O povo de São Luís pode viver de vento?
A defesa do vento, acreditem, é o maior obstáculo para uma revolução civil na capital maranhense.
Há em São Luís gente que defende que a população viva do vento. Não é figura de linguagem! Sim, eles existem! Um batalhão de ecoguerreiros, armados até os dentes com slogans repetitivos e superficiais sobre o clima, sobre a necessidade de manter o vento circulando pela ilha. Um grupo pequeno, mas muito eficiente na construção de uma guerra inútil contra a construção de prédios maiores que 15 andares. Pior: estão ganhando a guerra por WO.
Para esses militantes da ventania, cada novo andar em um prédio erguido em nossa São Luís é um pecado capital contra a humanidade e contra as correntes de ar. Supostamente condenando a ilha a um apocalipse de calor e das “mudanças climáticas”. Sempre elas lá enchendo o saco. Os ecochatos pintam um quadro onde o progresso é o vilão e a brisa, a heroína. Acreditam que a população pode pagar contas e sustentar famílias com o vento.
E os prédios? Os prédios podem abrigar escritórios, gerar empregos e fomentar a economia. Já a brisa suave, embora refrescante, nunca colocou comida em nenhuma mesa. Alegoricamente, é como se São Luís tivesse que escolher entre ser uma metrópole vibrante de arranha-céus ou uma vasta rede de cata-ventos decorativos. Bonitos no Instagram, mas inúteis na vida real.
Os inimigos dos prédios mais altos se escondem atrás do "debate". “Veja só, temos que debater”. E assim, eles ganham o… debate. Propondo uma discussão infinita que mantenha tudo como está, eles vencem.
O fato é que não há nada para debater quando o óbvio está tão claro quanto o nariz no meio de nossos rostos! Não gastamos nosso tempo debatendo se o sol ilumina o dia ou se a água é molhada, então por que perderíamos tempo questionando a necessidade de desenvolvimento urbano em São Luís puxado por construção civil?
Invocar um debate sobre a viabilidade de construções maiores é como questionar se o mar é realmente salgado. Não há debate aqui, apenas a clara necessidade de ser racional e de avançar com sensatez na construção civil.
Estamos tratando da saúde econômica de uma cidade inteira, não de uma escolha entre sabores de sorvete. O verdadeiro questionamento não é se devemos permitir prédios mais altos, mas como podemos fazer isso de maneira que maximize benefícios e minimize danos. Vamos deixar a retórica alarmante de lado e focar na engenharia do possível.
Vejamos os fatos: um prédio de 50 andares é uma colmeia de atividade humana, empregando centenas, desde pedreiros a engenheiros, de vigilantes a serventes, de eletricistas a encanadores, de arquitetos a designers de interiores, de ascensoristas a seguranças.
A construção de um gigante desses não é apenas um projeto, é praticamente um ato de fé no futuro, um festival de geração de emprego e renda que poderia beneficiar a cidade inteira. Mas não, dizem os guardiões dos ventos, o que São Luís realmente precisa é de brisa, não de empregos. Afinal, quem precisa de dinheiro quando se pode ter um ventinho para refrescar o suor da miséria?
São Luís está jogando em uma liga menor quando se trata de arranha-céus, especialmente se compararmos com a grande dama, Manhattan. Uma fatia apertada de concreto com menos de 60 mil km², que ergue orgulhosamente mais de 500 titãs de aço e vidro ao céu, enquanto São Luís, com seus mais de 800 mil km² de espaço, hesita em subir acima de 15 andares.
Um caso clássico de "complexo de vira-lata", onde olhamos para nossos próprios pés em vez de sonhar com as estrelas. Enquanto Manhattan vive no século XXI, construindo para o céu, São Luís parece contente em cavar na areia da praia, construindo castelos que temem a própria sombra.
Quando aprenderemos que para jogar no campeonato mundial das cidades, precisamos de mais do que ventania? Precisamos de coragem para alcançar as alturas que nossa geografia e nossa economia permitem e merecem.
