeos infantis – decidimos, por ora, desinstalar o aplicativo e instalar apenas aplicativos controlados e específicos para crianças. Algo importante que nós, pais, devemos estimular o diálogo com nossos filhos. Ameaças sempre surgirão e o mundo está cheio delas, por isso fortaleça os vínculos com seus filhos e dialogue sempre, sobre tudo. Essas ações são fundamentais para que nossas crianças cresçam saudáveis e possam lidar com situações de risco", desabafa a mãe.

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