Protagonizado por negros

Desenho infantil é exibido em quilombo no Maranhão

A animação é protagonizada por dois irmãos negros, em Santa Joana.

Luanda Belo/TV Brasil/ Via Agência Brasil

Atualizada em 27/03/2022 às 11h38
(Reprodução/ TV Brasil)

MARANHÃO - O quilombo de Santa Joana, em Itapecuru-Mirim, a 123 quilômetros de São Luís, recebeu neste fim de semana, uma exibição especial do desenho animado colombiano, transmitido pela TV Brasil, Guilhermina e Candelário.

Santa Joana é um dos mais de 500 quilombos em todo o Estado do Maranhão e, como todos os outros, é um símbolo de resistência e de culto à ancestralidade africana. Lá, a história, os costumes e a religião são transmitidas de geração a geração.

A identificação das crianças quilombolas com os personagens do desenho foi imediata. A animação é protagonizada por dois irmãos negros, como tantos outros em Santa Joana. Eles compartilham suas experiências com o avô Justino, que representa a vivência e a sabedoria, tal como acontece nos quilombos, onde os mais velhos têm a responsabilidade de transmitir o conhecimento.

O líder da comunidade, o babalorixá João Batista, é um dos que representa esse papel. “Estamos mostrando para o Brasil e para o mundo que estamos aqui. Que existimos”, disse ao se referir à ausência do protagonismo negro na TV.

Mestre Bamba, responsável pelo projeto Mandigueiros do Amanhã, que reúne quase 300 crianças e adolescentes na primeira orquestra quilombola do Estado, diz que o desenho reflete a realidade dos quilombos. “Guilhermina e Candelário retrata o povo negro e seus valores morais e éticos. Ele [o programa] faz com que a gente se veja na televisão”.

Ronilson Gomes, de 11 anos, assistia atentamente ao desenho e não pode deixar de compará-lo com o seu dia a dia. “É como eu e minha irmã: eles discutem, mas depois fica tudo bem”, analisa. Taynara dos Anjos Santos, também de 11 anos, gostou dos personagens: “são bonitos”.

A Secretária Nacional de Políticas para as Comunidades Tradicionais, do Ministério das Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos, Gilvânia Maria da Silva, destaca a contribuição da TV pública na construção desse protagonismo. “Estamos em um país onde 50% da população á afrodescendente e quer se ver representada. A TV pública tem esse papel social”, acredita.

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