Tempo seco

Municípios decretam estado de emergência por causa da estiagem

Falta de chuva prejudica abastecimento d’água, turismo e a agricultura familiar.

Maurício Araya/Imirante

Atualizada em 27/03/2022 às 12h21

SÃO LUÍS – Onze municípios maranhenses já decretaram estado de emergência por causa da estiagem, ou seja, pela falta de chuva: é o que alerta a Secretaria de Estado de Agricultura, Pe-cuária e Pesca (Sagrima) – leia mais sobre o assunto na reportagem de O Estado desta terça-feira (22). São os municípios: Afonso Cunha, Amarante do Maranhão, Bacuri, Governador Archer, Guimarães, Humberto de Campos, Magalhães de Almeida, Mirinzal, Paraibano, Paulino Neves e Santa Helena. De acordo com a Coordenadoria Estadual de Defesa Civil do Maranhão, outros dois municípios sofrem com a estiagem: Parnarama e Tuntum.

O baixo índice pluviométrico em regiões reflete no tempo seco. Nas últimas 24h, por exemplo, segundo observações do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), os menores índices de umidade relativa do ar foram registrados nos municípios de Zé Doca (38%), Caxias (67%) e São Luís (69%). Ambos os municípios registram umidade relativa do ar acima do aceitável. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), índices de umidade relativa do ar entre 20% e 30% caracterizam estado de atenção; quando a umidade está entre 12 e 20%, é considerado estado de alerta; e o estado de emergência é caracterizado por índices de umidade relativa do ar inferior aos 12%.

O secretário-executivo da Defesa Civil, coronel Carlos Robério dos Santos, esclarece que algumas medidas já foram tomadas pelo órgão. "Nós temos municípios em que 80% da lavoura foi perdida. Nós estamos com nossos técnicos na área, fazendo total levantamento e as informações estão sendo processadas. Alguns prefeitos já decretaram a situação de emergência para que as medidas emergenciais possam ser tomadas", afirmou em entrevista ao Imirante na manhã desta terça-feira.

"O prefeito determina que a coordenadoria municipal faça o levantamento, o estudo e faça um relatório. Esse relatório dá fundamentação para que o prefeito possa decretar a situação de emergência", explica.

Poucas chuvas

O chefe do Laboratório de Meteorologia (Labmet) da Universidade Estadual do Maranhão (Uema), meteorologista Gunter de Azevedo Reschke explica que o baixo índice pluviométrico foi causado pelo posicionamento da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) – área de ventos convergentes nos hemisférios Norte e Sul, geralmente, localizada a 10 graus entre o norte e o sul da linha do Equador, que favorece a formação de chuvas na região centro-norte do Estado no primeiro semestre. Segundo o Labmet, de janeiro a maio, os índices de chuva nessa região ficaram, aproximadamente, 54% abaixo do que era esperado para o período.

"É um índice muito alto, uma deficiência muito significativa. Agora, tudo favorece a perda d’água, por meio da evaporação e transpiração (como é chamada a evaporação do corpo d’água nas plantas). Isso prejudica o turismo no Estado, como é o caso dos Lençóis Maranhenses. Outro fator é a questão dos focos de queimadas, que deverão se espalhar com maior facilidade. A Baixada Maranhense , também, será prejudicada, podendo haver perda de rebanhos, de búfalo e gado. E a própria capital, por causa do abastecimento d’água. Para a agricultura familiar, o momento está sendo péssimo", disse.

Aliado à estiagem, o período chuvoso, também, favorece, por enquanto, a formação de chuvas rápidas e de forte intensidade. "Nós ainda estamos no período chuvoso. Agora, vai haver maior influência de um sistema chamado ‘Ondas de Leste’, um distúrbio que vem desde a África, provocando perturbações atmosféricas e favorece a convecção e as chuvas de pancadas, típicas daqui, de formação rápida, descargas atmosféricas e chuvas fortes. O que contribui muito pouco", esclarece.

O posicionamento, segundo o meteorologista, pode ter contribuído para a cheia do Rio Negro, na região Amazônica, que alcançou, neste mês, o maior nível já registrado na história: 29,79 metros. Mais de 40 municípios do Estado do Amazonas estão em situação de emergência.

"Operação Carro Pipa"

Neste ano, 476 municípios do Nordeste receberam água de cerca de 2.600 caminhões-pipa por meio da "Operação Carro-Pipa", uma ação dos ministérios da Integração Nacional e da Defesa que conta com recursos de R$ 164 milhões para levar água para o semiárido da região.

Segundo o secretário-executivo da Defesa Civil, no Maranhão, a operação se restringe, ainda, à capital. Conforme as prefeituras solicitem, a operação pode ser estendida a outras regiões do Estado.

Orientações e cuidados necessários

Segundo o Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura (Cepagri), da Universidade de Campinas (Unicamp), no período de tempo seco, a população deve seguir as seguintes recomendações:

No estado de atenção – umidade relativa do ar entre 20% e 30%

– Evitar exercícios físicos ao ar livre entre 11h e 15h;

– Umidificar o ambiente através de vaporizadores, toalhas molhadas, recipientes com água, molhamento de jardins, etc.;

– Sempre que possível permanecer em locais protegidos do sol, em áreas vegetadas, etc.;

– Consumir água à vontade.

Estado de alerta – umidade relativa do ar entre 12% e 20%

– Observar as recomendações do estado de atenção;

– Suprimir exercícios físicos e trabalhos ao ar livre entre 10h e 16h;

– Evitar aglomerações em ambientes fechados;

– Usar soro fisiológico para olhos e narinas.

Estado de emergência – unidade relativa do ar abaixo de 12%

– Observar as recomendações para os estados de atenção e de alerta;

– Determinar a interrupção de qualquer atividade ao ar livre entre 10h e 16h, como aulas de educação física, coleta de lixo, entrega de correspondência, etc.;

– Determinar a suspensão de atividades que exijam aglomerações de pessoas em recintos fechados como aulas, cinemas, etc., entre 10h e 16h;

– Durante as tardes, manter com umidade os ambientes internos, principalmente quarto de crianças, hospitais, etc.

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