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Até mesmo a questão do acesso às moradias pode ser facilitada com uma revolução vertical em São Luís. A construção de prédios mais altos e modernos não é apenas uma injeção de novidade em algumas áreas, mas um potencial equilibrador de valores que poderia transformar o sonho da moradia própria em realidade para muitos.
Cada construção de novo arranha-céu é como o plantio de uma árvore frutífera em um jardim já repleto de plantas antigas e estéreis. À medida que essas novas torres se erguem, carregadas de unidades habitacionais modernas e eficientes, elas naturalmente exercem uma pressão descendente sobre os preços dos prédios mais antigos.
Este pêndulo pode desencadear uma espécie de democratização do acesso à moradia, tornando os apartamentos antigos mais acessíveis, como se a árvore recém-plantada não apenas florescesse, mas incentivasse o florescimento de todas ao redor. Assim, um bem – o prédio novo e alto – traz consigo uma cascata de bens, abrindo as portas para que mais famílias possam adquirir um lar sem devastar suas finanças.
Imagine transformar a região do São Francisco na Times Square de São Luís? Da cabeceira da ponte até o retorno na Avenida Colares Moreira, poderíamos ter prédios de 50 andares. Cada um, um ícone de modernidade. Cada um, um voto de confiança no potencial da cidade. Hotéis com vistas de 360º da cidade presenteando turistas com a vista maravilhosa e contrastante da arquitetura moderna e da tradição arquitetônica.
Tudo separado apenas pela Bahia de São Marcos. Um símbolo de uma São Luís que preserva seu passado com orgulho e se lança para o futuro sem medo.
Por cerca de 10 quilômetros, a Avenida Litorânea se desenrola como um tapete convidativo para o desenvolvimento. No trecho próximo ao prolongamento feito pelo ex-governador Flávio Dino no Olho D'Água, grandes prédios poderiam erguer-se. Um pequeno trecho, já no fim. Pouco menos de 500 metros.
Aquele trecho do Olho D’Água é repleto de casas que tomam quarteirões inteiros. A distância das áreas construídas para a areia da praia também é a maior da Avenida Litorânea, o que impediria a sensação de “paredão”.
É óbvio que bastava a Câmara de Vereadores de São Luís para resolver o problema. Contudo, a inteligência parece ter tirado longas férias por aquelas bandas. Bastaria apenas o legislativo para resolver a inglória Lei de Zoneamento de São Luís, uma relíquia tão desatualizada que poderia estar em um museu, ao lado de fósseis e pedras lascadas. Esta lei, que resiste à passagem do tempo com uma obstinação digna de um faraó, impede nossa cidade de alcançar as alturas literal e figurativamente.
Uma simples atualização na lei, desamarraria todas as amarras que seguram São Luís no atraso.
Os prédios altos não são o monstro debaixo da cama que vai engolir a brisa e cuspir concreto; são, na verdade, gigantes benevolentes que poderiam abraçar o céu e trazer prosperidade. Mas, aparentemente, essa é uma verdade muito alta para as cabecinhas pensantes de nossa Câmara, que preferem jogar no seguro do conhecido, mesmo que o conhecido seja um ciclo interminável de oportunidades perdidas e crescimento estagnado.
Cada prédio baixo que erguemos, as novas construções que mal arranham o céu são medalha de bronze na olimpíada da mediocridade. Atestados de pequenez, onde a grande visão é trocada pela grande satisfação em manter tudo exatamente como está: pequeno, baixo e insignificante.
Ao final, aos defensores dos ventos, só posso oferecer meu lamento. Não é por mal que defendem suas ideias, eles realmente acreditam que São Luís pode sobreviver alimentada apenas por brisas. Mas o destino de uma cidade inteira não pode ser deixado nas mãos de quem vê no progresso um inimigo. São Luís precisa de mais do que vento para prosperar; precisa de concreto, de trabalho, de investimento. Precisa de arranha-céus que tragam vida, dinâmica e, sim, até sombra – porque, às vezes, a sombra é onde encontramos refúgio do sol escaldante da inércia.
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