Moradores de Alcântara discutem o desenvolvimento do Centro de Lançamento

Ernesto Batista, de O Estado do Maranhão

Atualizada em 27/03/2022 às 15h27

Alcântara - O Fórum do Programa de Desenvolvimento Local Integrado Sustentável (DLIS) de Alcântara discutiu ontem com o comando do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA) e a direção geral da Agência Espacial Brasileira (AEB) os rumos e os impactos que o desenvolvimento do CLA poderá ter sobre o município.

A visita foi planejada para estreitar o relacionamento entre a direção do CLA e o Fórum - um programa desenvolvido pela AEB em conjunto com a Organização das Nações Unidas (ONU). Durante a visita os técnicos do Centro participaram de um exercício de treinamento para os lançamentos que acontecerão no final do mês.

As principais discussões giraram em torno dos acordos de salva-guardas tecnológicas que foram assinados com a Ucrânia e com os Estados Unidos, da comercialização dos serviços de lançamento no CLA, do processo de titularização da terra das famílias deslocadas durante o processo de instalação do Centro e a possibilidade de haver novas desapropriações. “A idéia é fazer a comunidade de Alcântara se integrar ao CLA e o CLA se integrar à comunidade”, afirmou Luís Carlos Orleans e Bragança, membro da comissão executiva do Fórum.

Na avaliação do diretor nacional do DLIS Alcântara, Yu Chi Au, a visita e as discussões de ontem serviram para abrir uma importante linha de comunicação. “Foi um encontro que abriu um canal de diálogo muito importante entre a população, a AEB e o CLA. Foi uma conversa que serviu para esclarecer vários pontos sobre o programa e os anseios da população de Alcântara”, explicou.

Visita - O dia começou com duas palestras sobre as atribuições e missões do CLA e da AEB, quando foram explicados aspectos sobre o papel que o CLA exerce dentro do Programa Nacional de Atividades Espaciais (PNAE). “Estamos na ponta do processo. Temos a missão de executar missões de lançamento.

Nós não fazemos política, fazemos o que é decidido em Brasília. A AEB define a política Nacional de Desenvolvimento de Atividades Espaciais e acerta com o Comando da Aeronáutica (Comaer) os procedimentos que iremos adotar”, explicou o coronel Jorge Pajés, diretor do CLA.

Já o diretor-geral da AEB explicou o projeto de negócios entre o CLA e a Ucrânia, e disse como foi costurado o Acordo de Salvaguardas Tecnológicas com os Estados Unidos e explicou o andamento do PNAE.

“O programa espacial está pautado na preparação de uma Missão Espacial Completamente Brasileira (Mecb), ou seja, para que utilizemos um satélite, um veículo lançador e um Centro de Lançamento totalmente nacionais. Hoje estamos produzindo satélites e temos o CLA, mas ainda não conseguimos desenvolver um veículo lançador”, explicou o diretor-geral da AEB, Daniel Borges.

Discussão – Logo depois do almoço, os membros do DLIS participaram de um debate com Jorge Pajés e com Daniel Borges sobre titulação de terras para os trabalhadores rurais, que garantirá a possibilidade de financiamento para o desenvolvimento de agricultura familiar.

“Esse é um dos grandes entraves para o desenvolvimento local. Não conseguimos financiamento junto aos programas do Governo Federal de apoio à agricultura familiar porque os títulos ainda não existem. Não há como pensar Alcântara dissociada do CLA e vice-versa”, explicou Orleans e Bragança.

Segundo o diretor do CLA, providências estão sendo tomadas, mas o caso já está na Advocacia Geral da União (AGU). “A nossa maior dificuldade é encontrar as pessoas para pagar a indenização pelos locais desapropriados e dar prosseguimento ao processo de titularização”, explicou o coronel Pajés.

No final da reunião ficou decidido que o Fórum DLIS e a direção do CLA vão trabalhar juntos para tentar identificar as famílias que ainda têm direito as indenizações e não foram localizadas.

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