SÃO LUÍS - O parlamentar, cineasta, escritor, ativista cultural é, agora, imortal. Nas proximidades de seu 50º aniversário, o deputado estadual Joaquim Nagib Haickel, eleito membro da Academia Maranhense de Letras, ocupará a cadeira nº 37 da Casa, cujo patrono foi Inácio Xavier de Oliveira, anteriormente ocupada pelo poeta Nascimento Morais Filho. O mais novo imortal será empossado hoje, às 20h, na ilustre casa de Antônio Lobo (AML - Rua da Paz, Centro), em cerimônia na qual deverão estar presentes todos os seus 38 membros.

A vida literária multifacetada do acadêmico iniciou-se ainda na década de 1970 quando se propôs a escrever as primeiras páginas de “Confissões de uma caneta”, seu livro de estréia. A obra foi lançada cinco anos mais tarde, depois da coleção de contos ter sido premiada no concurso literário Cidade de São Luís. Em 1981, o escritor emendou “O Quinto Cavaleiro”, sua primeira experiência com poemas e daí em diante foi crescente sua produção.

Mas foi com a Revista Guarnicê, editada entre os anos de 1983 e 1986, que Haickel atingiu maior projeção no cenário artístico maranhense. Ao lado de alguns companheiros de luta em prol do movimento de difusão cultural, lançou, em 1984, “Antologia Poética Guarnicê”. Em 1985, foi a vez da “Antologia Erótica Guarnicê” e um ano depois, ele apresentou o livro de contos “Clara Cor de Rosa”.

A literatura de Joaquim Haickel, por assim dizer, tem propensão audiovisual, já que seus textos, segundo o próprio autor, figuram como uma narrativa cinematográfica. A idéia muito se deve à sua dislexia, que por um tempo limitou suas atividades, mas depois foi sendo superada. “Tenho um processo de produção textual diferente. Sou eminentemente audiovisual. O que falo é mais contundente do que as coisas que leio. Considero minhas crônicas diálogos com as pessoas ao meu redor. Construo meus texto a partir do que presencio”, diz o escritor.

Essa propensão audiovisual o levou a enveredar pelo cenário da sétima arte e uma história no mínimo inusitada marca sua investida nesse campo. Após participar da oficina ministrada pelo escritor gaúcho Caio Fernando Abreu, expoente literário de sua geração, que veio a São Luís falar para jovens poetas, escritores, jornalistas e universitários maranhenses um pouco de sua experiência com a literatura, Haickel entregou às mãos do palestrante o conto “de David Linch”, “Pelo Ouvido”, para que fosse lido em uma roda de leitura. De imediato, todos, perceberam a beleza do texto e o convidado gaúcho notou que os tons cinematográficos saltavam daquela narrativa. E é aí que reside o inusitado. O texto não era do famoso diretor de “Veludo Azul”, “Coração Selvagem” e “Twin Peaks”, mas sim do próprio Joaquim.

O roteirista, escritor José Louzeiro, também membro da AML, receberá o mais novo confrade na cerimônia de posse.

Serviço

•O quê:

Posse do acadêmico Joaquim Haickel, na Academia Maranhense de Letras

•Quando

Hoje, às 20h

•Onde

Academia Maranhense de Letras, Rua da Paz, Centro.

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