COLUNA
Dr Hugo Djalma
Médico nutrólogo e neurocientista
Dr Hugo Djalma

Para onde você está indo: Sobreviver x ser feliz (Parte 1)

O guia da sua sobrevivência é a sua veracidade perceptiva.

Dr Hugo Djalma

O guia da sua sobrevivência é a sua veracidade perceptiva. Tudo aquilo que você percebe, sendo real ou imaginário, verídico ou falso, pequeno ou grande, será a matéria prima de seus significados e, portanto, levará à suas decisões e suas irrevogáveis consequências.

Seus passos sempre irão em direção à própria sobrevivência. Tudo que você pensa, testa na mente, simula, decide o que fala, acredita ou tenta prever é calculado para favorecer a sua vida. E isso não é uma opção. A forma como uma via pública foi feita, uma nova norma de condomínio, as questões de uma prova que você acertou ou errou ou simplesmente o jantar de hoje; toda sua opinião será construída baseando-se em como aquilo afeta suas crenças e sua vida.

Segundo a psicologia analítica, a imensidão psíquica humana é, em menor parte, do universo consciente. Sua vasta existência pertence à inconsciencia. Por isso quase tudo que você faz não é plenamente resultado de um comando cortical frontal voluntário. Certamente seu comportamento encontra pesos e medidas de questões religiosas, culturais, familiares ou porque seu professor de esquerda disse que ricos são o mal da sociedade e que não devemos respeitar um chefe de família patriarcal.

Apesar de sermos os animais com mais complexidade mental na terra, o que nos fez e faz sobrevivermos não difere tanto dos atributos de outros mamíferos. Suas emoções primárias como alegria, tristeza, raiva, medo e surpresa também estão nos cachorrinhos. 

O problema foi a confusão de tristeza como algo negativo (de esforço como sofrimento) e o surgimento da ditadura dos anestésicos emocionais, onde o homem “precisa” de remédio para a dor do miudinho esquerdo ou para a ansiedade antes de uma prova de matemática. Idealizamos para este mundo um concorrente da real finalidade da existência: sobreviver e deixar filhos férteis. O que deveria ser para manter-se vivo e com proles em segurança, hoje tem uma meta ilusória: “ser feliz”. A busca eterna da felicidade.

Então o mundo virou de cabeça para baixo. Nas últimas 3 décadas você, mesmo que não aceite, foi fortemente influenciado pelas “forças” coletivas externas e pelo marketing social bombardeando sua mente do que é certo e errado. O que outrora era comum hoje é absurdo. O inverso também acontece. Experimente matar um passarinho (o que era troféu entre os coleguinhas) e verá que até mesmo você se acha cruel. Sim, isso não era “crime” nos anos 80.

E isso coincidiu temporalmente com o surgimento da rede social: o sistema nervoso das comunicações. Foram unificados e ditados valores e reprovações em velocidades e parâmetros não adaptados aos sapiens. O que acontecia no bairro vizinho chegava aos nossos ouvidos dias depois; hoje as guerras pelo mundo afora e a vida perfeita da blogueira empoderada são informações recebidas em segundos e em qualquer parte do planeta.

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No “modo ideal da vida atual” é clichê ouvir alguém falar sobre os pilares da felicidade: vida social, profissional, esportiva, alimentacao, sono e familiar. Mais uma receita de bolo a pertencimentos insondáveis. 

O direito pelo que você acha que merece tornou-se ditadura. -eu tenho que ser feliz e não aceito nada nem ninguém que atrapalhe! A maioria calada pelos “cavaleiros da bondade e tolerância absoluta” que não toleram opiniões contrárias.

O mundo tenta se guiar pelo teatro do consciente coletivo e quem tiver mais habilidade em dançar a música, mais ditará as regras da vida justiça social. 

E tratando-se de guia de sobrevivência algo jamais pode lhe faltar: sua direção!! 

Por isso você provavelmente sentirá um vazio, mesmo que por segundos, quando se deparar com uma pergunta: você realmente sabe para onde está indo?

 

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