SÃO LUÍS - O projeto “Comunidade Terapêutica Monte Labor”, que abriga atualmente mais de 60 homens, foi criado há um ano pelo maranhense Rosinaldo de Oliveira Santos, de 41 anos, também conhecido como Léo. O projeto tem como objetivo abrigar homens que moravam nas ruas e avenidas da capital maranhense.
Rosinaldo decidiu criar o projeto, por que também um dia foi morador de rua. O coordenador do Monte Labor morou na rua dos 11 aos 18 anos. Mas a vida dele mudou, quando teve uma grande oportunidade de ter uma profissão. “Sou uma pessoa privilegiada, pois quando pensei que minha vida se resumiria em ser morador de rua, uma pessoa me prometeu uma oportunidade de emprego em um laboratório. Aos poucos ganhei experiência e consegui ter uma profissão e saí da rua”, relatou. Aos 22 anos, Rosinaldo foi para uma casa de reabilitação, no Amapá, que também tem por nome “Monte Labor”.
O coordenador do projeto possuía uma empresa de prótese dentária em São Luís, mas tomou uma decisão que tem mudado a vida dele e da família: dedicação total ao projeto. Para garantir recursos financeiros para o trabalho com os ex-moradores de rua, ele ainda faz “bicos”, garantindo uma renda mensal de R$10 mil. Todo o dinheiro é investido na construção da Comunidade Terapêutica. Rosinaldo comprou um terreno e vendeu a casa e o carro do ano. Aos poucos, ele e os integrantes do projeto constroem o ambiente que vivem diariamente. O ambiente é dividido pelos integrantes do projeto e pela família de Rosinaldo, composta pela esposa e duas filhas que também se dedicam ao projeto.
Mais de 530 homens já passaram pelo local depois de um ano de realização do projeto. Um ex-morador de rua passou alguns dias sendo tratado no local, depois retornou com mais oito homens, vindo do centro histórico de São Luís. Desde então, o projeto tem mudado a vida de muitos homens que antes viviam à margem da miséria e do descaso. “O objetivo é tirá-los da situação de risco”, ressalva.
Os ex-moradores de rua possuem toda uma rotina na comunidade. Eles participam de terapia de grupos, contando as experiências que já tiveram durante o tempo que moravam nas ruas e as razões que os levarão a serem moradores de rua. No local, eles têm acesso a livros e outras opções de leitura. O jardim também é cuidado diariamente por eles, assim como a limpeza e a manutenção do local. Como o projeto é filantrópico e depende da solidariedade de igrejas e pessoas, os próprios ex-moradores de rua que constroem o abrigo.
Mais da metade dos ex-moradores de rua que chegam ao abrigo são dependentes químicos, e geralmente perderam o contato com a família. De acordo com Rosinaldo Santos, coordenador do projeto, a cada 10 homens que chegam ao abrigo, somente 3 desistem do tratamento. Ele lembra que essas situações complicam ainda mais a condição deles, mas a mudança começa na força de vontade em ter uma vida melhor. “Essas pessoas percebem que existe um grande vazio no coração. E aqui na comunidade eles procuram deixar pra trás aquela vida baseada no consumo de drogas. É um trabalho árduo, mais gratificante. Precisamos melhorar a estrutura do local, assim como conseguir ajuda de voluntários para a área de enfermaria, psicologia, e assistência social”, finalizou.
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