Artigo

O fascínio de voar

Luiz Thadeu Nunes e Silva *

Atualizada em 11/10/2022 às 12h15

Desde que Homo sapiens deixou a África e saiu a andar pela face da terra, ganhou o mundo, não parou mais. Não havia, então, postos de fronteira, fossos, muros, passaportes. O ser humano circulava como ainda hoje fazem as outras espécies.

Somos seres nômades, circulamos por todos os cantos do mundo. Com o mundo todos conectado e interligado, com o aparecimento do coronavírus, em Wuhan, na China, facilmente o flagelo se espalhou pelo planeta, matando e dizimando vidas, aniquilando economias, freando a circulação de pessoas pelo mundo.

Estava em périplo pela Europa, em março de 2020, quando eclodiu a letal doença que a OMS classificou como pandemia, nominado de Covi-19. Embarquei de Amsterdã, última etapa da viagem, desembarquei em Fortaleza, logo as fronteiras dos países se fecharam. Algo impensável, mundo assistia algo inusitado.

Pela primeira vez em muito anos passei tanto tempo em casa, sem poder viajar, sem entrar em uma aeronave e descer em um lugar distante.

Após dezoito meses sem sair da Ilha do Amor, embarquei na semana passada para viagem de uma semana nas belas Salvador e Aracaju. Viajei para entrevistas e palestras, fui matéria nos principais jornais e TVs dessas capitais nordestinas.

Muita coisa mudou desde que viajei pela última vez. As coisas estão mais organizadas. Não tem mais a correria do embarque e principalmente do desembarque. As pessoas, todas com máscaras, são chamadas pelos acentos, e desembarcam pela sequência de acentos, sem os atropelos de antes.

Presenciei voos, que era só a aeronave taxiar a pista, para os passageiros se livrarem do cinto de segurança, levantar, quase que atropelando uns aos outros, descerem em disparada. E, isso não só no Brasil, também em voos internacionais. Embarquei em Minsk, Belarus, e desci em Tel Aviv, Israel, em uma madrugada de outubro de 2018, e por pouco não fui atropelado por passageiros apressados.

Outra coisa que mudou: não servem mais alimentos nos voos, determinação da Anvisa, apenas água em copos fechados e descartáveis. Não tem mais revistas de bordos nos bolsões à frente das poltronas. No voo de ida, perguntei se tinha revista de bordo, e o comissário me trouxe uma envolta em plástico.

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Com a pandemia, as mudanças vieram para ficar; as companhias aéreas aproveitam para cortar custos, e assim economizar.

Sou do tempo áureo da aviação, o Brasil já teve uma das melhores companhias aéreas do mundo, VARIG, que sucumbiu à má gestão e ingestão política.

Os mais velhos se lembrarão de como era um luxo voar nas asas da VARIG, VARIG, VARIG. Serviço de bordo de primeira, jornais do dia distribuídos gratuitamente.

Sou do tempo das “aeromoças”, hoje comissárias e comissários de bordo.

Mesmos com todas as restrições, e somente com copos d’água ainda é fascinante voar. Maravilhoso se acomodar no acento, afivelar os cintos, desembarcar do outro lado. Que nunca nos falte bons voos, em céu de brigadeiro.


* Eng. Agrônomo, Palestrante, cronista e viajante: o sul-americano mais viajado do mundo com mobilidade reduzida, visitou 143 países em todos os continentes

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